Cerca de 1200 famílias do MST ocupam duas fazendas no sudeste paraense

Fazenda CopsiparPor Márcio Zonta, da Página do MST

Cerca de 1200 famílias organizadas pelo MST no Pará ocuparam a fazenda Santa Tereza, do empresario Rafael Saldanha, e a Fazenda Cosipar, na tarde deste domingo (8), em Marabá.

O Movimento alega que ambas as áreas são terras públicas e improdutivas, além de incidirem de maneira proibida contra os castanhais da região.

Na fazenda Cosipar existe apenas plantação de eucalipto. Já a fazenda da família Saldanha, criação de gado. No momento as famílias organizam os tradicionais barracos. Nesta segunda-feira (9), uma comissão de negociação do acampamento irá até o Incra de Marabá para pressionar o órgão para elaborar um laudo sobre as áreas.

“A lei é clara: terra improdutiva, grilada, com crime ambiental, tem que ser destinada para Reforma Agrária, por isso os trabalhadores ocuparam essas terras”, resumiu Tito Moura, da coordenação nacional do MST.

O acampamento foi batizado com o nome do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chavez.

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Brasil: o país do transfeminicídio

transfeminicidioPara socióloga, o transfeminicído se caracteriza como uma política disseminada, intencional e sistemática de eliminação da população trans no Brasil, motivada pelo ódio e nojo

Por Berenice Bento, no CLAM 

No Brasil, a população trans (travestis, transexuais e transgêneros) é diariamente dizimada. De forma geral, os assassinatos contra esta população são contabilizados (equivocadamente, ao meu ver) no cômputo generalizante de violência contra os LGBTTT. Sugiro nomear os assassinatos cometidos contra a população trans como transfeminicídio, reforçando que a motivação da violência advém do gênero. O conceito feminicídio foi usado a primeira vez para significar os assassinatos sistemáticos de mulheres mexicanas. (mais…)

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Desafios da transposição vão da burocracia à preservação ambiental

transposiçao canteiroEm 2007, o governo federal lançou os editais de licitação para as obras da transposição do rio São Francisco, cujo prazo inicial para conclusão era 2010.

Maurício Moraes, BBC Brasil

No ano seguinte, em 2008, as construtoras já estavam nos canteiros. Mas, por diversos motivos, a empreitada logo se mostrou mais complexa que o esperado, fazendo com o governo tivesse de renegociar todos os contratos, atrasando as obras – que até agora não terminaram.

Entre 2010 e 2011, uma das construtoras rompeu o contrato e abandonou o projeto. Para garantir sua continuidade, o governo teve de refazer o plano de gestão das obras, estabelecendo uma série de metas e estágios, o que levou às mudanças contratuais das demais empresas envolvidas.

Uma das razões admitidas pelo próprio governo para fazer essas mudanças foi que “as licitações iniciais foram todas realizadas em cima de projetos básicos”, e não a partir de projetos executivos detalhados, segundo explicou Frederico Meira, Coordenador Geral de Acompanhamento e Fiscalização de Obras do Ministério da Integração Nacional. (mais…)

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Matando com e contra a lei, por Egon Heck

darcy ribeiropor Egon Heck

Seguidamente  vemos os povos dos indígenas expressões como “estão nos matando com a lei, a canetaços,  leis que eles mesmos fizeram, dizendo que é para nos defender. Basta citar todas as Constituições desde 1938 até a de 1988. Em todas elas está garantido o direito a nossas terras, à proteção dos nossos territórios. É obvio que nesse quesito a Lei Maior do país foi olimpicamente desrespeitada. Os territórios indígenas foram invadidos, os recursos naturais saqueados. E o que é mais grave, continua o mesmo processo.   (mais…)

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A não vítima

golpe internet mulheresUm golpe na Internet reflete tanto o crime da sociedade contra as mulheres que envelhecem quanto a natureza complexa do amor

Por Eliane Brum, El País

Primeiro, o golpe.

Um homem se apresenta no Facebook dela, psicanalista e escritora. Ele mora nos Estados Unidos, mas é irlandês com mãe brasileira. É viúvo, tem dois filhos, um adotado, já adulto, de 25 anos, e uma adolescente de 13. Trabalha com geologia e faz negócios com petróleo. Tem 60 anos, sente-se sozinho, faz seis anos que se tornou viúvo e busca um amor para dividir a vida. Por inspiração da mãe, começou a buscar perfis de brasileiras no Facebook. Chegou até ela, explica, pelo sorriso da foto. Eles conversam em inglês. O inglês dele é melhor do que o dela, ele a corrige com carinho, a ensina. O inglês dela melhora a cada dia.

Tornam-se presentes um para o outro, apesar da distância. Pelo Facebook e, cada vez mais, pelo viber. Ele acompanha o dia dela, ela acompanha o dele. Ele quer saber o que tem para o jantar, como foi o dia de trabalho, como ela dormiu, qual é a crocância do pão no café da manhã, o que a deixa triste ou feliz, do que ela tem medo. Ela, viúva também, com mais de 60 anos, filhos adultos com suas próprias famílias, descobre que se sentia só antes dele. Que, apesar de gostar do seu trabalho, de conviver com vários bons amigos, de ter uma vida rica de sentidos, faltava algo da ordem do essencial. Antes dele, ela tinha aceitado com demasiada facilidade que o amor e o sexo estavam encerrados para ela. Antes dele, tinha sido obediente demais ao sujeitar-se ao padrão social que impõe o envelhecimento da mulher como o fim do desejo – ou como a impossibilidade de despertar paixão. Percebe que lhe faz falta compartilhar o que chama de “o comum da vida”. E agora, a cada noite, ela diz: “Me acolhe nos seus braços”. E ele a acolhe.

Ela dorme entre braços imaginários, mas tão reais. E a cada manhã, ele divide com ela o pão com manteiga, o croissant, a geleia de pêssego. Divide também as dúvidas, os sonhos dele de se aposentar em breve para viver outro tipo de vida, o passeio ao zoológico que ele faz com a filha, as demandas da bela casa em que ele vive e que ela já conhece por fotos. Conversas comezinhas, conversas tão importantes. Em determinado momento, ele faz um comentário picante. Gostaria de vê-la preparando o jantar de calcinha. Ela dá uma resposta seca. Ele recua, nunca mais faz nenhuma alusão. É um homem sensível, às vezes é possessivo, ela gosta. É como se ele a conhecesse por dentro, como se a tivesse conhecido desde sempre, porque a compreende. Mas não é um galã. As fotos que ele envia para ela, muitas, são fotos de gente comum, nem tão bem enquadradas, nem tão bem focadas, sempre posadas, como são as fotos de gente comum. (mais…)

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Transposição do São Francisco corre o risco de ficar para 2016

Frederico Meira diz que prazo de 2015 depende de condições climáticas (BBC Brasil)
Frederico Meira diz que prazo de 2015 depende de condições climáticas (BBC Brasil)

Um representante do Ministério da Integração Nacional admitiu à BBC Brasil que existe a possibilidade que a obra de transposição do rio São Francisco, cuja previsão de conclusão é de até 2015, só termine em 2016.

Maurício Moraes, BBC Brasil

Frederico Meira, Coordenador Geral de Acompanhamento e Fiscalização de Obras do Ministério da Integração Nacional, fez a afirmação em Salgueiro, cidade no sertão pernambucano, durante a realização de uma série de reportagens sobre a obra.

Meira disse que o prazo de conclusão para dezembro de 2015 é “factível e real”, mas admite que pode haver mais atrasos.

“Vamos dizer que a gente tenha um nível de chuva, como que a gente teve neste ano, no próximo ano. Se a gente mantiver, certamente compromete o ritmo da obra”, disse.

Questionado se as obras poderiam então se arrastar para 2016, reconheceu o risco.

“Pode acontecer, mas num intervalo pequeno de um, dois ou três meses, não mais do que isso. Mas infelizmente pode acontecer”, afirmou. (mais…)

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Projeto Ibaorebu, uma experiência de afirmação da identidade e autonomia do Povo Munduruku

Foto: Izabel Gobbi
Foto: Izabel Gobbi

Izabel Gobbi, Funai

Realizado por meio de etapas intensivas ou “tempo escola” (aulas presenciais) e etapas de acompanhamento ou “tempo aldeia” (momento de orientação às pesquisas desenvolvidas pelos alunos), o Ibaorebu tem se constituído como um espaço privilegiado de exercício da autonomia e do protagonismo do Povo Munduruku.

Como o próprio nome sugere, trata-se de um espaço de criação, construção e valorização de conhecimentos que não se esgotam no processo de escolarização e/ou profissionalização, mas tem caráter contínuo, voltado para a formação integral que dialoga com o significado de ser homem e de ser mulher Munduruku. (mais…)

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Entrevista com professores Munduruku, sobre a demissão arbitrária da prefeitura de Jacareacanga

Por Amazônia em Chamas

Entrevista realizada no final do mês de abril de 2014 com professores Munduruku sobre a demissão arbitrária da prefeitura de Jacareacanga (PA). Sandro Paigo, Flávio Kaba e Antonio Saw denunciam a perseguição do poder público e a realidade das aldeias que sofrem com 4 meses sem aula.

No mês de fevereiro de 2014, 70 professores munduruku que atuavam na educação básica foram demitidos arbitrariamente pelo poder municipal. A prefeitura culpabiliza a “falta de formação” dos professores, mas despreza as resoluções nº 3 e 5 do Conselho Nacional de Educação, que garante a permanência de professores indígenas por formação de serviço.

No dia 10 de março, cerca de 70 professores decidiram trancar a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Desporto (SEMECD) de Jacareacanga. Saíram do local sem obter resposta. (mais…)

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Distribuição da água após concluída a transposição ainda gera dúvidas

Seu Panda quer irrigar o plantio, mas terá de pedir autorização para a Agência Nacional de Águas (BBC)
Seu Panda quer irrigar o plantio, mas terá de pedir autorização para a Agência Nacional de Águas (BBC)

A obra de transposição do rio São Francisco, que a União promete entregar até 2015, deve permitir que a água do rio atravesse centenas de quilômetros, levando-a a reservatórios no sertão nordestino.

Maurício Moraes, BBC Brasil

Segundo o governo, o objetivo maior da transposição é a perenidade do abastecimento mesmo durante a seca. Os canais em construção pela União devem ter 13 grandes “portais”, que serão os pontos por onde a água será transferida para 23 açudes já existentes, além de 27 novas represas.

O grande desafio, no entanto, é o que vem a seguir – a distribuição da água recebida pelos estados beneficiados, que terão a tarefa de fazer essa água chegar às torneiras dos cidadãos. (mais…)

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Transposição já é realidade para comunidades afetadas

transposição salgueiroMaurício Moraes, BBC Brasil

A água ainda não correu pelos canais da transposição do rio São Francisco, mas já transformou a vida de pelo 850 famílias, que deixaram ou estão por deixar suas casas no sertão nordestino.

O padre Sebastião Gonçalves, da Comissão Pastoral da Terra, costuma percorrer de motocicleta várias comunidades na zona dos canais. Segundo ele, é possível ver um impacto generalizado por onde passa a obra, mas, até o momento o maior legado do projeto é o “conflito”.

“No início dos trabalhos da obra havia uma credibilidade muito grande. O sertanejo nesta terra semiárida acolheu (a transposição) com uma esperança muito grande. Mas com as perdas (…) hoje o sertanejo está com o pé atrás”, disse, em frente a sua paróquia em Carnaubeira da Penha (PE). (mais…)

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