Aléxis Góis, colaborador da Agência Jovem em Ilhéus (BA)
A última roda de conversa do IV Seminário Internacional de História e Cultura Indígena: Índio Caboclo Marcelino teve como tema as “Perspectivas, Ações e Lutas dos Povos na Latinoamerica”. Durante o evento, foi lançado um Manifesto em Apoio à Causa Indígena, para reforçar a importância da luta dos povos originários, em especial dos Tupinambá de Olivença, que vivem um processo recente de retomada de seu território no sul da Bahia.
A cobertura do Seminário foi realizada por indígenas que participaram de laboratório de apropriação de Artes e Tecnologias, promovido pela Oca Digital, projeto da ONG Thydêwá e Cardim Projetos e Soluções Integradas, com o Patrocínio da Telefonica/Vivo e do Fundo de Cultura da Secretaria de Cultura da Bahia.
Manuel Rozental, indígena do povo Nasa, da Colômbia, ressaltou que não adianta ter um discurso em favor da causa indígena se as mentes estiverem colonizadas pelo pensamento capitalista. “Também temos de retomar o nosso território do imaginário”, afirma Rozental, que é médico e Professor nas Universidades Novo Fiat Viaggio da Colômbia e do Canadá. Também participaram da roda de conversa anciões, caciques, e representantes de diversas instituições e organizações, como a professora francesa Dra. Esther Fernandes Rose Katz, do Instituto de Recherche pour le Developpeçent-IRD) e os argentinos Ana Zabala, psicanalista integrante da Instituição Abuelas de Plaza de Mayo, Arnaldo Dominguez, psicanalista coordenador do Curso de Formação em Psicanálise do Centro de Estudos Psicanalíticos de São Paulo.
O evento foi finalizado com a 12ª Caminhada Tupinambá em Memória aos Mártires do Massacre do Rio Cururupe e ao Índio Marcelino.
Segue texto da minuta do Manifesto, que será finalizado de forma colaborativa por meio do blog do Seminário.
“Manifesto em apoio à causa indígena
Entre os dias 27 a 29 de setembro de 2012 estiveram reunidos na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, por ocasião do IV Seminário Internacional de História e Cultura Indígena: Índio Caboclo Marcelino – Histórias, Culturas e Lutas dos Povos Indígenas do Brasil e da América Latina, membros dos povos Tupinambá, Pataxó, Pataxó Hã-hã-hãe, Pankararu, Kariri Xocó, Xocó e representantes de distintas instituições e organizações que ora assinam este manifesto em apoio à causa indígena, em especial à luta do povo Tupinambá:
– Pela demarcação imediata da Terra Indígena do povo Tupinambá de Olivença;
– Pela desintrusão imediata de seu território;
– Pelo direito de viverem de acordo com a sua cultura;
– Pelo direito à educação diferenciada;
– Pelo direito à saúde diferenciada;
– Pelo fim da criminalização e da perseguição ao povo Tupinambá, em especial de suas lideranças;
– Pela autogestão do território indígena, proteção e respeito ao recursos naturais.
Afirmamos que a Terra é Mãe e assim ela deve ser compreendida e reconhecida como um direito originário dos povos indígenas. Consequentemente, exigimos do Estado brasileiro que faça valer a legislação das quais é signatário, especialmente a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Constituição Federal de 1988.
Aqueles que estão de acordo chacoalhem o maracá ou batam palmas.
Aldeia Gwarani Taba Atã, Território do povo Tupinambá de Olivença, 29 de setembro de 2012.”
—