Rodrigo Otávio – Rio de Janeiro
Os integrantes da Comissão Nacional da Verdade reafirmaram na segunda-feira (13), durante uma tensa audiência pública na sede da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro (OAB-RJ), que os depoimentos de testemunhas ou acusados de participação em crimes praticados pelos órgãos do estado, principalmente na ditadura civil militar entre 1964 e 1985, continuarão sendo colhidos e mantidos em sigilo. A comissão foi oficialmente instalada em maio e tem o prazo de dois anos para entregar um relatório sobre as violações aos direitos humanos ocorridas no país entre 1946 e 1988.
A defesa dos atuais métodos de trabalho da comissão foi feita após inúmeros representantes de entidades da sociedade civil cobrarem maior divulgação dos depoimentos, parcerias com órgãos que representam as vítimas das violações e punição para os autores dos crimes.
“Nem sempre é possível. Eu acho que vocês todos têm que confiar que nós estamos querendo apurar, e para a apuração não podemos fazer tudo publicamente. Isso é uma investigação, temos que tomar depoimentos, muitas vezes em sigilo, para daí tomarmos outros depoimentos e ações. E se nós dermos publicidade nós estaremos prejudicando a descoberta da verdade”, disse José Carlos Dias, um dos membros da comissão e ex-ministro da Justiça no governo FHC, para as cerca de 200 pessoas que lotaram o auditório da OAB-RJ. (mais…)