Famílias querem uma garantia de que não serão despejados do terreno onde vivem atualmente e reivindicam a retomada das negociações com o Governo Federal
por Thaís Mota – Minas Livre
Cerca de 200 moradores da Ocupação William Rosa, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, invadiram um novo terreno da Ceasa Minas (Centrais de Abastecimento de Minas Gerais) na manhã desta terça-feira (24). Atualmente, 1.200 famílias sem-teto vivem em um área da Ceasa ocupada há quase um ano e lutam por moradia digna.
Segundo o integrante do movimento Luta Popular/CSP Conlutas, Lacerda Santos, a nova ocupação foi realizada como forma de pressionar para que o Governo Federal retome as negociações, que foram interrompidas após a presidente Dilma Rousseff (PT) assumir um compromisso público com as famílias durante uma viagem a Minas Gerais em abril deste ano.
Na ocasião, Dilma teria garantido aos moradores que não haveria despejo e que a área ocupada, pertencente à Ceasa e consequentemente ao Governo Federal, não seria leiloado. Entretanto, no dia 14 de maio o espaço ocupado foi a leilão e as famílias temem uma reintegração de posse no terreno.
“A ocupação nasce da necessidade de resolver o impasse já que a pauta de negociações está travada com o Governo Federal”, afirmou Lacerda Santos. Entretanto, a ação surtiu efeito e, segundo ele, dirigentes da Ceasa teriam assumido um compromisso e assinado um documento garantindo que não haverá remoções das famílias no terreno ocupado desde o ano passado.
Além disso, o Governo Federal também teria se comprometido com a população no sentido de construir residências, pelo programa Minha Casa, Minha Vida, para todas as 1.200 famílias que vivem na ocupação. Lacerda disse ainda que o governo garantiu que não haverá despejo e que, se houver qualquer remoção, as famílias receberão aluguel social.
Mas, segundo Lacerda Santos, as famílias ainda estão aguardando a chegada de um documento com o compromisso assumido pelo Governo e só devem deixar o terreno depois disso.
Em nota, a Ceasa Minas informou que “está em negociação com o movimento responsável pela invasão ocorrida neste dia 24/06”.
Proposta insuficiente
De acordo com Lacerda Santos, no ano passado, a prefeitura de Contagem teria oferecido um terreno de aproximadamente 10 mil m², no bairro Nacional, para as famílias da Ocupação William Rosa. Entretanto, ele garante que a área seria suficiente para a construção de apenas 400 residências e outras 800 famílias ficariam sem ter onde morar. Por isso, a proposta teria sido rejeitada pelos moradores. Mas, segundo ele, a proposta ainda pode ser aceita, caso os governos consigam outras áreas para as demais famílias.