Da Página do MST
O empresário rural Alessandro Meneghel, ex-presidente da Sociedade Rural do Oeste (SRO), foi preso na manhã de sábado (14) sob acusação de ter matado o policial federal Alexandre Drummond Barbosa, de 36 anos, por volta das 3h30 da manhã do dia 14, numa casa noturna em Cascavel. Ele deve responder por homicídio qualificado.
Depois de ter atirado no policial, Meneghel fugiu do local do crime em uma caminhonete, mas foi encontrado mais tarde em uma propriedade rural. Barbosa, que estava de folga, chegou a receber atendimento no local, mas morreu quando era encaminhado para o hospital. Ele estava na Polícia Federal em Cascavel desde a inauguração da delegacia, em 2006.
A Polícia Civil de Cascavel, no oeste do Paraná, entregou na tarde desta terça-feira (24), ao Ministério Público, o inquérito que indicia o fazendeiro. Segundo a defesa do fazendeiro, ele teria atirado em legitima defesa. Porém, segundo o delegado que cuidou do caso, Luiz Rogério Sodré, os depoimentos de 15 testemunhas foram decisivos na conclusão do inquérito. “A maioria das testemunhas alega que o fato não foi legítima defesa. Ele (Alessandro Meneghel) atirou primeiro. O policial federal somente começou a atirar depois que estava caído”, concluiu.
Alessandro Meneghel está preso na Penitenciária Federal de Catanduvas, também no oeste do Paraná. Ele foi preso em flagrante na fazenda da família com duas armas sem documentação legal. Meneghel vai responder por homicídio qualificado e se for condenado, deve cumprir cerca de 30 anos de prisão.
História
A advogada da ONG Terra de Direitos, Gisele Cassano, informou na época que o presidente da Sociedade Rural do Oeste, Alessandro Meneghel, contratou seguranças particulares para ameaçar os Sem Terra acampados na região. “Meneghel declarou à imprensa que a cada reintegração que o governo não cumprisse, os próprios ruralistas iriam retirar os sem-terra das propriedades”, afirma Gisele.
Em julho de 2007, a Polícia do Paraná realizou a reintegração de posse da fazenda Syngenta, depois que integrantes do Movimento ocuparam a área para denunciar a realização de experimentos ilegais com sementes de milho transgênico em zona de amortecimento, prática vedada pela Lei de Biossegurança.
Depois do MST reocupar a área novamente, o militante do MST, Valmir Motta de Oliveira (Keno), foi brutalmente assassinado depois que a empresa NF Segurança tentou realizar o despejo ilegal da fazenda, em 21 de outubro de 2007. Além de Keno, outras pessoas ficaram gravemente feridas.
Segundo Gisele, a NF Segurança foi contratada pela Syngenta, Sociedade Rural do Oeste, que tinha como presidente Alessandro Meneghel, e pelo Movimento de Produtores Rurais para fazer as reintegrações de posse.
Os despejos ilegais não são apenas uma das marcas de violência cometida por Meneghel. Por várias vezes ele fez graves ameaças aos agricultores sem terra. A manutenção do latifúndio e o uso de milícias armadas evidenciam um modelo de desenvolvimento monopolista e violento no campo.
Meneghel já esteve preso por cerca de três meses em 2009, em Toledo (PR), sob acusação de porte ilegal de arma. Ao ser abordado na ocasião, ele tinha em seu carro um rifle e uma pistola. Em 2007, ele foi indiciado pelo Ministério Público por formação de quadrilha sob alegação de defesa de propriedades rurais da região contra invasões. O fazendeiro já foi presidente da Sociedade Rural do Oeste do Paraná e ocupa um cargo de diretoria no DEM (Democratas) de Cascavel.
http://www.mst.org.br/Fazendeiro-que-mandou-matar-Sem-Terra-e-indiciado-ao-assassinar-Policial-Federal