Nota da Liga dos Camponeses Pobres (LCP)
Manga, 23 de novembro de 2012.
Ataque covarde de pistoleiros contra famílias que ocupavam a Fazenda Beirada
Criminosos!
Cabral e seu bando de pistoleiros atacaram as famílias camponesas que ocuparam a Beirada na noite do dia 22 de novembro.
Canalhas!
Cabral foi até a ocupação com sua caminhonete, disse ser o “dono” da Beirada e ameaçou as famílias.
Os pistoleiros foram reconhecidos pelos camponeses e são velhos conhecidos do povo de Manga: Frederico Alencar, Ulisses Alencar, Guilherme (funcionário da fazenda), Arnaldo (de Três Rios), Adalto (funcionário da Didimag), Afonso (da Boa Vista), Dico (da Boa Vista), Marcos (da Nova Brasília), Bira e Fábio (procurados por latrocínio no posto de combustíveis Ypiranga em Manga), Isaías, Rogério Cabral, Toinzinho (da Nova Brasília). Todos armados pelo latifúndio para manter as terras da Beirada no atraso, completamente improdutivas, e o povo na miséria.
Covardes!
Na madrugada do dia 22, os pistoleiros atacaram as famílias que estavam acampadas em um galpão da Beirada. Atiraram, jogaram bombas, colocaram fogo nos pertences das famílias. Esses covardes atiraram contra crianças, invadiram e incendiaram os cômodos onde dormiam. Chamaram os camponeses de porcos, ameaçaram de morte.
Há vários dias os pistoleiros, cães de guarda do Cabral, já vinham ameaçando membros da Liga dos Camponeses Pobres em Manga. Telefonaram para companheiros e fizeram ameaças, foram até a sede da Liga para tentar intimidar as famílias que lutam pelas terras da Beirada.
Todos estão carecas de saber que esse bando de pistoleiros tem armas de grosso calibre e que já rondavam a Beirada exibindo suas armas.
A pistolagem age à luz do dia na Beirada, debaixo do nariz da polícia e das chamadas “autoridades” para tentar impedir o povo de tomar nas suas mãos o direito àquelas terras. Quando a PM foi procurada na madrugada do dia 23 por camponeses que denunciaram a tentativa de massacre feita pela pistolagem, um sargento culpou as famílias pelo ataque dos pistoleiros, dizendo que eles “procuraram aquilo” e defendeu o latifúndio. Mesmo sabendo que os pistoleiros estavam fortemente armados e que havia denúncias de agressões e até mesmo suspeita de mortes, eles disseram que nada poderiam fazer e que aquilo “já era esperado”. No dia seguinte, o Tenente Veloso defendeu o ataque dos pistoleiros considerando-o legítimo e disse que o latifúndio tem o direito de usar “de força” para expulsar os camponeses. Em momento algum questionou o fato de os pistoleiros andarem armados, atentarem contra a vida dos camponeses e incendiarem seus pertences.
Atacados em plena madrugada, homens, mulheres, velhos e crianças tiveram que se retirar para o mato com a roupa do corpo. Foram agredidos, foram alvos de tiros e bombas, tiveram que se refugiar em casas de camponeses em áreas vizinhas ou caminhar vários quilômetros correndo risco de morrer na estrada.
Punição e cadeia para o latifundiário Cabral e seus pistoleiros
Esse novo ataque da pistolagem contra os camponeses é um crime contra todo o povo de Manga e região.
Existem provas incontestáveis das ações criminosas do latifúndio: os pertences incendiados, as cápsulas de munições de grosso calibre, os depoimentos dos camponeses que tiveram que passar a noite no mato para não serem assassinados, os três boletins de ocorrência registrados no comando da PM de Manga que narram os acontecimentos desde a ameaça de ataque contra os camponeses desde antes da ocupação da Beirada, da presença de pistoleiros armados que ameaçavam os camponeses até o ataque propriamente dito.
Exigimos punição e cadeia para o latifundiário Cabral, mandante e participante do ataque contra as famílias que ocupavam a Beirada e contra todos os pistoleiros que executaram essa tentativa de massacre de trabalhadores e suas famílias!
Terra para quem nela vive e trabalha!
As terras da Beirada para os Camponeses!
Conquistar a terra! Destruir o latifúndio!
O povo quer terra, não repressão!
Viva a Revolução Agrária!
Comissão Nacional das Ligas de Camponeses Pobres
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Enviada por Carlos Alberto Dayrell.