RJ – Comunidade Vila da Harmonia: primeira etapa da destruição

No dia 16 de dezembro, operários da prefeitura, apoiados por mais de 30 policiais civis militares e guardas municipais, foram à favela Vila Harmonia, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, para demolir as casas de dezenas de famílias. As opções dadas pela prefeitura para os moradores, muitos deles há 40 anos no local, foram ultrajantes. Casas que valem até 40 mil reais foram avaliadas em 5 mil reais pela prefeitura. Os que não aceitaram o valor foram ameaçados de despejo sem outra alternativa habitacional, que não os obscuros abrigos da prefeitura, ou um apartamento do projeto Minha Casa, Minha Vida, em Campo Grande, a 40 quilômetros do local. Mesmo assim, os moradores teriam que pagar por esses apartamentos.

Indignados, muitos moradores resistiram à ação com o apoio de várias organizações que esteiam a luta do povo desde o início das criminosas ações de remoção de favelas e bairros pobres levada a cabo pela prefeitura. Entre essas organizações, destacam-se o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos, a Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência e a Pastoral de Favelas.

Na ocasião, várias casas foram demolidas. A maioria delas era ocupada por moradores que caíram nas ameaças e intimidações da prefeitura e aceitaram ir para Campo Grande, abandonado o local onde nasceram e cresceram.

— O meu sentimento é de que o lugar onde eu moro, onde nasci, as arvores que eu plantei, vai tudo se acabar por causa da especulação imobiliária — disse à nossa equipe de reportagem o morador Tiago da Costa, se referindo à crescente valorização do Recreio dos Bandeirantes, região praiana do Rio de Janeiro, vizinha a Barra da Tijuca e que há 10 anos está sendo invadida por resorts e prédios de luxo.

Na região — que também será palco de grande parte dos jogos nas Olimpíadas de 2016 — a maior parte das favelas está ameaçada de expulsão, muitas delas, como a Vila Harmonia, por estarem no caminho da rodovia Transoeste, que está sendo construída pela prefeitura. Mas os moradores seguem resistindo na justiça com o apoio do Núcleo de Terras da Defensoria Pública e lutando como podem nos tristes dias em que a prefeitura resolve mostrar suas garras, para o deleite das classes dominantes.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.