Três experiências no Prouni e Reuni

Estudantes que normalmente não teriam chegado à universidade relatam como viveram programas que ampliaram em 110% matrículas nas universidades, em uma década 

Por Priscila Cardoso dos Santos, no Portal Aprendiz

[Título original: “Políticas de acesso ao ensino superior transformam o perfil da sala de aula”]

“O Brasil assistirá dentro de dez ou quinze anos o surgimento de uma nova geração de intelectuais, cientistas, técnicos e artistas originários das camadas pobres da população”.

Foi com estas palavras que o ex-presidente Lula tomou posse de seu segundo mandato, em janeiro de 2007.

A transformação citada pelo ex-presidente começa a ser vista nas salas de aula. De acordo com o último Censo da Educação Superior, entre os anos 2001 e 2010, houve um aumento de 110% no número de matrículas na graduação, chegando à marca de 6.379.299 inscritos.

Desses, 74% frequenta uma instituição privada e 26% estuda em alguma instituição pública. A média desse público é de 26 anos, sendo que os 25% mais jovens têm até 21 anos e a mesma proporção dos mais velhos tem até 40 anos. A maioria é do sexo feminino (57%) e está matriculado em cursos presenciais (85,4%). (mais…)

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“Bastidores – Belo Monte, a consulta que não houve”, por Telma Monteiro

A justiça mandou parar Belo Monte. A hora da verdade chegou. Para os que não acreditavam ser possível, o fato histórico aconteceu. É manchete nos principais jornais do mundo.

O projeto de Belo Monte foi proposto para operar à custa da redução da vazão de um trecho de aproximadamente 130 quilômetros chamado de Volta Grande do Xingu. Lá estão localizadas as Terras Indígenas Paquiçamba, Arara da Volta Grande e Trincheira Bacajá.  Cinco municípios seriam diretamente afetados: Vitória do Xingu, Altamira, Senador José Porfírio, Anapu e Brasil Novo.

Em 2005, o Decreto Legislativo 788/2005, do Congresso Nacional, autorizou a construção de Belo Monte. Postergou-se a consulta aos indígenas. Como disse, nesta semana, o Desembargador Souza Prudente, depois de mais um voto brilhante que parou Belo Monte: “a consulta não pode ser póstuma” [aos indígenas que sofrerão os impactos do empreendimento].

Os indígenas da TI Paquiçamba e da TI Arara da Volta Grande seriam as maiores vítimas dos impactos diretos, pois estão justamente no trecho da vazão reduzida. O decreto simplesmente ignorou a consulta prévia e a necessidade de estudos etnoecológicos dos indígenas. (mais…)

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Memórias da Resistência, novo filme sobre a ditadura

No esforço para restaurar verdade sobre anos de chumbo, documentário aborda luta estudantil no Crusp e guerrilha efêmera em Riberirão Preto

Por JR Penteado

Em meio ao início dos trabalhos da Comissão da Verdade, a filmografia nacional sobre a ditadura militar está prestes a ganhar nova contribuição. Dirigido por Marco Escrivão, o documentário Memórias da Resistência vai trazer a história de ex-presos políticos que participaram da resistência ao regime ditatorial que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. A expectativa de lançamento é para o fim do ano.

“O objetivo principal desse trabalho é justamente manter bem viva a memória sobre esse momento histórico do país e evitar que ele se repita algum dia”, diz Escrivão.

Na origem do documentário, um fato bastante curioso. Em 2007, uma pilha de documentos antigos foi encontrada por trabalhadores rurais em uma casa abandonada no meio de um canavial no município de Jaborandi, interior de São Paulo. Um dos trabalhadores, que também era estudante de História, reconheceu de imediato a relevância histórica dos documentos. Tratava-se de material do DOPS (Delegacia de Ordem Política e Social), um dos principais organismos de repressão política da Ditadura. (mais…)

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Encontro Unitário: indígenas defendem guerra contra agronegócio

Por Ruy Sposati, de Brasília

Sete mil pessoas estão reunidas em Brasília para o Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas. Uma delegação de setenta indígenas participa do encontro, que começou nesta segunda-feira, 20, e segue até quarta-feira, 22.

Organizado pelos movimentos sociais que compõem a Via Campesina, e pela Confederação dos Trabalhadores da Agricultura (Contag), Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e Federação de Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf), o evento discutirá uma agenda unitária das organizações em torno da luta pelo direito à terra.

O encontro tem como referencial histórico o I Congresso Nacional de Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, realizado em Belo Horizonte, em 1961, durante o governo de João Goulart.

“Nós não aceitamos o modelo de desenvolvimento colocado por esse governo. Um modelo de desenvolvimento que ceifa vidas, que coloca lideranças que lutam por terra na prisão, que assassina o nosso povo. Isso nunca poderá ser chamado de desenvolvimento”. Foi com estas palavras que o indígena Lindomar Terena, liderança da Articulação dos Povos Indígenas do Pantanal e Região (Arpipan), entrou na discussão sobre análise de conjuntura na tarde de segunda, na abertura do encontro. (mais…)

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Ministério Público busca na Justiça suspensão de hidrelétricas no Pantanal

Maior planície alagável do mundo pode sofrer danos irreversíveis com hidrelétricas

Impacto acumulado de mais de 100 empreendimentos pode causar danos irreversíveis a Patrimônio Nacional

Os Ministérios Públicos Federal (MPF) e Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul ingressaram com ação civil pública na 1ª Vara Federal de Coxim (MS) para suspender a instalação de empreendimentos hidrelétricos no entorno do Pantanal até a realização de estudo sobre o impacto cumulativo das atividades. Atualmente, há 126  empreendimentos instalados ou em vias de instalação e 23 estudos de inventário em análise.

A ação direciona-se contra União, Estados de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto do Meio Ambiente do Mato Grosso do Sul (Imasul).

Danos irreversíveis – Pesquisas científicas alertam sobre os riscos da instalação de empreendimentos hidrelétricos na Bacia do Alto Paraguai (BAP). Segundo os pesquisadores, se as hidrelétricas, mesmo as de pequeno porte – chamadas de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) -, forem instaladas na BAP, o ciclo das cheias no Pantanal será alterado, provocando efeitos negativos em todo o bioma, que depende do pulso natural das inundações para ter vida. (mais…)

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Mais uma vitória das comunidades de Santa Quitéria frente à Suzano Papel & Celulose

Por Igor Almeida

Em audiência realizada na tarde desta segunda, as comunidades de Coceira e Baixão da Coceira, município de Santa Quitéria, obtiveram do ITERMA uma resposta que aguardavam há mais de cinco anos: suas terras já estão regularizadas e devidamente matriculadas em nome do Estado do Maranhão, chamada de Gleba “C”. A área das duas comunidades totaliza cerca de 3000 hectares, beneficiando mais de 150 famílias. A informação repassada pelo ITERMA ratifica denúncias das comunidades de que a SUZANO não possui a legítima propriedade daqueles imóveis.

Desde 2009 a Suzano vem afrontando os direitos territoriais dessas duas comunidades. Após tentativas de invasão, de “acordos” e processos judiciais contra as comunidades, a empresa não logrou êxito em suas empreitadas, em virtude do exercício do legítimo direito de resistência das comunidades.

Agora, após mais de três anos de muita luta e pressão sobre o órgão fundiário estadual, as comunidades tiveram a notícia de que suas terras estão inseridas em áreas já arrecadadas pelo Estado. O próximo passo é o processo de transmissão desses imóveis para as associações locais, tornando-as legítimas proprietárias das duas glebas.

http://blogoutrosolhares.blogspot.com.br/2012/08/mais-uma-vitoria-das-comunidades-de.html.

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Mais Alimentos financia R$ 9,2 bi desde 2008 para agricultor familiar ampliar capacidade de produção

Trator é o item mais financiado entre os 3 mil que fazem parte do programa / Crédito: Ascom/MDA

Trabalhadores adquiriram mais de 48 mil tratores, 4,35 mil caminhões e 537 colheitadeiras

Desde 2008, o Mais Alimentos financiou R$ 9,2 bilhões, em 194 mil contratos para apoiar o investimento em capacidade produtiva da agricultura familiar, que passou a contar com mais de 48 mil tratores, 4,35 mil caminhões, 537 colheitadeiras e mais de dez mil ordenhadeiras. Para agricultores que desenvolvem atividades de pecuária de leite, foram financiados mais de 48 mil itens, como animais (matrizes e reprodutores), currais, barracões e tanques de resfriamento, de acordo com balanço divulgado nessa segunda-feira (20) pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). (mais…)

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Racismo no Shopping Barra: adolescentes denunciam agressão

Shopping Barra afirma que lamenta o ocorrido e que irá apurar o caso. Foto: reprodução

Dois adolescentes de 15 anos afirmam ter sofrido racismo ao experimentarem roupas em uma loja localizada no Shopping Barra, em Salvador. Eles contam que foram agredidos e acusados de roubo por dois funcionários da loja

Segundo os jovens, os funcionários se aproximaram da escada rolante na saída da loja e revistaram a mochila de um deles na frente de outras pessoas. Não encontrando nada na bolsa, os funcionários teriam agredido os dois adolescentes, segundo denunciam.

“Reviraram, olharam, não viram nada. Aí um deles se exaltou, dirigiu-se com palavrão, me levantou pela gola da camisa”, disse um dos adolescentes, que prefere ocultar a identidade. (mais…)

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Movimentos do campo se unem por novo projeto de agricultura

Foto: Valter Campanato/ABr

Pequenos agricultores, trabalhadores rurais com ou sem terra, indígenas, quilombolas e outros segmentos do campo reeditam encontro unitário após 51 anos. O objetivo é construir um projeto de reorganização da agricultura brasileira. Luta pela reforma agrária é o principal fator de unidade neste momento, diz William Clementino, dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). “Nenhuma política de combate à pobreza terá êxito sem a reforma agrária”, defendeu

Vinicius Mansur

Brasília – Após 51 anos do I Congresso Camponês, realizado em Belo Horizonte (MG), em 1961, os movimentos sociais e sindicais do meio rural brasileiro voltaram a se unir em evento semelhante: o Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e Povos do Campo, das Águas e das Florestas, iniciado nesta segunda-feira (20), em Brasília. (mais…)

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“Os museus da resistência”, por José Ribamar Bessa Freire

Ramires Maranhão do Valle (1950-1973)

Taqui Pra Ti – Combatia a ditadura militar. Quando foi preso e torturado, em 1973, tinha 22 anos, o porte franzino e uma cara de menino. Seu paradeiro foi criminosamente ocultado pelas autoridades. Foi ai que o nome de Ramires Maranhão do Valle passou a figurar na lista dos “desaparecidos políticos”. Mas na última segunda feira, ele apareceu, redivivo, numa defesa de mestrado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e nos observou, com seu olhar tímido, cheio de candura, a partir de uma foto sua que permaneceu projetada num telão durante todo o evento. Juro que sua voz emergia do texto impresso e ouvimos até o palpitar do seu coração.

Quem insistiu para que ele estivesse lá, conosco, foi seu sobrinho, Carlos Beltrão do Valle, autor da dissertação defendida no Programa de Pós-Graduação em Memória Social (PPGMS). Afinal, ninguém com mais legitimidade do que Ramires para avaliar o trabalho que discute a proposta de transformar os locais de tortura em museus, com o objetivo de ativar memórias reprimidas e silenciadas, seguindo a lição de Mário Chagas: “o museu, como instituição, pode servir tanto para tiranizar como para libertar”.

O foco escolhido foi o prédio do DEOPS de São Paulo, onde funciona o Memorial da Resistência, inaugurado em 2009. Esse é o primeiro centro de tortura do Brasil que foi musealizado. Por suas celas passaram o escritor Monteiro Lobato, a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Lula e o ex-governador de São Paulo José Serra. Recentemente outro memorial foi erguido no Cemitério de Ricardo de Albuquerque, no Rio, onde Ramires foi sepultado, clandestinamente, numa cova rasa, com outros militantes. (mais…)

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