Rubens Paiva: Comissão da Verdade recebe documentos que estavam com coronel do DOI-CODI na terça, 27 de novembro

Integrantes da Comissão Nacional da Verdade deverão se reunir com o governador Tarso Genro, terça-feira, em Porto Alegre, para receber documentos da época da ditadura militar que revelam assassinatos, arbitrariedades e atentados a bomba.

Um deles – divulgado com exclusividade por Zero Hora na quinta-feira – comprova a prisão do ex-deputado federal Rubens Paiva nas dependências do Departamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro, em janeiro de 1971. A reportagem é de Nilson Mariano e publicada pelo jornal Zero Hora, 24-11-2012.

O conjunto de documentos estava em poder do coronel da reserva do Exército Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos, morto a tiros em Porto Alegre, no dia 1º, supostamente por assaltantes. Ex-comandante do DOI-Codi fluminense, Molinas guardava os papéis em casa, no bairro Chácara das Pedras. Foram apreendidos pelo delegado que investiga o caso, Luís Fernando Martins de Oliveira.

Tarso Genro requisitou o material da Polícia Civil, para entregá-lo à Comissão da Verdade, em encontro marcado para o Palácio Piratini. Deverão vir à Capital o coordenador da Comissão, Claudio Fonteles, e Paulo Sérgio Pinheiro, além de assessores. (mais…)

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‘Pensar historicamente: notas de leitura sobre “O 18 Brumário de Luís Bonaparte”’

Por Marcos César de Oliveira Pinheiro*

O historiador constrói o fato histórico a partir das escolhas concernentes aos modos de fazer a História. “Toda narração de eventos, toda análise de causas, pelas suas inevitáveis escolhas, encobre uma ideologia” (Vilar, 1987, p. 119). Os estilos da narrativa histórica mudam ao longo do tempo, “mas a história continua associada às concepções sociais e aos preconceitos dos historiadores e do seu público, ainda que uns e outros tendam a acreditar, como o faziam os homens do passado, que seus mitos e preconceitos são verdades indiscutíveis” (Fontana, 2004, pp. 11-12). Sem perder de vista que essas escolhas não são isentas de riscos e de dificuldades, no meu entender, é o marxismo que melhor consegue responder aos grandes problemas enfrentados pela humanidade, não apenas no sentido de explicar racionalmente suas causas, mas também de pensar formas de superá-los.

Desse ângulo, três conceitos são fundamentais para o historiador: históriaestrutura e conjuntura. (1) Na definição do historiador Pierre Vilar, “a história é um conjunto, no interior do qual há interconexões contínuas” (Vilar, 1998, p. 285). Nesta definição está presente a idéia de globalidade ou totalidade das sociedades humanas, significando que o trabalho histórico deve ser fundado numa teoria global, em que todos os aspectos da história humana em sua complexidade sejam levados em conta, recusando uma história em setores estanques (idem: pp. 285-286). (2) Isto é, para o entendimento da dinâmica da História é fundamental ter clareza da articulação entre a estrutura, impondo certos limites às ações dos sujeitos históricos, e a conjuntura, em que os homens e as mulheres reais se movimentam e operam, tomando iniciativas e lutando pela destruição, pela defesa ou pela conservação de determinadas estruturas econômico-sociais. (mais…)

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