RJ – Indígenas aceitam desocupar prédio do antigo Museu do Índio, diz deputado

Segundo Marcelo Freixo, eles devem seguir para terreno em Jacarepaguá

Jadson Marques / R7

Do R7

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Marcelo Freixo, informou por volta das 11h desta sexta-feira (22) que os indígenas que ocupam o antigo prédio do Museu do Índio, no Maracanã, zona norte, decidiram aceitar seguir para Jacarepaguá, zona oeste. No local, funcionava o antigo hospital Curupaiti. Os índios exigiram que o acordo fosse formalizado antes de deixarem o local. Ainda de acordo com Marcelo Freixo, os indígenas serão levados para o novo terreno em um ônibus, que deve chegar ainda pela manhã.

Apesar de a ação de reintegração de posse estar se encaminhando para um fim pacífico, segundo o parlamentar, simpatizantes dos índios que foram para a avenida Radial Oeste, ainda provocavam tumulto. Uma delas resolveu tirar a blusa e se jogar na frente de um carro que passava pela via. A manifestante acabou detida por policiais do BPChq (Batalhão de Choque), que chegaram à área ainda durante a madrugada. Ao menos outras três pessoas foram presas durante a ação. Nenhuma delas era indígena.

O tumulto na região começou ainda durante a madrugada. Com a perspectiva de aproximação do despejo, um grupo de manifestantes fechou a avenida Radial Oeste, uma das principais ligações da zona norte ao centro do Rio de Janeiro. Para liberar a via, a polícia chegou a usar bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta. Pela manhã, o policiamento foi reforçado com mais homens e com um veículo blindado da PM. Representantes do Governo do Estado tentavam negociar uma desocupação pacífica, mas os índios pareciam não aceitar os argumentos dos funcionários.

O cerco ao local provocou um enorme congestionamento na avenida Radial Oeste. O trânsito foi interditado várias vezes nas proximidades do local da ocupação. Os opções para quem queria evitar o local eram: seguir para avenida Visconde de Niterói, na Mangueira;  ou seguir pela avenida São Francisco Xavier e retomar a avenida Radial Oeste pela avenida Maracanã, já depois do prédio do Museu do Índio.

Pelo projeto original, o prédio seria demolido para facilitar o escoamento do público do Maracanã durante a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. No entanto, após a resistência dos índios e críticas até do Governo Federal, o Governo do Rio de Janeiro mudou de ideia e decidiu criar no local o Museu Olímpico.

Última proposta

O secretário estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, fez na tarde de quinta-feira (21) nova proposta para que os 22 índios de sete etnias que permanecem no prédio do antigo Museu do Índio, no Maracanã (zona norte do Rio), deixem o local sem a necessidade de serem retirados à força em possível reintegração de posse.

Segundo Teixeira, com a recusa por parte dos índios de irem para o hotel Santana, no centro do Rio, a secretaria estudou outros lugares para a hospedagem temporária dos índios. Foram oferecidos três novos lugares para a permanência do grupo: em Jacarepaguá (zona oeste), onde ficava o Hospital Curutaiti; o abrigo Cristo Redentor, em São Gonçalo (região metropolitana), e o barracão da Odebrecht, em Bonsucesso (zona norte).

— A nossa proposta de hoje é a nossa última proposta. É uma intimação. Caso não seja aceita, o oficial de justiça cumprirá o dever dele e irá retirá-los de lá.

Em um ano e meio, a secretaria estima que o Centro de Referência Indígena seja construído na Quinta da Boa Vista (zona norte), onde hoje existe um galpão. A secretaria informou que o grupo poderá participar e opinar sobre a criação deste centro – os 22 índios morariam lá e haveria ainda um espaço para hospedagem de índios em passagem pelo Rio.

Por volta das 17h30, quatro índios e o defensor público Daniel Macedo se reuniram com o secretário. Após duas horas de reunião, os indígenas deixaram a sala sem uma definição sobre o futuro dos moradores do antigo museu do índio. Segundo o indígena Micael de Oliveira, a decisão é uma corrida contra o tempo.

— A gente vai levar a proposta para os nossos familiares da aldeia. Agora é uma luta contra o tempo. Vamos decidir o que fazer nesta madrugada.

Barricada

Os indígenas e estudantes que ocupam o prédio do antigo Museu do Índio, montaram nesta quinta barricadas nos portões de entrada do terreno para impedir a entrada de agentes em caso de cumprimento da reintegração de posse do terreno. O prazo determinado pela Justiça Federal para desocupação do terreno terminou às 23h59 de quarta-feira (20). De acordo com Afonso Apurinã, chefe do acampamento, cerca de 40 pessoas estavam no local.

http://noticias.r7.com/rio-de-janeiro/noticias/indigenas-aceitam-desocupar-predio-do-antigo-museu-do-indio-diz-deputado-20130322.html

Comments (2)

  1. Fizeram bem em tirar eles de lá. A maioria era índio de araque, parecia personagem da Zorra Total. É lance de partido emergente encastelado na UERJ e outras universidades públicas, que trouxeram os caras de ônibus e avião lá do centro-oeste pra fazer esse teatro contra a Copa. É apenas isso – por isso as pessoas arriscam suas vidas e fazem a polícia trabalhar dobrado, em vez de se dedicar ao combate a crimes mais sérios.

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