Chapada do Apodi – Sem alternativa, comunidade usa água contaminada por agrotóxicos no interior do Ceará

Placa de alerta de que a água não é potável está instalada em uma das piscinas-reservatório do projeto de irrigação Jaguaribe-Apodi, no interior do Estado do Ceará
Placa de alerta de que a água não é potável está instalada em uma das piscinas-reservatório do projeto de irrigação Jaguaribe-Apodi, no interior do Estado do Ceará

Kamila Fernandes
Especial para o UOL Notícias
Em Fortaleza

Incolor, inodora, insípida. Assim é a água que a comunidade de Tomé, no alto da Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte (a 198 km de Fortaleza), recebe nas torneiras de todas as suas casas. Contudo, ao analisar 46 amostras dessa água retiradas de diferentes pontos de distribuição, um estudo da Faculdade de Medicina da UFC (Universidade Federal do Ceará) constatou que em todas há resquícios de diferentes tipos de defensivos agrícolas, o que faz dessa água uma ameaça à saúde de todos que a ingerem.

Supostamente por denunciar esse fato, o líder comunitário José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, foi morto com 19 tiros em abril do ano passado, crime até hoje impune. E agora, o Ministério Público do Estado do Ceará ingressou na Justiça uma ação civil pública para pedir a suspensão imediata da entrega dessa água aos moradores do local e sua substituição por água potável, própria para o consumo, nem que seja por carros-pipa. (mais…)

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Moção de Repúdio e Solidariedade à cacique Valdelice

Nós, dirigentes dos movimentos sociais e entidades abaixo citadas, participantes da III  Plenária Nacional da Via Campesina Brasil, realizada entre os dias 09 a 12 de fevereiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema, SP, repudiamos:

– A prisão arbitrária, em 03 de fevereiro de 2011, da cacique Tupinambá, Maria Valdelice de Jesus (Jamapoty), da Aldeia Itapoã, localizada no município de Ilhéus, no estado da Bahia, acusada, injustamente, de liderar quadrilha e comandar de “invasões” à propriedades rurais da região.

– O histórico de agressões e criminalização das lideranças do povo Tupinambá. Sabemos que a prisão da Cacique Valdelice não é a primeira agressão e o primeiro caso de criminalização sofrida pelos Tupinambá. A região é marcada por um longo processo de agressões e criminalização da luta desenvolvida pelos Tupinambá para recuperar a terra que lhes foi usurpada ao longo da história de colonização do Brasil. Em 2008, durante uma tentativa de prender o cacique Babau, da Serra do Padeiro, a Polícia Federal ingressou na aldeia e destruiu a escola da comunidade, além de agredir Babau, seu irmão Jurandir Ferreira e o ancião Marcionilio Guerreiro com tiros de borrachas. Dois dias depois, cerca de 130 agentes voltaram à comunidade, agindo com forte e desproporcional aparato policial. Na ocasião, destruíram móveis, queimaram roças e feriram dezenas de Tupinambá. (mais…)

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