Seppir e Caixa assinam acordo de cooperação

Parceria visa adesão à campanha Igualdade Racial é pra Valer e prevê uma série de iniciativas pela promoção da igualdade racial

A Caixa Econômica Federal (CEF) firmou hoje (21) um acordo de cooperação técnica com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). A parceria visa à implementação de ações que assegurem a adesão da CEF à campanha Igualdade Racial é pra Valer e inclui, além da divulgação da campanha nos terminais de auto-atendimento, a adoção de uma série de iniciativas de promoção da equidade de cor, raça e gênero. Entre elas, a abordagem do quesito raça/cor no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida.

“Com a inclusão do quesito raça/cor no Minha Casa, Minha Vida, essa parceria permite à Seppir, que não é um ministério de execução finalística, tornar mais sólida sua atuação no que se refere ao monitoramento de políticas públicas”, declarou a ministra da Seppir, Luiza Bairros. De acordo com o presidente da CEF, Jorge Hereda, o acordo amplia as possibilidades de uma política já adotada pela instituição. Ele disse que a cooperação entre os dois órgãos viabilizará o aperfeiçoamento de ações pela promoção da igualdade racial que a Caixa vinha construindo junto aos seus públicos internos e externos.

A parceria entre os dois órgãos já nasce com uma situação concreta, a do filme da campanha institucional em que o escritor Machado de Assis era representado por um ator branco. Ambos os gestores – a ministra e o presidente – ressaltaram a importância do episódio tanto para o mercado publicitário em geral quanto para a publicidade de governo. Quanto ao desfecho configurado pela Caixa ao refazer o VT, desta vez com um ator afrodescendente, foi caracterizado como uma atitude exemplar e um marco para a área de comunicação. “Fizemos questão de tornar público o reconhecimento do nosso erro, pedindo desculpas à população e reproduzindo a peça corrigida”, declarou Hereda.

Ações previstas

Além da divulgação das peças publicitárias nas agências, o acordo prevê uma série de medidas, que incluem a formulação, aplicação e avaliação de ações e mecanismos de promoção da equidade de cor, raça e gênero na área de recursos humanos da CEF; a adoção de mecanismos de promoção da equidade de cor, raça e gênero nos editais e cláusulas contratuais com prestadores de serviços; um levantamento de beneficiários por cor e gênero do programa Minha Casa, Minha Vida.

Outra iniciativa propõe uma parceria com o Ministério da Educação para realização de uma pesquisa sobre os beneficiários, por cor e gênero, do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies) e do Programa Universidade para Todos (Prouni), visando a implementação de ações afirmativas; e ainda, a divulgação e o atendimento de demandas do Estatuto da Igualdade Racial.

Igualdade Racial é pra Valer

Lançada neste Ano Internacional dos Afrodescendentes, instituído pelas Nações Unidas, a campanha da Seppir convoca a sociedade a incorporar o movimento pelo fim do racismo no Brasil. As parcerias são estabelecidas com órgãos do governo, com a iniciativa privada e a sociedade civil, fortalecendo a promoção da igualdade racial em diferentes segmentos. Alem da CEF, a iniciativa já conta com a adesão de governos estaduais e municipais, da Câmara dos Deputados e do Senado Federal; dos Ministérios da Saúde, Educação e da Justiça, através da Polícia Federal; da Petrobras, dos Correios, da Tempo Propaganda e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Os acordos de cooperação são construídos conforme a especificidade da atividade dos parceiros e incluem os planos de trabalho com atribuições das partes, metas e prazos para execução das ações. Além do comprometimento com a divulgação da campanha, também são previstas cláusulas relativas à formulação e implementação de ações afirmativas. Oferta de cursos de capacitação, realização de censos e estudos, adoção de sistemas de cotas raciais, proposição de leis, estão entre as iniciativas pautadas.

Enviada por Ricardo Álvares.

Comments (2)

  1. A Toda Sociedade Brasileira.
    Abaixo, manifesto nacional por melhoria da condição de um povo com o estigma doloroso de vidas – 800000 pessoas, 90% analfabetos, segundo o IBGE – relegadas ao abandono e à execração pública diária. Resolvemos apelar para a compaixão e a responsabilidade civil de todos os segmentos da sociedade, por puro cansaço de anos de tentativa inglória de amenizar a dor do despertencimento. O momento é agora, já que o governo federal confirma o intento de erradicação da miséria em nosso país.
    Estamos enviando-lhes este manifesto de pedido de socorro imediato ao Povo Cigano, para que todos se sensibilizem e interfiram junto aos órgãos competentes, para incluí-los nas políticas públicas de saúde, educação, erradicação da miséria e de comportamentos preconceituosos que causam tanto sofrimento a esses seres à margem da vida.
    Nós, voluntários do Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente, APAC, Casa de Passagem, e na cidade de Viçosa, Minas Gerais, além do Forum Mundial Social – Mineiro e diversas outras entidades requeremos as medidas emergenciais de inclusão destes brasileiros, que já nascem massacrados pelo fardo vitalício da dor do aviltamento e segregação atávica em nossa sociedade, desabrigados que são da prática do macroprincípio da dignidade da pessoa humana, telhado da Constituição.

    Cliquem no link abaixo, no artigo da SEPPIR, que confirma a situação deles. E, por favor, leiam o anexo.
    http://noticias.r7.com/brasil/noticias/falta-de-politicas-publicas-para-ciganos-e-desafio-para-o-governo-20110524.html
    Se nosso país tornou-se referência em crescimento econômico, certamente conseguirá sê-lo também em compaixão e acolhimento dessa causa universal.
    DE GENTE ESTRANHA, em caravana.
    Dolorosamente incômoda.
    Ciganos. Descobrimos, perplexos, que suas famílias são excluídas dos programas de bolsa-família, saúde, educação, profilaxia dentária, vacinas etc. Sua existência se torna mais dramática, pois não conseguem os benefícios do governo por não terem endereço fixo. Segundo o IBGE, são cerca de 800.000, 90% analfabetos.
    Há seis anos, resolvemos visitar um acampamento em Teixeiras, perto de Viçosa. E o que vimos foi estarrecedor: idosas, quase cegas, com catarata. Pais silenciosamente angustiados, esperando os filhos aprenderem a ler em curto espaço de tempo, até serem despejados da cidade. Levamos ao médico crianças que “tinham problema de cabeça”. E eram normais. Apenas sofriam um tipo diferente de bullyng, ignoradas, invisíveis que são. Chefes de família com pressão altíssima e congelados pelo medo de deixarem os seus ao desamparo.
    Vida itinerante. Numa bolha, impermeável. Forasteiros no próprio país. Dor sem volta. Passamos a visitar todos que aqui vem. E a conviver com o drama de mulheres grávidas, anêmicas e sem enxoval. Crianças analfabetas aos dez, onze anos.
    Em 2008, pesquisando, achamos a Cartilha dos Direitos Ciganos da advogada Dra. Mirian Stanescon Batuli, a primeira cigana com curso superior no Brasil.
    Certa vez, ao entregar a Cartilha na rua, ouvimos o seguinte: “se vocês chegassem há pouco, veriam uma dona xingar todo mundo de ladrão, como sempre fazem.” Outra, com os olhos turvos, grávida de dois meses e já com quatro filhos, tentou doar-me o bebê. Um cigano olhou a Cartilha com descrença. Medo cravado na alma. Alguns às vezes nos ligam para ver se conseguimos do prefeito de algum lugar que eles fiquem um pouco mais até que um ou outro menino termine o semestre na escola.
    Sugeriram-nos que eles precisam se organizar e reivindicar. Ora, alguém já viu seqüestrado negociar com sequestrador? Como pessoas reféns do analfabetismo, execradas publicamente todos os dias de suas vidas, amordaçadas pelo preconceito e com filhos para alimentar conseguirão lutar por algo? Vide a Pirâmide de Maslow. Quem tem que gritar somos nós. Para eles não sobra tempo de aprender o ofício da libertação, já que são compulsoriamente nômades – sempre partem porque os donos dos terrenos ou algum prefeito desinformado logo dão um jeitinho de “precisar com urgência daquele local”. Assepsia étnica.
    A gente descobre, atordoada, que desde a primeira diáspora, quando passaram a viver à deriva, sempre expulsos, eles vivem numa cápsula do tempo. Conservam os mesmos hábitos daquela época, ou seja, sociedade patriarcal, vestuário, casamento prematuro, a prática de escambo e a mesma língua dos antepassados. Tudo isto PORQUE NÃO PARTICIPAM DAS TRANSFORMAÇÕES DA CIVILIZAÇÃO. Jamais tem acesso às benesses das pesquisas tecnológicas e científicas, aos programas governamentais de erradicação da miséria, às celebrações civis agregadoras ou sequer a proposta de ao menos um olhar de compaixão.
    E, então, “civilizados” que somos, cristãos ou não, que gritamos por nossos direitos, que votamos a favor ou contra, que existimos, continuaremos a dormir em paz?
    Agradecemos a todos que se sensibilizarem com a causa e nos ajudarem.
    Abaixo, email recebido de uma senhora cigana , esposa de um professor de Viçosa.
    Respeitosamente,
    Profª.Bernadete Lage Rocha
    [email protected]
    031-88853369
    Voluntariado:
    APAC – Viçosa-MG
    Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente
    Conselho de Segurança Alimentar
    MULHERES PELA PAZ
    PASTORAL NÔMADE

    (O nome foi deletado em respeito à ela)
    Bernadete: Li seu artigo e os outros que me indicou e, neste momento, de alma pesada, garganta em nó e olhos úmidos, não sei como expressar-me. A dor que experimento é como chaga viva, sangrenta, para a qual não parece haver remédio. Parece que se instalou em mim toda a dor do meu povo e, tudo que posso, exatamente agora, é deixar que o pranto role e lave os lixos da minha mente, ora poluída pelo desamor, pelo descaso, pela vida miserável a que tem sido obrigados os meus iguais, a minha carne, o meu sangue.
    Sei, perfeitamente, o que ser cigano no mundo dos gadjés. Também tenho sofrido preconceito e muitas vezes experimentei “o dom da invisibilidade”, outras tantas, conheci o verdadeiro significado e a dor do desprezo, pelo simples fato de não negar minha origem. A forma que encontrei de não mais deixar-me exposta às feridas que levava para casa, cada vez que fui alvo de repúdio, de zombaria, de desconfiança e de outros tipos de preconceito foi o anonimato, o refúgio da minha casa, de onde raramente saio. Aconselharam-me, mais de uma vez, esconder minha origem para que a sociedade me aceitasse, mas não posso ou quero e, ademais, tenho orgulho de ser uma filha da Casa de Rom, tenho orgulho do meu pai e de sua quinta casta, da minha mãe e da terceira casta à qual pertence.
    Sempre sonhei em lutar pelo meu povo, porém fomos criados para sermos pacíficos, para entendermos e aceitarmos que o mundo é dos Gadjés e que somos hóspedes de passagens, além de minoria. Nunca consegui realizar o sonho que acalento de criar “A Escola Itinerante Pró-Ciganos”, para levar o saber, a educação a cada acampamento, a fim de diminuir a linha de desigualdade que separa o meu povo dos Gadjés. Quem sabe, agora, com sua ajuda e mais de quem queira abraçar essa causa, a escola possa ser criada e eu realize o sonho de ensinar a cada ciganinho a descobrir a escrita, a leitura e, através da educação, meu povo aprenda a lutar por respeito à sua condição de ser humano?
    Obrigada, amiga, por se importar com os “párias” da sociedade.

  2. Seria interessante, lógico e razoável antes de aplaudirmos tal feito , lembrarmos que todo esse painel já era idealizado por Dr. Délio Martins muitos anos atrás cá no RJ – não se limitando a uma espécie de mecânicas DESCULPAS por um MACHADO DE ASSIS branco em Ano Internacional da Afrodescendência por parte da CEF. Digo isso, pra melhor entendimento, pois, Délio Martins é o nome- espécie /referência no tema na sua Agência do RJ, a AGÊNCIA NÚMERO 01 – – funcionário da Caixa Econômica Federal e que por ter essas atitudes sofreu * sim uma feroz perseguição ideológica… que ainda não teve um desfecho digno e honrado. Se a CEF tivesse , enfim, vergonha e interesse realmente de aprofundar nessa lógica racial , o nome emblemático de Délio Martins mereceria ser resgatado , pois, nunca nunca esteve longe dessa causa maior… como o próprio Délio, assim demonstrou verbalmente, recentemente em mesa – no Distrito Federal no Seminário AGU/DF – Promoção Igualdade Racial e Ações Afirmativas no Ensino Superior . Seminário na Seppir – AGU – Advocacia Geral da União – DF, com tema :As Cotas Raciais e a Perspectiva da sociedade civil organizada.
    Registre-se, por oportuno, que até mesmo foi brindado com MOÇÃO DE LOUVOR E RECONHECIMENTO concedida pela Câmara Municipal do RJ à Coordenação Municipal do MNU , na figura do Dr. Délio Martins… Só a CAIXA que ainda resiste na demora em reconhecer esse símbolo de luta contra o racismo e talvez vítima do próprio , no dantesco perfil Institucional. Mas, acredito em evolução de idéias por pressão dos movimentos … que faz elevar os momentos ao resgate da memória , da História e não somente do lamento…
    Logo, para um organismo se livrar do mal , deve primeiro admitir que ele existe – e talvez o referido Acordo de Cooperação entre a Seppir e a CEF , revele esse espelho tantos anos oculto e possa gerar efeitos derivados em outros bancos, em outros organismos públicos ou privados que se alimentam do RACISMO INSTITUCIONAL . Creio que outros atos de resgate da dignidade e amor próprio e contra o racismo – se revelem além de meia dúzia de cláusulas e convênios, mas, com ações positivas aos que sempre sofreram por revelar temas tão necessários ao progresso de nossa nação negra.RJ, 21 de novembro de 2011.

    Dr. Tito Mineiro é Diretor do Sindicato dos Advogados do Estado do Rio de Janeiro e Membro da Comissão de Igualdade Racial da OAB/Rj.

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