Furto da imagem de Nossa Senhora do Carmo é interpretado como aviso para quilombolas pararem de lutar por reconhecimento de terras
Por: Redação da Rede Brasil Atual
São Paulo – Imagem de Nossa Senhora do Carmo, reconhecida como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Ministério da Cultura, foi furtada no último dia 13 da igreja de mesmo nome, localizada no Quilombo do Carmo, em São Roque, no interior paulista. O Ministério Público Federal (MPF) em Sorocaba está investigando o caso. Os quilombolas acreditam que o furto tenha motivação política.
A imagem tem cerca de três séculos, alta cotação no mercado de colecionadores e valor religioso inestimável para a comunidade quilombola. Dois dias depois do furto, o procurador da República Rubens José de Calasans Neto determinou que a Polícia Federal instaure um inquérito para apurar o caso. A investigação tem como base a importância histórica, cultural e patrimonial da peça.
O Ministério Público Federal (MPF) acompanha desde 1999, por meio de inquérito civil, a luta da comunidade quilombola pelo reconhecimento de seus direitos. Eles lutam para provar que após a assinatura da Lei Áurea, em 1888, receberam da Igreja Católica a doação de uma área de 470 alqueires.
De acordo com os quilombolas, o território já foi reduzido em 99,72%, e não existe reconhecimento legal das terras remanescentes. O MPF ingressou com ação civil pública na Justiça Federal para obrigar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a apresentar até o final de 2011 um cronograma de atividades para a demarcação e titulação das terras ocupadas pelos remanescentes da comunidade do Quilombo do Carmo. Apesar da determinação, o Incra não concluiu o trabalho.
Segundo nota divulgada pela Fundação Cultural Palmares, o furto da imagem da santa, um dos principais símbolos da comunidade, pode ter sido um aviso aos quilombolas para que acabem com a luta pelo reconhecimento de seus direitos.
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