Lideranças indígenas alertam para conflito iminente

Levantamento apresentado por lideranças indica que mais de 2 mil indígenas estão desaldeados em Dourados (Foto : Hédio Fazan/OPROGRESSO)

Valéria Araújo, Do Progresso

A Reserva Indígena de Dourados é uma bomba-relógio pronta para explodir. A afirmação é do vereador eleito Aguilera de Souza, que pretende se reunir com a comitiva da Presidência da República que chega hoje em Mato Grosso do Sul para discutir a questão da demarcação de terras no Estado. O grupo fará audiência na Assembleia e visitas em áreas de conflito. Dourados está na programação.

De acordo com o vereador eleito, Dourados já tem cerca de 2 mil indígenas desaldeados, que estão agrupados em cinco acampamentos espalhados por Dourados. “Esses indígenas sofrem constantemente com as ameaças que chegam dos proprietários da terra e, se nada for feito com urgência, a cidade poderá ser palco de conflitos a exemplo do que já acontece em outros municípios do interior”, destaca.

Conforme ele, os acampamentos são resultados do “inchaço” na Reserva de Dourados que tem 1,3 mil indígenas que vivem em 3,6 mil hectares. “Estamos sufocados pela falta de espaço na Reserva. Além disso, com a família crescendo dia após dia, quem não tem dinheiro para comprar a terra do vizinho por exemplo, não consegue plantar. Isso incentiva os acampamentos em novas áreas ocupadas. Por ano, nascem na reserva mais de 500 crianças o que gera uma população cada vez maior e num pequeno espaço de terra”, destaca.

O vereador eleito conta que sem saneamento básico, rede de água e pouca assistência, a violência é cada vez mais presente nas comunidades. “Queremos evitar os conflitos, porém, é preciso uma intervenção urgente dos nossos governantes e uma das nossas propostas é a defesa da indenização dos produtores rurais em terras indígenas comprovadas”, sugere.

Membro do Comitê Regional da Funai, Denez da Silva Figueiredo, diz que já existe uma lei estadual que criou o Fundo de Indenização dos Produtores, mas que ele precisa começar a receber as verbas federais para funcionar. “Outra preocupação é com a morosidade do judiciário em se definir as áreas indígenas. Para se ter uma ideia, há processos tramitando a mais de 10 anos no STF”, lamenta.

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