Quando a Amazônia adentra o mundo árabe

Nathalia Clark

Liderança feminina do povo indígena Guajajara, Sonia viajou mais de 10 mil quilômetros de Imperatriz, no Maranhão, até Doha, no Qatar, para acompanhar as negociações da 18a Convenção da ONU sobre Mudança do Clima, a COP-18. Vice-presidente da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), ela representa um pedaço importante do Brasil nessa festa de culturas que é o centro de conferência.

Vestindo cocar Kayapó e artesanato Guajajara, Sonia reflete a mistura de etnias que forma o povo brasileiro. Ela viaja o mundo levando a voz dos povos indígenas, e acompanha as questões climáticas desde Copenhagen, em 2009. Em meio às companheiras muçulmanas, ela veio passar a mensagem de que os indígenas e seus territórios precisam ser respeitados, e que fazendo isso nós já ajudamos a cuidar do equilíbrio do clima.

No Brasil, o movimento indígena sofre fortes ataques por parte do Congresso Nacional, majoritariamente conservador e tomado por grandes representantes do agronegócio. Os mais de 230 povos indígenas do Brasil hoje somam, segundo o Censo do IBGE de 2010, 896.917 pessoas. Dentre suas muitas diferenças, eles se juntam para lutar por seu direito já adquirido, mas constantemente ameaçado por medidas de um governo que só pensa no crescimento econômico sem olhar para suas populações mais tradicionais.

O que isso tem a ver com mudanças climáticas? Sonia explica.

“Dizem que essas são coisas isoladas, mas se não temos garantia do nosso território, demarcado, protegido, se não temos condições para fazer a gestão desses territórios de modo sustentável, de nada adianta discutir propostas para reduzir as queimadas, o desmatamento ou as mudanças no clima. Todas essas políticas devem primar primeiro pelos direitos indígenas e humanos. Sem terra, os povos indígenas não conseguem sobreviver ou resistir. A terra para nós é muito mais do que um bem. É sagrada e considerada como nossa Mãe. E para nós, mãe não se vende, não se destrói. Mãe se cuida, se preserva, se respeita”, concluiu.

Nesse vídeo, ela nos explica o que veio fazer em Doha e como os povos indígenas se inserem no contexto das negociações.

http://adoptanegotiator.org/2012/11/30/quando-a-amazonia-conhece-o-mundo-arabe/

Enviada por Antonio Aranã Guarany Kaiowá.

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