Para ver, ouvir e pensar: “Vidas secas – conversa com Walnice Nogueira Galvão”

 

No acervo de fotografia do Instituto Moreira Salles encontram-se imagens relevantes do sertão de Minas Gerais e do Nordeste brasileiro. A convite do blog do IMS, a professora Walnice Nogueira Galvão – especialista em dois escritores que retrataram a geografia física e humana dessa região, Guimarães Rosa e Euclides da Cunha – analisa um conjunto de fotos de Maureen Bisilliat, Alfredo Vila-Flor, Claude Santos, Jair Dantas, Flávio de Barros e Edu Simões. Segundo a professora, é possível identificar três módulos no conjunto que lhe foi apresentado: natureza, guerra e estética. Um outro elemento é ainda destacado: a figura do encourado. A professora ressalta, por fim, o valor do álbum de Flávio de Barros, único profissional que fotografou a Guerra de Canudos (1896-1897), recuperado pelo Instituto Moreira Salles.

Enviada por Ruben Siqueira com a observação abaixo, que este Blog endossa radicalmente:

“É oportuno e vale a pena ver este vídeo. É de inestimável valor pelas fotos históricas, sobretudo as de Canudos; em primeiro lugar, as de Flávio de Barros, e as da segunda cidade antes da inundação pela barragem de Cocorobó. Mas a visão da profa. Walnice, na conversa, sobre o sertão nordestino, o semi-árido brasileiro, o bioma caatinga, é lastimável! Reproduz e corrobora acriticamente a visão tradicional, interessada aos senhores de lá e de cá. Ignora que se é SEMI-árido não é só aridez, tudo “à beira da morte”, como ela diz…. Ora, se o chão é gretado é porque foi úmido, esteve sob água. E como é a vida natural e humana quando chove e, às vezes, abundantemente? É plena de vitalidade, intensa atividade de uma enorme profusão de espécies (mais de 1200 vegetais conhecidas, que podem ser até três vezes mais, 185 espécies de peixes, 44 lagartos, 47 cobras, 4 tartarugas, 3 crocodilos, 49 anfíbios, 350 pássaros e 80 mamíferos)! Como tantos anfíbios naquela sequidão, não é, profa.? Os “garranchos” estão só aparentemente mortos; rebrotam com os primeiros pingos das chuvas, que duram de quatro a seis meses, num verde matizado incrivelmente forte! É certo que os humanos se incorporam a este duplo fenômeno vital – e são, sim, antes de tudo fortes, como escreveu Euclides da Cunha.

De uma intelectual importante e respeitada espera-se que seja melhor informada e informante!”

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