O FSC até que enfim assume o seu real objetivo: “A área de negócios”. Fato que a sociedade civil já conhecia e denunciava. Em nota enviada em setembro 2012, ao FSC, IMAFLORA e Consumidores dos produtos certificados, a sociedade civil do Brasil e do mundo reafirma: “a certificação continua avançando porque parece ser um bom negócio que interessa tanto às empresas do setor de celulose quanto ao FSC. Sem compromisso com a justiça social e ambiental, ambos buscam reforçar sua legitimidade, sua hegemonia e aumentar seus negócios com base na exploração da natureza, do envenenamento humano e ambiental, do desrespeito às comunidades locais e a vida do Planeta! Lucro e mais negócios a qualquer custo!”
Tendo como patrocinadores a Bracelpa, Fibria, Klabin e Veracel, o FSC promoveu evento em Arraial D’Ajuda, Porto Seguro de 27 a 30 de setembro. Segundo nota publicada no jornal local, o FSC propaga que “mais de 90 pessoas do mundo todo, entre membros da diretoria do FSC® Internacional, representantes e empresas do setor florestal, bancos e fundos de investimentos públicos e privados, e dois representantes do governo brasileiro, o Serviço Florestal Brasileiro e a Secretaria de Estado do Meio Ambiente/SP, para debater melhores práticas e maiores oportunidades de negócios para a madeira e produtos certificados FSC® ao redor do mundo, com foco na missão maior do FSC® de proteger as florestas e seus povos.”
Mesmo tentando desviar a verdadeira intenção dizendo no comunicado que a missão maior do FSC, é “proteger as florestas e seus povos”, suas ações dizem exatamente o contrário. Tanto a Fíbria quanto a Veracel Celulose tem passivos ambientais, sociais e culturais incalculáveis. Uma verdadeira enxurrada de descumprimento de Leis e destruição! E com tudo isso, em entrevista, com as lideranças do Movimento de Luta pela Terra (MLT), onde ouviu todas as denuncias do comportamento inadequado do empresa Veracel Celulose, os representantes do FSC através da IMAFLORA afirmou que o selo estava garantido e portanto podemos concluir que as entrevistas e audiências servem apenas para cumprir o protocolo, que é enganar os consumidores.
Os aspectos discutidos no evento são para encontrar meios de gerar mais lucros, ou “maiores oportunidades de negócios para a madeira e produtos certificados FSC® ao redor do mundo” para as empresas plantadoras de eucalipto e fábricas de celulose e o FSC, diz a nota . E, entre outros aspectos, o FSC também afirma ‘aumentar a articulação entre o universo do carbono e o sistema FSC®’, ou seja, investir na ‘economia verde’, a nova modalidade aparentemente em defesa de meio ambiente, mas que apenas beneficia as empresas poluidoras e Organizações que ‘negociam’ os projetos, uma espécie de ‘atravessadores’. Esse novo negócio, em nada contribui para resolver os problemas relacionados às mudanças climáticas como defende seus promotores. Um mercado que já nasceu fracassado, “após mais de uma década de comércio de carbono, o nível de CO2 na atmosfera continua subindo aproximadamente 2 ppm a cada ano”.
Concluímos que é evidente que a certificação FSC tem como objetivo aumentar o volume de vendas de celulose no mercado externo. Esse fator abre caminho para a expansão de fábricas, o que conseqüentemente implica aumento das plantações de eucalipto. O impacto direto para a região é a inviabilização da reforma agrária, escassez e alta de preços dos alimentos básicos, além de comprometer a segurança alimentar. Outra questão que deve ser levada em consideração é o aumento dos danos ambientais, bem como restrição de espaços para recuperação da Mata Atlântica e comprometimento dos mananciais pelo uso dos venenos usados na monocultura de eucalipto.
De acordo com os Princípios e Critérios do FSC, o selo pretende promover o manejo das florestas do mundo de acordo com três fundamentos, que passam pela atuação “ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável. Fundamentos que comprovadamente não correspondem a realidade vivida por comunidades, agricultores e sociedade regional. No máximo, pode-se concluir verdadeiro o fundamento de economicamente viável. E somente viável para os acionistas das empresas. Diante disto, vimos a publico sugerir ao FSC que assuma de vez sua missão e pare de propagar que monoculturas de eucalipto, ou outra monocultura qualquer, são sustentáveis.
Plantações de árvores não são florestas!!!
Bahia, 09 de Outubro de 2012.
Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul – CEPEDES
Fórum Socioambiental do Sudoeste, Sul e Extremo Sul da Bahia