Agência Estado
Após 14 anos, a morte do sem-terra Sebastião Camargo, de 65 anos em Marilena, no noroeste do Paraná, teve os seus dois primeiros réus condenados. Em julgamento que durou cerca de 17 horas, no Tribunal de Júri de Curitiba, o juiz da 2ª Vara Privativa, Daniel Ribeiro Surdi de Avelar, condenou o dono da Fazenda Boa Sorte, Teissin Tina, a seis anos de prisão, por homicídio simples, e Osnir Sanches por 14 anos de cadeia por homicídio qualificado. Sanches integrava uma milícia particular dos fazendeiros da região.
A forma como o crime foi praticado, além da demora no julgamento levou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos a responsabilizar o Brasil pelo crime, em 2011, após ler relatórios e detalhamentos da operação que envolveu cerca de 30 jagunços que fizeram despejos ilegais de sem-terra na região noroeste.
Segundo relatos da Organização Terra de Direitos, no dia 7 de fevereiro de 1998, um grupo de 30 pistoleiros vestidos de preto obrigaram 70 famílias a deitar com o rosto voltado para o chão. Nesse instante, Sebastião ficou impedido por causa de seu problema e foi executado.
Os quatro envolvidos na morte de Sebastião integravam um grupo que à época era financiado, conforme denúncias de organizações de direitos humanos, pela UDR e têm ligações com as mortes dos sem-terra Sétimo Garibaldi (1998), Sebastião Maia (1999), Eduardo Anghinoni (1999) e Elias Meura (2004).