Herói, Nzumbi

Herói, Nzumbi. 15975.jpeg Mário Maestri*

Em 20 de novembro de 1695, em um ermo perdido das matas alagoanas, no sul da capitania de Pernambuco, Nzumbi dos Palmares caía lutando, vítima da delação de um seu homem, capturado e torturado.  Seu corpo foi mutilado e seu sexo, arrancado e enfiado em sua boca. A cabeça do guerreiro, decepada, foi exposta, em Recife, em um chuço, até apodrecer, para que os humildes lembrassem sempre a sorte dos que desafiam os donos da riqueza e do poder.

Nzumbi foi o último grande chefe político-militar da confederação dos Palmares, nascida da federação dos quilombos da região, que unificaram suas forças diante dos incessantes ataques escravistas. A confederação teria reunido, em diversas aldeias semi-autônomas,  após o fim da ocupação holandesa do Nordeste, em 1654, uns seis mil habitantes, população significativa para a época.

Nzumbi chefiou a confederação após a defecção de Nganga Nzumba, que, em novembro de 1578, em Recife, rompeu a unidade quilombola e aceitou a anistia oferecida apenas para os nascidos nos quilombos, em troca do abandono dos Palmares e da vil entrega dos ex-cativos ali refugiados. (mais…)

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Escritor Fernando Morais dá uma merecida surra em Leandro Narloch

Sem graça, Narloch foi fisgado pela própria inconsistência e por uma necessidade fantasiosa de acreditar no que quer, como quando diz que o ‘capitalismo é o que de melhor já aconteceu na história da humanidade’

Nem as batatas cubanas ficaram de fora da mais animada e polêmica entre as mesas da 7ª Festa Literária Internacional de Pernambuco (Fliporto), que reuniu, em Olinda, os jornalistas Fernando Morais, Leandro Narloch e Samarone Lima. O tema proposto era América Latina para o bem e para o mal e Cuba dominou boa parte da conversa. A segunda parte do debate ficou concentrada nos dois livros de Narloch, o Guia Politicamente Incorreto do Brasil (hoje, o quinto mais vendido no Brasil) e o Guia Politicamente Incorreto da América Latina (Leya). (mais…)

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Carta da professora e antropóloga Aline Crespe e de seus alunos indígenas sobre o massacre de anteontem, 18, em Amambaí

Por Aline Crespe, da Universidade Estadual de MS, Unidade Amambaí

Ontem pela amanhã, ao abrir meu e-mail, recebi mais uma triste notícia de uma situação de violência contra um grupo indígena acampado em uma área em litígio e à espera da continuidade do processo de regularização fundiária da terra indígena. O acampamento se localiza em Amambaí, sul de Mato Grosso do Sul, a menos de cem quilômetros da fronteira com o Paraguai. O acampamento está localizado em uma pequena parte da área de ocupação tradicional chamada Guaiviry. A área esta inserida no conjunto de terras indígenas que deverão ser demarcadas no Mato Grosso do Sul.

O processo de identificação destas áreas começou em 2007 e desde então vem sido repetidamente interrompido pelos conflitos políticos que o envolve. Enquanto isso, repetidos atos de assassinatos contra grupos indígenas que aguardam pela identificação e demarcação destas áreas vem ocorrendo. A situação de insegurança e medo vivido pelas populações indígenas é insustentável.  No ano passado a Survival Internacional publicou um importante relatório denunciando a situação das populações guarani no estado de Mato Grosso do Sul.

Fiquei chocada com o que aconteceu e sabia que não tinha como ficar quieta, não falar nada ou fingir que estava tudo bem. Sou professora na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul na unidade de Amambaí, no curso de ciências sociais. Fique pensando como daria aula para os estudantes indígenas naquele dia. Então, fui conversando com os alunos, um a um, e marcamos de nos reunirmos todos para conversamos, até que eles decidiram por escrever uma carta. (mais…)

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