Vídeo do projeto “O que queremos para o mundo?”, com crianças e jovens Guarani-Kaiowá.
Por Liana Lima
Infelizmente casos de assassinatos no campo e genocídio indígena na contemporaneidade não são novidades… com profunda tristeza faço tal afirmação, mesmo sabendo de toda proteção jurídica existente aos direitos humanos e direitos dos povos, tanto no plano doméstico, avanços de nossa Constituição Cidadã, quanto no plano internacional, com a Declaração da ONU sobre os Direitos dos Povos Indígenas (2007) e Convenção n. 169 da OIT sobre os Povos Indígenas e Tribais (1989), ratificada pelo Brasil em 2002 e promulgada pelo Decreto 5.051 de 19 de abril 2004.
O que nos resta, nesse momento, é jogar luz para os povos que sempre viveram na invisibilidade da mídia, da política e da justiça, sempre invisíveis perante a sociedade opressora, que acaba por legitimar ações de pistoleiros, de latifundiários, grileiros de terras, assim como ações e políticas do próprio governo que passa por cima dos seres humanos oprimidos e “esquecidos” propositalmente, como podemos observar no insistente discurso do crescimento econômico, o mesmo que legitima os megaempreendimentos na Amazônia, destruindo florestas e massacrando os povos da floresta.
Não obstante o destino trágico da “morte anunciada” pela via da espoliação da terra, os nossos guerreiros não se entregam e fortemente e coletivamente dão o “grito dos excluídos” pelo direito à vida, à dignidade, integridade física, cultural e espiritual que está intrinsecamente ligada ao direito territorial.
Importante jogar luz para os fatos [Nota sobre o suposto suicídio coletivo dos Kaiowá de Pyelito Kue, Estudo denuncia produção de soja e cana em terras dos Guarani-kaiowá] para que a sociedade hegemônica aprenda a conviver com os grupos étnicos, caminhando para o reconhecimento da existência da plurinacionalidade dentro do Estado brasileiro e reconhecimento da livre-determinação dos povos.
Nesse sentido, devemos somar às lutas territoriais atuais, a luta pela verdade, contra as injustiças e atrocidades cometidas em nosso passado recente [1º Relatório do Comitê Estadual da Verdade: O GENOCÍDIO DO POVO WAIMIRI-ATROARI], visando fortalecer nosso sentimento de resistência e de consciência coletiva de que somos co-autores de nossa história e, portanto, co-autores de nosso futuro!
É importante nesse momento de tensão divulgar e compartilhar as denúncias dos atentados contra a vida desses povos, nos unirmos em prol da resistência humana e levarmos o caso até a Corte Interamericana de Direitos Humanos, pois a resistência simbólica, jurídica e política ganha força com cada caso e cada precedente internacional favorável aos povos e minorias étnicas e vulnerabilizadas.
Seguiremos caminhando… acreditando que estamos em uma fase de transição, ideal que fosse sem derramamento de sangue, mas nos sertões do Brasil não é isso que vemos… Se tivéssemos ao menos uma mídia sensata, responsável, imparcial para retratar de fato nossa realidade, sem ser corrompida pelos “donos do Poder e das terras”, teríamos uma sociedade mais consciente, humana e intolerante às injustiças sociais.
Por isso mesmo devemos seguir com esperança, dando voz e vez aos excluídos!
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Compartilhada por Liana Amin Lima Guarani-Kaiowá.
http://lianalimas.blogspot.com.br/2012/10/caso-guarani-kaiowa-e-o-que-queremos.html
Participei de uma manifestação no último domingo, no Rio e filmei uma índia que vive na aldeia maracanã (ameaçada de sair de lá já que o Sr. governador que derrubar o prédio para construir “melhorias” para a copa de 2014) fazendo um discurso emocionado e esclarecedor. De início ela fala em tupi-guarani mas depois continua em português. Me levou e levou mais alguns lá às lágrimas. http://www.youtube.com/watch?v=h8HBMhNNHaw
e um video da manifestação http://www.youtube.com/watch?v=pu7VNsbdhPY
Se puder divulgar…