Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental
“Brasil Crioulo” é dos mais belos capítulos, até o momento. E rico: de informações, de participações, de críticas. Fala 12 milhões de escravos trazidos da África, das quais metade morreu, e os seis milhões restantes fizeram a fortuna da aristocracia do açúcar, a riqueza (em todos os sentidos) do Brasil colonial, a beleza da cultura que, como ele diz, foi tão forte que conseguiu impor valores num processo de mestiçagem. Clementina não só nos dá sua receita de feijão, como canta, assim como Nelson Sargento e Cartola. Mãe Estela, Mãe Filhinha, o Babalaô Agenor Miranda da Rocha e Roberto Pinho dão seus depoimentos. Trechos de filmes, fotos e tradições entremeiam exemplos de uma cultura que se transformou e tomou conta dos mais diversos Brasis.
Ao final, na voz de Chico Buarque, uma análise dura e até polêmica: “Nenhum povo que passasse por tudo isso como sua rotina de vida através de séculos sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós, brasileiros, somos por igual a mão perversa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos. E a gente insensível e brutal que também somos”. E a resposta tranquila de Mãe Estela, afirmando que tudo isso “foi a forma de fazer os Orixás brilharem no novo mundo”!
Amanhã, partindo de Guimarães Rosa, veremos o “Brasil Sertanejo”.