Mérito e Privilégio

Carlos Hotta

Um dos argumentos contra o uso de cotas nos exames de ingresso para Universidade é o de que as cotas vão contra o princípio da meritocracia. A meritocracia tem muitos defensores na Universidade. A lógica é simples: dá-se mais aos que merecem mais. Se você tem mais méritos acadêmicos, você merece cargos melhores, salários maiores, espaços melhores. No caso das cotas, só mereceria entrar na Universidade quem teve as melhores notas. A meritocracia é um conceito atraente pois apela ao nosso senso de justiça. O problema é que não podemos falar de meritocracia na Universidade brasileira pois a meritocracia pressupõe que condições iguais foram dadas a todos os que participam da “competição”. E isso não é verdade.

Muitos podem argumentar que os alunos entram na Universidade em branco e que os que se destacam se destacam apenas por méritos. Isso também não é verdade. Vou usar a minha vida como exemplo para evitar injustiças. Eu sempre estudei nas melhores escolas particulares de São Paulo. Quando tive dificuldades na escola, minha mãe me inscreveu em um curso de inglês, que cursei por 6 anos. Tive oportunidade de sair do país um punhado de vezes e sempre tive os livros que quis. Tudo isso me deixou em um patamar à frente de muitos colegas quando entrei na faculdade. Enquanto eles se estapeavam por livros traduzidos na biblioteca, eu ia direto à fonte porque meu inglês era razoavelmente bom. (mais…)

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SP – Começa júri de acusados de matar cacique guarani-kaiowá

Daniel Mello – Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Começou hoje (21) o julgamento dos três acusados de matar o cacique guarani-kaiowá Marcos Veron. Após o sorteio e escolhas da defesa e acusação, foi definido um júri composto de seis homens e uma mulher. A expectativa é que a sentença do crime ocorrido em 2003 não seja conhecida antes de sexta-feira (26).

Além do assassinato de Veron, os acusados: Estevão Romero, Carlos Roberto dos Santos e Jorge Cristaldo Insabral respondem por tortura, sequestro, formação de quadrilha e seis tentativas de homicídio.

Antes do início do julgamento, em frente ao Fórum Federal Criminal Ministro Jarbas Nobre, membros da tribo de Veron cantaram em um ritual religioso. Segundo a filha do cacique, a professora indígena, Vadelice Veron, foi uma oração para dar proteção e sabedoria aos procuradores responsáveis pela acusação. “O que a gente espera é a Justiça”. (mais…)

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Comunidades denunciam à CIDH desocupações forçadas e demolições no Rio de Janeiro

Natasha Pitts – Jornalista da Adital

Moradores das comunidades da Restinga, Vila Recreio II e Vila Harmonia, no Rio de Janeiro, estão sofrendo desde o ano passado desocupações forçadas. A ação, de responsabilidade da Prefeitura municipal, justifica os despejos e demolições com argumentos de que a área será utilizada para a construção da Transoeste, obra que visa à estruturação da cidade para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016. Até o momento, mais de 200 casas já foram demolidas.

O desrespeito à legislação nacional e internacional e as consequentes violações aos direitos humanos dos moradores das comunidades praticadas pela Prefeitura foram denunciados à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH-OEA). Com o auxílio do Conselho Popular, Pastoral de Favelas, Rede de Comunidades e Movimentos contra a Violência e colaboradores, um pedido de outorga de medida cautelar foi feito no dia sete de janeiro solicitando que o organismo se pronuncie acerca da situação.

Passados 30 dias, a CIDH remeteu uma comunicação solicitando mais informações sobre a situação das comunidades cariocas. O pedido foi atendido e a expectativa é de que o organismo internacional retorne o mais rápido possível com uma resposta concreta. De acordo com as entidades apoiadoras das comunidades afetadas, no período em que aguardavam uma resposta da CIDH todas as casas marcadas na comunidade da Restinga foram demolidas. (mais…)

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O agronegócio é escravagista

Do jornal Vias de Fato

No mês passado, no dia 27 de janeiro, o Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Açailândia (CDVDH) lançou um livro que detalha o mapa do trabalho escravo em nosso Estado. Trata-se do Atlas Político-Jurídico do Trabalho Escravo Contemporâneo no Maranhão.  Nele, estão relatados os casos de extrema violência, a impunidade descarada, a total cumplicidade do poder político e completa ausência do Estado, dito, “democrático de direito”. Uma sequência de crimes que, no Maranhão, tem envolvido a elite do estado: deputados, prefeitos, juízes, grandes empresas e várias outras pessoas ligadas com as diferentes áreas do agronegócio.  Da pecuária, ao algodão, da cana de açúcar ao carvão.  Uma situação muito distante do desenvolvimento alardeado pela propaganda oficial veiculada a peso de ouro na TV Mirante.

Por conta deste importante trabalho publicado em livro, nesta nossa 17º edição, o Vias de Fato dividiu a entrevista do mês entre os três organizadores do livro, os advogados Antônio Filho e Nonato Masson e o jornalista Reynaldo Costa. Colaborou conosco nesta entrevista o jornalista e militante social da região tocantina, José Luis da Silva Costa. (mais…)

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Termina sem culpados, inquérito da tortura à Mãe de Santo

Ilhéus/Bahia – Nenhum dos sete policiais acusados no caso da tortura à Mãe de Santo Bernadete Souza Ferreira, 42 anos, da Comunidade Banco do Pedro, do Assentamento D. Hélder Câmara, em Ilhéus, foi indiciado no inquérito aberto para investigar o crime.

O caso aconteceu no dia 23 de outubro do ano passado, quando policiais invadiram a Comunidade, deram voz de prisão, algemaram e jogaram a Mãe de Santo – já incorporada de Oxóssi, o Orixá que cultua – em um formigueiro, sob a alegação de que “era prá tirar o diabo do corpo” da líder religiosa, segundo a denúncia feita pela própria vítima e pelas entidades negras da Bahia.

De acordo com a denúncia, a Mãe de Santo também foi jogada num camburão e levada para a 7ª Coordenadoria de Polícia do Interior (7º Coorpin) de Ilhéus, onde ficou numa cela masculina até ser libertada com a intervenção de um delegado.

A delegada Katiana Amorim Teixeira, designada pela Secretaria de Segurança, por determinação do governador Jaques Wagner, deu por concluídas as investigações, depois de ouvir 28 pessoas, juntar dezenas de fotos, laudo do local do formigueiro, num total de 280 folhas. (mais…)

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O racismo enrustido de Ziraldo

Dojival Vieira

O cartunista e escritor Ziraldo, o mesmo que, em 1.971, deu início a campanha que levou à destruição da carreira artística e, posteriormente, à morte mesmo, do cantor negro Wilson Simonal, apresentado injustamente e sem qualquer prova como dedo duro da ditadura, voltou a atacar. Decidiu que é hora de reinventar o conceito de racismo e, lançando mão de sua criatividade gagá, o dividiu em dois: o racismo com ódio e o sem ódio.

O sem ódio, segundo o autor de “O Menino Maluquinho”, “não é problema”. Tudo “prá acabar com essa brincadeira de que a gente é racista”, defende-se, sem que até o momento alguém o tivesse acusado.

O drama de Simonal e o papel de Ziraldo, Jaguar e companhia é exposto no documentário “Ninguém sabe o duro que dei”, de 2009, dirigido por Cláudio Manoel, Calvito Leal e Micael Langer, que mostra o drama vivido pelo cantor ao ser apresentado como delator de militantes de esquerda, em um tempo em que isso significava a morte sob tortura nas masmorras do regime militar. (mais…)

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Servidores e movimentos sociais estão preocupados com extinção do INCRA

Integrantes de movimentos sociais defensores da reforma agrária e servidores do INCRA estão preocupados com a extinção da autarquia ou mesmo seu emagrecimento, com o repasse de atribuições para outros órgãos, levando ao fim a política de democratização de acesso à terra no Brasil. Isso, por causa de proposta elaborada pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) na qual deixa o INCRA apenas com a regularização fundiária.

Essa foi a tônica de uma reunião, ocorrida na manhã desta sexta-feira (18/02), entre direção da Confederação Nacional das Associações dos Servidores do INCRA (Cnasi), a Presidência do Instituto, integrantes de movimentos sociais, representantes de sindicatos (Sindsep-DF e Condsef) e dezenas de servidores.

A reunião gerou vários encaminhamentos aprovados por todos. Entre os quais: posição contrária ao projeto do MDA; valorização da reforma agrária; fortalecimento do INCRA; recomposição e qualificação da força de trabalho (servidores) da autarquia; realização de eventos e atividades que promova e produza conhecimentos científicos sobre o campo e a reforma agrária; união de todos (movimentos sociais, entidades e servidores públicos) na defesa dos órgãos que promovem a democratização de acesso à terra no Brasil.
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Indígenas do Amazonas terão financiamento para produção de castanha

Castanha será carro-chefe, mas haverá incentivo de produtos secundários, como mandioca, tucumã e camu-camu

Indígenas do município de Alvarães (a 538 quilômetros de Manaus) terão acesso a financiamentos para a produção de castanha e de produtos secundários como mandioca, banana, açaí, cupuaçu, tucumã, maracujá e camu-camu, por meio do Programa de Desenvolvimento Regional Sustentável (DRS).

A inclusão no programa foi definida em um encontro entre técnicos da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind) e representantes de instituições como Banco do Brasil, Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), Câmara Municipal de Alvarães, além de lideranças das comunidades indígenas Marajaí, Laranjal, Assunção e Nova Macedônia.

Um grupo de trabalho (GT) foi formado para discutir as metodologias e a implantação do DRS em Alvarães.
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Raquel Rigotto: A herança maldita do agronegócio

por Manuela Azenha

“O uso dos agrotóxicos não significa produção de alimentos, significa concentração de terra, contaminação do meio ambiente e do ser humano”

Raquel Rigotto é professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará. Coordenadora do Núcleo Tramas – Trabalho, Meio Ambiente e Saúde, Raquel contesta o modelo de desenvolvimento agrícola adotado pelo Brasil e prevê que para as populações locais restará a “herança maldita” do agronegócio: doenças e terra degradada.

Desde 2008, o Brasil ultrapassou os Estados Unidos para se tornar o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas, é também o principal destino de agrotóxicos proibidos em outros países.

Na primeira parte da entrevista, Raquel fala sobre o “paradigma do uso seguro” dos agrotóxicos, que a indústria chama de “defensivos” agrícolas. De um lado todo mundo sabe que eles são nocivos. De outro se presume que haja um “modo seguro” de utilizá-los. O aparato legislativo existe. Mas, na prática… Raquel dá um exemplo: o estado do Ceará, que é onde ela atua, não dispõe de um laboratório para fazer exames sobre a presença de  agrotóxicos na água consumida pela população. Ela começa dizendo que em 2008 e 2009 o Brasil foi campeão mundial no uso de venenos na agricultura. (mais…)

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UFRRJ – Seminário Educação do Campo: Povos Tradicionais e Movimentos Sociais

cartaz lecampo

O curso de Licenciatura em Educação do Campo da UFRRJ, iniciado em 2010, tem por objetivo a formação de professores para as escolas do campo do Rio de Janeiro, habilitando-os em duas áreas: ciências humanas e agroecologia. O seminário faz parte das atividades relativas ao tempo-comunidade do curso, que opera segundo a pedagogia da alternância.

A regional sul fluminense conta exclusivamente com educandos quilombolas, indígenas e caiçaras, o que torna o presente seminário um espaço privilegiado para discutir as especificidades da educação do campo voltada para povos e comunidades tradicionais.

O seminário acontecerá no dia 01 de março, terça-feira, na sede da Associação de Remanescentes do Quilombo de Santa Rita do Bracuí. (mais…)

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