Raidalva Oliveira Santana sempre trabalhou como baiana de acarajé. Agora ela busca mais segurança profissional e é uma das 25 alunas do curso de formação de pedreiro, oferecido, gratuitamente, no bairro de Mussurunga.
O curso é uma parceria entre a Superintendência Municipal de Políticas para as Mulheres (SPM), Liga das Mulheres de Salvador, Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Senai, que está ministrando a qualificação.
Também está sendo promovido um curso de formação de pintura, que conta com o total de 29 inscritas.
A técnica de área de formação da SPM, Janildes Lima, explica que os cursos têm o objetivo de qualificar as mulheres para atuar no mercado em condições de igualdade com os homens. “Hoje, a mão de obra feminina já é muito requisitada na construção civil, devido a características femininas que interessam muito ao setor, como cuidado com os materiais e a preocupação com o desperdício. O problema é que elas entram no mercado sem qualificação e acabam recebendo uma remuneração inferior à dos homens”, destaca.
Os dois cursos, iniciados em 24 de setembro, têm carga horária de 160 horas, a serem completadas em 11 de novembro. A formação de pedreiro é realizada no turno matutino, enquanto as aulas do curso de pintor acontecem à tarde.
Entre as alunas, há diferentes motivações para participarem dos cursos.
No caso de Raidalva, o interesse foi ampliar a possibilidade de atuação. “Não pretendo abandonar minha atividade como baiana, mas nunca tive a carteira assinada e, como apareceu essa oportunidade aqui no bairro, resolvi aprender uma nova profissão. Quero garantir uma opção profissional para mim”, conta a baiana.
Sua colega Francis Julião trabalha como caixa e balconista e quer mudar de profissão. “Vejo que o mercado da construção civil tá crescendo e quero me preparar para buscar uma vaga na área”, revela. E tem ainda a aluna do curso de pintura Silvana Neves, cujo objetivo é poder acompanhar melhor as obras realizadas nos imóveis que aluga.
“Faço curso de pintura mas, sempre que posso, estou de olho nas aulas do curso de pedreiro. Quero aprender o máximo possível, pois, no futuro, ainda quero fazer um curso de Arquitetura e montar um negócio para trabalhar só com mulheres”, diz Francis que é integrante da Liga de Mulheres de Salvador.
Segundo Jaildes Lima, ao final da formação, que acontece no espaço cedido pela Igreja Batista Jesus É o Lírio, em Mussurunga 1, as alunas vão construir dois banheiros e fazer obras de melhoria no local como forma de retribuição.
A técnica destaca ainda que a promoção dos cursos faz parte do projeto SPM Itinerante, que leva conhecimento nas áreas de gênero, combate à violência contra a mulher (Lei Maria da Penha) e a questão étnica. Por isso, além da capacitação profissional, as mulheres recebem formação para exercício pleno da sua cidadania.
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Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.
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