”A sagrada herança de Ir. Dorothy precisa ser defendida e multiplicada”. Entrevista especial com Zenilda Petry, Margarida Pantoja e Jane Dwyer

“Um martírio é sempre gerador de ressurreição”. É com essas palavras de entusiasmo e esperança que a presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) – Regional de Belém, Pará, Ir. Zenilda Petry, lembra os seis anos do falecimento da missionária católica Dorothy Stang, assassinada em 12 de fevereiro de 2005, depois de sofrer diversas ameaças de morte de grileiros e madeireiros da região. Dorothy foi morta com tiros a queima-roupa, aos 73 anos de idade, em Anapu.

Embora o martírio da Ir. Dorothy tenha evidenciado “ainda mais a força e a ganância cobiçosa de grupos e pessoas movidas por projetos opostos, por outro lado, esta morte despertou também a consciência, talvez um tanto adormecida de muitas pessoas. Isto resultou em resistência, solidariedade e certeza do caminho a prosseguir daquelas famílias e de uma rede maior de solidariedade. Igualmente, fortifica o povo de Anapu”, constata Zenilda, em entrevista à IHU On-Line concedida por e-mail.

Ir. Jane Dwyer trabalha na Comissão Pastoral da Terra (CPT) e conviveu com Dorothy em 2005. Hoje, ela acompanha as famílias nos PDS, em Anapu, e diz que a situação na região é complicada. “Em 2010, tentaram tomar conta do projeto, desfazer o PDS e aproveitar a madeira para fins pessoais. (…) No Pará é difícil a lei ser observada e comprida. O poder local se une com o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais, cujo tesoureiro é também o presidente da Câmara Municipal. O poder público, junto com o sindicato, aliou-se com os madeireiros do município, principalmente o vice-prefeito, que é madeireiro e fazendeiro”.
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Acordo beneficia comunidade quilombola Charco

Um acordo firmado entre o fazendeiro Hugo Gomes Barros e representantes de entidades da sociedade civil e governamentais realizado, na sexta-feira (11), na Justiça Federal, durante audiência pública, garantiu aos moradores da comunidade quilombola Charco, no município de São Vicente Férrer, o usufruto da terra onde eles cultivam roças. O pacto garante a eles acesso liberado aos caminhos das plantações e aos recursos hídricos, dentre outras conquistas. São Vicente Férrer é um município da Baixada Maranhense, distante 280 km de São Luís.

Na audiência, o juiz federal, José Magno Linhares, concedeu ao fazendeiro o uso da área para a criação de gado, com exceção do búfalo, para vacinar, remanejar os bois e deslocar o gado entre as soltas.

O Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (Iterma) se comprometeu a entregar a planta atualizada do terreno e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) vai elaborar a delimitação da área.

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MA – Trabalhadores e atingidos pela poluição unidos pela dignidade

Pe. Dário

Piquiá, distrito industrial de Açailândia/MA. A cidade, que muitos consideram promessa para o futuro e o crescimento, vive nesses dias mais um conflito.

Dezenas de trabalhadores das siderúrgicas Viena e Fergumar paralisaram os trabalhos de forma geral a partir desta segunda-feira, 14 de fevereiro. Outras dezenas de moradores do povoado de Piquiá de Baixo uniram-se a essa luta em defesa do direito à moradia e à saúde: as atividades das siderúrgicas há vinte anos poluem o ar e a vida de mais de 300 famílias cercadas pelos empreendimentos.

Desde agosto 2009, os trabalhadores da Viena Siderúrgica tiveram sua jornada de trabalho reduzida e seu salário cortado. Ganham atualmente ao redor de um salário mínimo por mês, trabalhando em turnos cansativos, inclusive à noite, em condições pesadas e arriscadas. Não raramente é pedido aos trabalhadores de ‘dobrar’ seu turno, chegando assim a doze horas consecutivas de trabalho. A cesta básica mensal foi suspensa pela diretoria da empresa logo após a assinatura da convenção coletiva. Nos últimos meses o assédio moral da empresa se fez ainda mais forte. (mais…)

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“Seria cômico,…”: CNA pede apoio do governo do Maranhão contra ampliação de terra indígena

O presidente da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Fábio de Salles Meirelles Filho pediu, no dia 10 de fevereiro de 2011, ao vice-governador do Maranhão, Washington Luís Oliveira, o apoio do governo estadual para evitar a ampliação da reserva indígena Governador, localizada no município de Amarante do Maranhão, a 835 quilômetros da capital São Luís.

Acompanhado do presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Maranhão (Faema), José Hilton de Sousa, ele argumentou que o aumento da área, previsto nas portarias 677/08 e 1437/10, da Fundação Nacional do Índio (Funai) afetaria duas mil propriedades rurais na região, consolidadas antes da promulgação da Constituição Federal de 1988.

A reserva tem hoje 42 mil hectares. Com a expansão prevista nas portarias, passaria para 200 mil hectares, e obrigaria a retirada de diversas famílias de produtores rurais que vivem no local. Após ouvir o pleito da CNA e da Faema, o vice-governador afirmou que levará o assunto à governadora do Estado, Roseana Sarney, com o objetivo de incluir o tema na pauta do encontro que ela terá com uma comissão técnica do Ministério da Justiça (MJ). (mais…)

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“Esperança”, por Felipe Milanez, de Anapu, Pará

Local onde irmã Dorothy foi assassinada na vicinal 1, próximo ao lote 55, do PDFS Esperança, em 12 de fevereiro de 2006

A lua cheia se recolheu atrás das nuvens, e algumas gotas anunciam a chuva iminente. “Mas não vai chover agora”, comenta João Araújo. “Só mais tarde, de madrugada.” Ele fala como quem conhece as intempéries da Amazônia.

O telhado de lona que protege algumas redes deve dar conta. João preferiu apenas palha de palmeira, num cantinho onde armou sua rede. Costume de dormir na mata, dos tempos em que trabalhou nos garimpos do Pará.

A floresta é alta, como se estivéssemos cercados de prédios, como uma silhueta da avenida Paulista numa noite de blackout.

Araújo, um solitário lavrador com marcas de uma vida dura nos sulcos do rosto, aproveita a calma da noite, junto de assentados amigos em meio ao bloqueio que fazem da estrada, para contar o drama que passa e falar das ameaças de morte que tem recebido de seu vizinho. Uma surpresa na trajetória de quem largou garimpos em busca da paz bucólica do campo.

“Queria um cantinho meu, sabe como é?” Mas deparou-se com a violenta disputa por madeira nobre na Amazônia. “Meu vizinho me disse: seu João, quero comprar uns pau aí do teu lote. Eu disse: ora, eu não vendo. E ele: então a gente vai pegar assim mesmo.” (mais…)

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Comunicado das Brigadas Populares – Ocupações Urbanas: solução possível

É o momento de nos concentrarmos em uma solução negociada para as famílias sem-teto de Belo Horizonte, que se encontram sob a ameaça de despejo. O despejo não é uma solução razoável, socialmente justa e moralmente aceitável. É necessário romper com os fundamentalismos que obstruem a construção de uma proposta que considere, sobretudo, o destino das centenas de famílias que hoje moram e constroem as ocupações Dandara (Céu Azul), Camilo Torres e Irmã Dorothy (Barreiro).

É fundamental alcançar soluções objetivas, que considerem a responsabilidade de cada agente político envolvido no conflito. Para tanto, é preciso ter clareza do papel de cada um deles no processo de negociação. Não é momento de perder tempo com pequenas soluções, com discussões intermináveis que nada somam para atender à demanda das famílias sem-teto, hoje em situação de risco em decorrência da ameaça contundente de despejo.

Primeiro: nenhuma solução deve estar separada dos verdadeiros interesses das famílias sem-teto que hoje vivem nas comunidades ameaçadas de despejo. Portanto, o verdadeiro centro da luta em curso é garantir uma proposta de solução que evite o despejo eminente. Não devemos, em hipótese alguma desconsiderar os danos incorrigíveis de um despejo violento que, com certeza, colocará em perigo de vida centenas de pessoas, incluindo crianças e idosos que não possuem condições de se defenderem da truculência da ação policial. (mais…)

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Dilma anuncia mudanças no Fies

A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feria (14) que o novo Programa de Financiamento Estudantil (Fies) terá condições gerais de financiamento “muito mais leves” – incluindo juros de 3,4% e maior tempo de carência.

Em seu programa semanal Café com a Presidenta, ela anunciou que o aluno só terá que começar a pagar o financiamento do curso superior um ano e meio depois de formado. Nesse período, segundo Dilma, será possível encontrar um emprego e obter uma renda. Dependendo do curso escolhido na faculdade, como no caso de medicina, o pagamento poderá ser feito em até 20 anos.

A presidenta explicou ainda que, caso o aluno que adquiriu financiamento pelo Fies decida fazer um curso de licenciatura e dê aulas em escolas públicas, a dívida no novo Fies será “perdoada”, por meio de uma redução de 1% a cada mês de exercício profissional.

Outra novidade já anunciada pelo governo é que o programa vai incluir alunos com renda de até um salário mínimo e meio de renda. Antes, eles precisavam arrumar um fiador para ter acesso ao crédito estudantil. “Agora, o próprio governo é fiador”, disse a presidenta.
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Comunidades do Complexo do Alemão terão acesso gratuito à internet

A exemplo de outras comunidades do Rio, o Complexo do Alemão vai ganhar acesso gratuito à internet. O anúncio oficial será feito na tarde desta segunda-feira (14), no Centro de Educação Tecnológica e Profissionalizante (Cetep) do Alemão, pelo secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso. A iniciativa é do Programa Rio Estado Digital, que tem como objetivo levar internet de graça e sem fio para a população, fazendo da rede um instrumento educacional e de acesso à informação.

Duas universidades vão comandar a instalação da internet no Alemão: A Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj). O convênio firmado pelas universidades com o governo do estado prevê a instalação de 257 antenas, que cobrirão as 14 favelas do conjunto.

De acordo com a Secretaria de Ciência e Tecnologia, o custo é estimado entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões e a expectativa é que o sinal seja liberado na primeira área do complexo em junho deste ano. (mais…)

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Seca na China pode provocar crise alimentar global

A FAO, que registrou o recorde histórico dos preços dos alimentos em janeiro, alerta que se a falta de chuvas obrigar o gigante asiático a importar comida, o mundo pode atravessar um período de crescimento da fome

Desde que se começou a falar em mudanças climáticas uma das primeiras preocupações foi o impacto do aquecimento global para a produção de alimentos e como isso afetaria a vida das pessoas e a estabilidade política do planeta. Agora, parece que esse temor está cada vez mais uma realidade, com os fenômenos climáticos extremos ocupando um papel central nas crises de alimentos.

Em 2010, a Rússia atravessou uma onda de calor sem precedentes que devastou sua produção de trigo e fez com que o país suspendesse suas exportações. No começo deste ano foi a vez da Austrália ser assolada pela maior enchente da história e também perder boa parte de sua safra.
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Apagões de eficiência e de tecnologias: linhas de transmissão

Imagem: cafezinhoforte.blogspot.com

A falta de manutenção e de investimento em novas tecnologias de transmissão de energia em alta tensão é o principal problema no Brasil. O sistema atual ainda é jurássico e não tem mais capacidade de suporte para o aumento da demanda. Só quem esteve fazendo pesquisa em grandes lojas de eletrodomésticos antes do Natal, pode ter uma idéia da procura por aparelhos de ar condicionado.

Telma Monteiro

Um sistema de transmissão de alta tensão leva a energia da unidade geradora – hidrelétrica, termelétrica, eólica – até a subestação transformadora de onde saem as linhas de distribuição para o consumidor.  O conjunto da transmissão de alta tensão é formado de cabos condutores, cabos para-raios, estruturas metálicas, espaçadores-amortecedores, cadeias de isoladores, torres autoportantes ou estaiadas e subestações transformadoras que têm mais outros tantos componentes.

Quase todas as linhas de transmissão no Brasil têm mais de 30 anos, exceto o terceiro circuito de Itaipu Itaberá-Tijuco Preto III que foi concluido em 2001, depois de um histórico de quatro anos de irregularidades no processo de licenciamento questionadas pelo ministério público. Visitei subestações de Furnas e tive a impressão de ter voltado no tempo, para a idade da pedra em tecnologia. Impossível não notar os painéis de controle na base das luzinhas coloridas piscando como árvores de natal, alavancas mecânicas, sinais sonoros, reloginhos de ponteiros e salas de controle em estado de sucata, além de decibéis incompatíveis com a saúde do trabalhador.  Eis alguns dos problemas.
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