Pra onde vai o Velho Chico? “Indústria nacional quer interferir nas regras da transposição do São Francisco”

A afirmação foi feita 2 de setembro por José Machado, assessor especial do ministro da Integração Nacional, durante a reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente da região Nordeste da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Podemos juntos fortalecer a política de recursos hídricos nos quatro estados que receberão a água do São Francisco”, disse Machado.

Segundo ele, a indústria reconhece a Lei 9.433/05, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, e pode dar contribuições importantes para elaborar um sistema de gestão das águas da transposição do São Francisco. “Precisamos estabelecer uma política de parceria coerente com as demandas das indústrias”, destacou Machado. Para ele, a visão que a CNI tem sobre os recursos hídricos é moderna e apropriada, porque incentiva a indústria a buscar o uso racional da água nos processos produtivos.

“A transposição do São Francisco é uma realidade e uma preocupação do setor industrial do Nordeste. Portanto, a CNI vai discutir com os representantes da região e apresentará sugestões. A água do São Francisco poderá chegar também ao setor industrial e criar riqueza e desenvolvimento”, destacou o secretário-executivo do Conselho, Shelley Carneiro, que é gerente-executivo da Unidade de Meio Ambiente da CNI.

Durante a reunião, realizada na sede da CNI, José Luiz de Souza, coordenador-geral de Projetos de Apoio ao Desenvolvimento da Região Beneficiada do Ministério da Integração Nacional, apresentou o modelo de gestão do projeto São Francisco. Entre os itens apresentados estavam o andamento das obras de transposição do rio, valores estipulados por metro cúbico d’água e a capacidade de vazão dos eixos norte e leste, que estão em construção. Os dois eixos levarão água aos estados de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte.

“A vazão de bombeamento no cenário de 2025 é de 26, 4 metros cúbicos por segundo. Desse total, 10,29 metros serão destinados ao eixo leste e 16,11 metros para o norte”, explicou Souza. “O valor calculado, em 2005, por um estudo da Fundação Getúlio Vargas previa treze centavos por metro cúbico para o Ceará e quinze centavos para Paraíba”, exemplificou o coordenador do Ministério da Integração.

O projeto de transposição do São Francisco está orçado em cerca de R$ 8 bilhões e tem previsão para assegurar a oferta de água para 12 milhões de pessoas em 2025. O recurso inclui a proposição de programas que estimulem o uso eficiente dos recursos hídricos oferecidos pelo Programa de Integração do São Francisco e incentivem o desenvolvimento econômico e social das regiões. “Por isso, é importante a participação do setor industrial nesse processo”, ressaltou Souza.

A CNI tem hoje uma Rede de Recursos Hídricos que abrange todo o país com representantes em todos os estados. A Rede é o meio de atuação e acompanhamento da indústria nos comitês de bacias hidrográficas e no Conselho Nacional de Recursos Hídricos.

por João Suassuna

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