Ocimara Balmant | Agência Estado
A presença de instituições de grande porte somada ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) faz com que o acesso ao ensino superior seja extremamente desigual entre as 15 regiões administrativas do Estado de São Paulo. A percepção é de um levantamento do Semesp, o sindicato das universidades particulares, que mapeou o porcentual de jovens de 18 a 24 anos que estão no ensino superior em cada região do Estado, em cursos presenciais ou a distância.
A área São Carlos está no topo da lista, com 25,5% da sua população nessa faixa etária matriculada, seguida de perto por Presidente Prudente, com 22,8% e São José do Rio Preto, com 20,9%. No outro extremo está a região de Registro, com apenas 6,9% da população dessa faixa etária cursando uma faculdade.
“Nosso mapa revela as regiões onde há potencial de crescimento do número de matrículas e as que estão estagnadas”, explica Rodrigo Capelato, diretor executivo do Semesp e coordenador da pesquisa. “Isso permite que se faça análises sobre as condições que levaram determinadas regiões a apresentarem melhor desempenho. Regiões mais desenvolvidas e com mais cidades universitárias lideram o ranking”, afirma.
Para Carlos Monteiro, da CM Consultoria, o primeiro lugar ocupado por São Carlos é resultado das duas universidades públicas instaladas na cidade – Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) – e da faculdade de Direito privada que tem muita tradição na região. A força dessas instituições, explica o consultor, transformou a cidade em um polo forte de microempresas na área de informática fina.
O apelo de Presidente Prudente, no oeste do Estado, advém do potencial dos seus centros de ensino particulares, bem tradicionais por ali, que congregam alunos de toda a redondeza, área que tem sua fonte de riqueza na atividade agropecuária.
Seguindo esse raciocínio, é o fraco desenvolvimento econômico que situa a região de Registro na rabeira do levantamento. Uma queda que puxa a região de Sorocaba, apesar de essa cidade ser próspera. “Sorocaba é uma grande cidade, mas depois começa o ramal da fome, que desemboca em Registro”, diz Monteiro.
Cenário
Apesar das disparidades, se considerada a média das regiões, o Estado tem 18,4% dos seus jovens de 18 a 24 anos no ensino superior, taxa acima da brasileira, que fica em 14,1%. Porcentuais ainda muito baixos, avalia o consultor Roberto Lobo, diretor do Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação. “Na Europa, o índice é por volta dos 50% e, nos EUA, chega a 80%”, informa Lobo.
Para que o Brasil avance, não basta aumentar a oferta de vagas, mas investir mais em financiamento. “Se olharmos as vagas nas engenharias, por exemplo, menos de 20% delas são preenchidas por alunos bolsistas do Prouni e do Fies.” Lobo acrescenta que esse financiamento não deve ser só por conta do governo: é preciso que o sistema bancário participe, como nos EUA.
Para Capelato, é necessário também fortalecer a educação básica para diminuir os altos índices de evasão do ensino fundamental e do médio. Além disso, há um enorme contingente de brasileiros com o ensino médio completo. “Hoje, 43,8% do total de empregados no País têm o ensino médio. É um potencial muito grande”, afirma Capelato. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
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http://atarde.uol.com.br/brasil/materias/1458084-estudo-ve-desigualdade-no-acesso-a-universidade-em-sp
Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.