A anistia no Brasil e a construção do esquecimento

Em entrevista à Carta Maior, a historiadora Caroline Silveira Bauer, autora de uma pesquisa premiada sobre os aparatos de repressão das ditaduras do Brasil e da Argentina, desaparecimentos e políticas de memória, fala sobre seu trabalho e analisa o longo processo da transição política no Brasil e a ideologia da reconciliação que tem impacto no país até hoje. O processo de anistia no Brasil, defende, não propiciou uma verdadeira reconciliação, mas sim criou um mito, uma ideologia da reconciliação baseada no esquecimento.

Marco Aurélio Weissheimer

Porto Alegre – O processo de anistia no Brasil não propiciou uma verdadeira reconciliação, mas sim criou um mito, uma ideologia da reconciliação, segundo a qual o melhor para a sociedade brasileira seria seguir adiante e esquecer o que aconteceu, sem nenhum tipo de avaliação daquilo que foi feito. Assim, ao invés de meramente propiciar um perdão penal, ela veio acompanhada de um elemento extra que foi a construção do esquecimento. A avaliação é da historiadora Caroline Silveira Bauer, autora do livro “Brasil e Argentina: Ditaduras, Desaparecimentos e Políticas de Memória” (uma publicação conjunta da Editora Medianiz e da Associação Nacional da História), resultado de sua tese de doutorado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e pela Universidade de Barcelona, vencedora do concurso da Associação Nacional de História/Seção Rio Grande do Sul (ANPUH-RS).

Em entrevista à Carta Maior, Caroline Bauer fala sobre sua pesquisa documental sobre os arquivos repressivos de Brasil e Argentina, com foco na questão dos desaparecidos políticos. Além disso, analisa o processo da transição política no Brasil e a ideologia da reconciliação que tem impacto no país até hoje. E relata, por fim, um pouco de seu trabalho no Grupo de Trabalho Araguaia da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. (mais…)

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Despejadas de ocupação, famílias vivem há 35 dias ao relento no centro de São Paulo

Grupo acampado em condições precárias na praça do Correio vive junto há quatro anos, desde reintegração violenta promovida pela Polícia Militar, e continua à espera de solução definitiva

Despejadas de ocupação, famílias vivem há 35 dias ao relento no centro de São Paulo
Possibilidade de chuva causa apreensão (Foto:@gabi.ideall/Flicker)

Por: Gisele Brito, da Rede Brasil Atual

São Paulo – O tempo seco tem incomodado a maioria dos paulistanos que esperam a chuva com grande expectativa. Mas para as 97 famílias acampadas na praça do Correio, no centro da cidade e a menos de meio quilômetro da sede da prefeitura, é melhor que não caia nenhuma gota. Desde que foram despejadas de um prédio na avenida Ipiranga, em 28 de agosto, as famílias vivem em moradias improvisadas, feitas de lona e madeira. Elas, com mais precisão do que qualquer instituto de pesquisas meteorológicas, sabem que desde que estão morando lá, há 35 dias, choveu apenas duas vezes, o que foi suficiente para destruir alguns barracos e inutilizar colchões e cobertores.

O prédio em que viviam, abandonado há nove anos, antes de ser ocupado estava entre os prédios que a própria administração de Gilberto Kassab (PSD) havia decretado de interesse social (DIS) em 2010. A ordem de reintegração de posse indicava que as famílias deveriam ser “alojadas em abrigos provisórios”. A prefeitura ofereceu vagas em albergues. A opção foi rechaçada, já que nesses locais homens e mulheres da mesma família não podem ficar juntos. “No albergue você só pode ir para dormir à noite. Durante o dia você fica na rua. Na rua nós já estamos. E vamos ficar aqui até que eles resolvam nossa situação”, diz Luzia Pinto, de 70 anos, uma das coordenadoras do acampamento. “Eu era casada, aí meu marido morreu. Ou eu comia ou pagava aluguel. Imagina quem tem filho pequeno”, diz Luzia, que trabalhava como recepcionista até se aposentar por invalidez, depois de um acidente. Hoje ela recebe um salário mínimo, o equivalente a R$ 622. (mais…)

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SP – Imóveis ociosos, população sem moradia

Cidade possui 230 mil imóveis vazios e ao menos 130 mil famílias sem ter onde morar; região central tem explosão do preço do imóvel

Despejo de famílias no centro de São Paulo - Foto: Marcelo Camargo/Abr

Aline Scarso, da Reportagem 

Segundo o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU), em São Paulo os sem-teto representam uma população de centenas de milhares de famílias trabalhadoras com renda entre zero e três salários mínimos, que moram nas ruas, favelas, ocupações, cortiços ou na periferia em áreas de risco e sem regularização fundiária. Precisam substancialmente da ajuda do governo para financiar moradias. “Quando falamos em sem teto, nos referimos a pessoas que têm seu direito constitucional de moradia digna negada. Trabalham, em sua maioria, no setor informal em funções mal remuneradas”, explica Brian Mier, integrante do FNRU.

De acordo com Osmar Borges, coordenador da Frente de Luta por Moradia (FLM), a cidade possui 230 mil domicílios vazios, sendo 40 mil no centro expandido. “Isso são dados do próprio IBGE. Ou seja, só o centro expandido poderia receber 40 mil novos inquilinos se existisse uma política adequada para trabalhar com os imóveis vazios, dando uma função social para eles”, ressalta. (mais…)

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América: El primer sábado de octubre se celebra el Día Interamericano del Agua

Foto: Blog de Notas

Azul ambientalistas, 06 de octubre, 2012.- El Día Interamericano del Agua se celebra cada año para aumentar el conocimiento sobre la importancia del agua y para poner en alerta a gobiernos, organismos internacionales y grupo privados sobre la necesidad de mejorar el suministro de agua potable.

Es una celebración que tiene como propósito principal la sensibilización de la población en la importancia de la conservación del recurso agua. Y desde la creación, las actividades han sido organizadas alrededor de varios temas. (mais…)

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“Batalha das ideias” estreia com texto de Michael Löwy sobre Che Guevara

Há 13 anos a Editora Expressão Popular vem contribuindo para a batalha das ideias e para o fortalecimento da cultura socialista em nossa sociedade. Nossa contribuição só foi possível por contarmos com a solidariedade e o compromisso de mais de 300 companheiros e companheiras que se juntaram a nós e fizeram/fazem parte deste processo através da cessão de direitos autorais, de trabalhos de revisão, editoração, diagramação, divulgação etc.

Seguimos firmes nesta batalha e estamos buscando travá-la cada vez com mais afinco e em mais frentes. Neste sentido, estamos inaugurando em nosso site a seção “Batalha das ideias”, na qual publicaremos textos de intervenção e de combate, com vistas a fortalecer a cultura socialista em seu mais amplo espectro. Primaremos por conteúdos que estejam para além tanto das discussões do que Antonio Gramsci bem definiu como “pequena política” quanto dos debates estritamente acadêmicos. O intuito desta iniciativa é apresentar de modo mais dinâmico temas que contribuam para uma melhor compreensão da nossa sociedade hoje com vistas a transformá-la, através de textos que recuperem os aspectos atuais do pensamento clássico da classe trabalhadora.

Para inaugurar Batalha das ideias, tomamos como motivação o dia 8 de outubro de 2012 para lembrar do 8 de outubro de 1967, data da morte de uma das principais figuras da história latino-americana e da esquerda mundial: Ernesto Guevara, o Che. O artigo é do marxista brasileiro radicado na França Michael Löwy, autor de O pensamento de Che Guevara. (mais…)

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“Kizomba Namata” – I Encontro de Comunidades Quilombolas da Zona da Mata de Minas Gerais

Proporcionar a discussão sobre a identidade e a demarcação de terras das comunidades quilombolas serão abordadas no “Kizomba Namata”, que será realizado entre os dias 26 e 28 deste mês. Organizada pelo professor do curso de Geografia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Leonardo Carneiro, a primeira edição do evento contará com a presença de 13 grupos.

Atualmente, há cerca de duas mil comunidades quilombolas no país, que lutam pelo direito de propriedade de suas terras concedido pela Constituição Federal de 1988. Minas Gerais conta com 400 grupos distribuídos em 155 municípios, de acordo com o Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva (Cedefes). (mais…)

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Educadores exigem ensino diferenciado para indígenas

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Escolas regulares fazem índios 'desaprenderem' sua cultura

Por Coletivo Oca Digital, Especial para Caros Amigos

A roda de conversa sobre Educação Indígena e Educação Escolar Indígena, na tarde de sexta-feira (28), no IV Seminário Internacional de História e Cultura Indígena Caboclo Índio Marcelino, na Aldeia Itapuã (Olivença, Sul da Bahia) foi marcada pela exigência de ensino diferenciado em escolas indígenas. Os educadores também exigiram o cumprimento da lei 11.465/03, que estabelece a inclusão da temática da história indígenas nas redes de ensino.

A professora de história Circe Bittencourt, aposentada da Universidade de São Paulo (USP), atualmente na PUC-SP, destacou que “ninguém melhor que escrever a história indígena que os próprios indígenas”. Circe começou a trabalhar com a questão indígena no começo da década de 1990, com os Terena, de Mato Grosso do Sul.

A professora lembrou as palavras de Florestan Fernandes no livro “Nota sobre a educação da sociedade Tupinambá”: “A escola do branco, do capitalista, é uma escola que prepara um aluno para ser um indivíduo consumidor dentro da sociedade capitalista e a escola indígena prepara as crianças para uma vida em comunidade”. (mais…)

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