Mayron Régis
A forma como a Suzano Papel e Celulose derrubou a cerca da família Domingues na comunidade de Formiga, em Anapurus, Baixo Parnaiba maranhense, valendo-se da madrugada, quando as pessoas dormiam, reedita as piores práticas das oligarquias locais. Não deve ter sido fácil para a Suzano abdicar do seu discurso de sustentabilidade para os “investidores ingleses assistirem” e assumir o seu lado Hyde. Ou será que foi? Afinal, intimidar uma comunidade do interior do Maranhão deve contar pontos em algum índice de negócios, como o da Bovespa.
As horas despendidas pelos trabalhadores da Suzano na derrubada da cerca da família Domingues aparecem como? Como horas extras? Quanto a empresa pagou por esse serviço? No rebolo de gente, os funcionários da Suzano, protegidos por uma empresa de segurança, destruíram os tijolos na posse da Dona Graça, membro da família Domingues.
A ação dos funcionários da Suzano se baseia em uma liminar obtida ilegalmente a partir de um documento de compra de 148 hectares num local denominado Mirim, localizado em Anapurus. Esse documento tem mais furos que um queijo suíço ou, em outras palavras, é uma furada mesmo. O documento da Suzano data de 11 de dezembro de 1996, enquanto que o documento da família Domingues data de 08 de janeiro de 1966.
Traça-se uma nova dinâmica para o eucalipto em todo mundo, o referendando como espécie de valor climático excelente como se as espécies nativas não o fossem, vide o caso das espécies do Cerrado e da Caatinga. Mudam-se os nomes e os motivos, mas o caráter usual com o qual as elites maranhenses adornam a grilagem de terras e a intimidação de comunidades continua o de sempre. Esse foi o caso de um conselheiro do TCE do Maranhão que apertaria as mãos dos seguranças da Suzano caso estivesse por perto.
http://territorioslivresdobaixoparnaiba.blogspot.com/2012/02/o-carater-usual-das-acoes-da-suzano.html