Filmagem realizada na TI Suruwaha apresenta os índios como um povo selvagem

Recentemente a FUNAI autorizou o ingresso de equipe de reportagem na Terra Indígena Suruwahá, mediante assinatura de “Termo de Compromisso”.

Ocorre que o programa final veiculado no Channel 7 rompeu com os acordos firmados e apresenta os índios Suruwahá como um povo selvagem, com o único proposito de apresentar os indígenas como bárbaros que precisam de “salvadores”.

“É uma reportagem racista que fala da ‘tecnologia da idade da pedra’ dos Suruwaha, e diz que estar com os índios é como ‘viajar ao passado… 10.000 anos atrás”.

Como a reportagem da revista Veja, querem mudar o foco e denunciar fatos inverídicos, para desqualificar a atuação de um indigenista que ao longo de sua vida só lutou para que os Suruwahá consigam se autodeterminar, sem a influência nefasta dos missionários da JOCUM. Aliás, durante a presença da JOCUM entre os Suruwahá, ocorreram muitos suicídios. Após suas retiradas (da JOCUM) por determinação do Ministério Público, os suicídios acabaram.

O filme “Fala também do infanticídio e diz que os Suruwaha são uma ‘tribo perdida que encoraja o homicídio’, ‘uma prática de eutanásia extrema e absurda’, ‘matar na maneira mais repulsiva possível’, ‘uma das piores violações dos direitos humanos”.

A filmagem foi realizada na TI Suruwaha, por uma equipe de filmagem Australiana, para  o programa Sunday Night. Responsáveis pelo programa: Paul Raffaele (escritor) e Tim Noonan (repórter).

O que fora acordado com a equipe:

  • Consultar os Suruwaha antes de qualquer atividade proposta e respeitar sua aprovação ou rejeição;
  • Paul se comprometeu diante de todos a enviar uma cópia da produção e de todo o material na íntegra para ficar disponível para os Suruwaha;
  • Repasse de todo o material filmado para a FUNAI ainda em Lábrea;
  • Paul e Tim entrariam em contato com Adriana (linguista) para tradução de todo o material ;
  • Levar bateria suficiente para mostrar as filmagens para os Suruwaha;
  • Divulgação de uma imagem verdadeira e positiva do “mundo dos Suruwaha”.

O que de fato foi publicado:

  • A equipe deu foco na edição do filme em atividades sem respeitar a aprovação/rejeição dos suruwahas, sem a consulta dos mesmos;
  • As cópias do material não foram repassadas a Funai. A Funai só viu o vídeo após editado e pronto, pelo site youtube.com. O material na íntegra nunca fora entregue a Funai ou aos Suruwahas;
  • Não levara baterias suficiente para exibir as filmagens aos Suruwahas;
  • Fizeram uma divulgação falsa da imagem dos suruwahas, de forma leviana e preconceituosa;
  • O preconceito quanto a cultura dos indígenas é observado em todos os momentos durante o vídeo, quando os chamam sempre de “Povos Primitivos”ou “Povos da idade da pedra. E também a uma grande inverdade quando falam referente ao Infanticídio, prática esta que não ocorre a vários anos. Relatam tal prática como sendo corriqueira e comum;
  • Conforme relatos do Chefe de Serviço, responsável pelo PVIP Suruwaha, foram  feitas diversas filmagens nas quais os suruwahas afirmam que não mais praticam tais atos, mas os mesmos não foram aproveitados;
  • Utilização indevida da indígena Muwaji, que fora retirada ilegalmente da TI Surwaha pela organização evangélica Jocum, para um suposto tratamento médico de sua filha, portadora de necessidades especiais.

A FUNAI  está providenciando as medidas judiciais cabíveis ao fato.

Enviada por Antenor Vaz.

Comments (7)

  1. Aproveito para questionar algo que não entendo: se o índio é civilmente incapaz, por que ele pode responder por crime? Outro dia vi que um índio estava sendo julgado por homicídio. Que incoerência!!!
    Bom…mas o que quero mesmo saber é como vai ficar essa pouca vergonha que a Veja denunciou sobre a TRADUÇÃO FRAUDULENTA.
    E aí??? Alguém pode me dar uma resposta séria? Esse sujeito que traduziu o que quis, não cometeu crime?

  2. Quando falei piada, entenda “piada” o fato de vocês estarem tirando a atenção da “tecla sap” com defeito da FUNAI. Admitir isso até aqui nada; falar mal de quem trabalhava direto com os indios (sem ganhar salário e sem AC no escritório, como já citado aqui) é fácil demais. Piada mesmo!

  3. Putz

    eu fui o interprete do Paul e Tim. Se derem uma busca o Paul foi um “cockhead” em cada lugar que passamos, em cada hotel que nos hospedamos, em cada hospital que foi tratado e ainda na base da Funai onde fomos tratados com uma hospitalidade incrivel.
    Quanto ao documentario eles ja sabiam o que fazer desde o inicio, tavam mal intencionados e enganaram a todos nós inclusive os Suruwahas.

    O Paul forçou ser espancado mas os ajudantes nao se renderam, ele tentara forçar um estado doente para o seguro pagar por um helicoptero. Foi uma das maiores aventuras minha vida, que pena que os Australianos cagaram. A foto da Veja rolou photoshop, aquela cara de velhinho inocente é mentira. O proprio Suruwaha que esta na foto foi enganado ao mostrar o macaco no video. Sacanagem da pura. Me orgulho de ter amigos na Funai e nos suruwaha e parabenizo os mesmos pelo trampo.

    O Paul fala de direitos humanos qdo deve espancar a propria esposa em casa e o Tim tem as autoridades australianas no encalço por forjar materias como essa. Arseholes!

  4. Seu artigo é o mais nefasto de todos. Eu li a reportagem da Veja e vi o vídeo dos australianos e tenho certeza de que voce escreve o que escreve porque eles discordaram de seus métodos. É notório como agentes da FUNAI tratam os índios. Para voces, eles não são melhores do que animais e devem ser deixados no isolamento porque não sabem oque é melhor pra eles mesmos, pois não são capazes de pensar como seres humanos.
    Conheço algumas dessas pessoas que você se refere e posso afirmar que são 2 vezes melhores do que você, em sua intenção. Eu conheço alguns deles que deixaram tudo para ajudar uns indios que deveriam ser ajudados por pessoas que são pagas para ajuda-los. Esses que você se refere, não ganham nada, não estão sentados em salas com AC e não tem salário e estabilidade no emprego para manter índio na ignorancia. Eles se dedicam para ver essas PESSOAS com uma vida melhor, para ver crianças sendo protegidas do infanticídio, sendo elas indias ou não. Eu as vezes me pergunto o porque de elas fazerem isso, pois não ganham nada e ainda sofrem com as calúnias vindas de pessoas como você que não tá nem aí pra índio. Mas eles tem sua filosofia e até onde entendo, são bem melhores do que a sua ou do tradutor que quis induzir os reporteres australianos ao erro deliberado. Isso além de mentira, é mal, é tática nazista. Agora me diga, quem é o pior Nefasto, o nefasto que quer salvar crianças inocentes do infanticídio e tirar gente da miséria, ou o nefasto que mente descadaramente para manter os “ignorantes” na miséria porque para ele, eles são simplesmente “animais sapiens”?
    Falar que algo é cultural como vocês querem atribuir aos índios, é o cúmulo da hipocrisia. Nós mesmos praticavamos a escravidao até pouco tempo atrás e era cultural e aceitável, mas era moralmente errado. Mulheres não podiam votar ou ter outros direitos básicos do ser humano, crianças não tinham direito a opinião, etc. Tudo isso mudou, apesar de ser cultural e aceito. Quem é você para dizer que os indios não tem o mesmo direito a essa mudança e acesso a essa mesma informação. Dizer que o suicídio diminuiu por que os missionários sairam de lá, é o mais ridículo do ridículo. Quem começou a questionar isso foram eles e a tentar ajudar essas pessoas a ter uma outra escolha ao invés do suicídio, algo que vocês sabiam que existia, mas não se importavam e não se importam. Com certeza a diminuição se deu por causa da influência deixada por esses missionários que vocês querem extirpar. Se eu fosse esses missionários, deixaria que os indios se danassem mesmo, mas não sou eles e espero pelo bem desses índios que eles continuem porque se a escolha dos índios está entre esses missionários e gente como voce e o tradutor que mentiu na cara dura, eu acho que eles estariam bem melhores com os missionários, sem entrar no mérito de religião.

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