NOTA DE APOIO AO MOVIMENTO INDÍGENA BOLIVIANO EM SUA LUTA EM DEFESA DA VIDA
A COIAB vem por meio desta, manifestar seu apoio aos parentes indígenas da Bolívia que passam por um drama histórico, de afronta aos direitos humanos, gerado pela dura repressão à voz legitima que brada por direito à vida. A marcha dos guerreiros de TIPNIS.
A violência sem justificativas do último dia 25, contra a marcha de centenas de indígenas, de homens, mulheres e crianças que protestavam contra a construção de uma estrada que invadirá território indígena, é um reflexo da política desenvolvimentista dos governos comprometidos com o progresso a qualquer custo, que ultrapassa fronteiras e vai prejudicando todos os povos.
Essa fúria do capitalismo defendida pelos nossos governantes, não respeita a territorialidade, não aceita os direitos dos povos indígenas, garantidos pelas constituições federais e pelos organismos internacionais de direitos humanos, entre elas a Convenção 169 da OIT e a Declaração dos Direitos Humanos da ONU.
O Brasil que é considerado a potência da América do Sul, nos envergonha com a exportação dessa política desenvolvimentista, invasora, que não respeita os povos indígenas.
Envergonha o parecer do Itamaraty, do Governo Brasileiro, que observa a questão na Bolívia, como mero espectador, quando na verdade é o principal agenciador desse genocídio.
Denunciamos que integrar oceanos não é mais importante que os direitos de nossos territórios livres da ameaça dos grandes projetos. Rejeitamos a política governamental dos nossos países que visam conectar a Amazônia ao mercado globalizado, programas como a iniciativa de Integração da Infra estrutura Regional Sul Americana (Iirsa), com sua carteira de projetos megalomaníacos, bem como as estradas, linhões, transposições e hidrelétricas do PAC.
Manifestamos o nosso apoio ao movimento indígena da Bolívia, a organização indígena CIDOB que trava essa luta de resistência contra os opressores, em uma marcha que há mais de 40 dias vinha provando que a resistência indígena na Bolívia é motivo de orgulho para todos os povos indígenas da Amazônia e do mundo.
Exigimos que o Governo Brasileiro reveja o financiamento do BNDES para a construção dessa repudiada estrada, alterando o curso que invade a terra indígena, trazendo tantos transtornos aos parentes na Bolívia, para que as cenas dessa tragédia que vimos não se repitam, apesar de já fazerem parte de uma dramática história dos nossos parentes em defesa da vida.
Manaus, Amazônia Brasileira, 30 de setembro de 2011.
Saudações Indígenas,
Marcos Apurinã
COORDENADOR GERAL DA COIAB
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