MPF/MG: União cede 2 mil hectares de terras para uso de comunidades tradicionais em MG. Vazanteiros, quilombolas e pescadores em movimento!

Foto: Vazanteiros em Movimento
Foto: Vazanteiros em Movimento

Termo de Autorização de Uso Sustentável é o primeiro já firmado em Minas Gerais e concede direito de uso coletivo a 30 famílias de vazanteiros e pescadores artesanais

A Secretaria de Patrimônio da União (SPU), por meio de seu superintendente em Minas Gerais, assinou nesta quinta-feira, 19 de dezembro, um Termo de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) em favor da Associação dos Vazanteiros e Pescadores Artesanais da Ilha da Capivara e Caraíbas.

A associação é formada por 30 famílias residentes às margens e nas Ilhas da Capivara, do Balaieiro e do Coruja, do Rio São Francisco, no município de Pedras de Maria da Cruz, norte de Minas Gerais.

O termo garante aos vazanteiros e pescadores o uso para moradia, pesca e agricultura sustentável de uma área de 2.043,45 hectares, o que corresponde, aproximadamente, a dois mil campos de futebol. As terras constituem patrimônio da União, já que constituída por terrenos marginais a rio federal (São Francisco) navegável, como também por ilhas situadas nesse mesmo curso d’água.

Em julho deste ano, o Conselho Pastoral dos Pescadores e a Comissão Pastoral da Terra representaram ao Ministério Público Federal (MPF) noticiando a ocorrência de conflitos envolvendo fazendeiros e as comunidades tradicionais que vivem no local desde o início do século passado.

Segundo os representantes, a partir dos anos 80, fazendeiros passaram a agir com violência contra esses grupos a fim de afastá-los do local. Há relatos inclusive de fechamento de estradas, com cancela e cadeado, impedindo o acesso à cidade de mais de 500 pessoas. As crianças que antes faziam um trajeto de 4 km para chegarem às escolas, agora, possuem como única alternativa o transporte em barcos pelo rio, em situações de risco e insegurança.

O instrumento do Termo de Uso registra que a concessão funda-se na “imensa potencialidade dos recursos naturais existentes às margens do rio São Francisco, como fator econômico capaz de contribuir decisivamente para a melhoria das condições de vida das populações tradicionais ribeirinhas (pesqueiras e vazanteiras), que promovem o aproveitamento racional e sustentável e ordenação do uso das áreas da União alagáveis, visando garantir a permanência da Comunidade dos Vazanteiros e Pescadores Artesanais da Ilha da Capivara e Caraíbas, para fins de moradia e uso sustentável dos recursos naturais por suas famílias ribeirinhas, como forma de compatibilizar a integridade do meio ambiente com o processo socioeconômico da região”.

Competência federal – Havia sido ajuizada na Justiça Estadual uma ação de reintegração de posse contra a Associação dos Vazanteiros e Pescadores Artesanais. Como se trata de área da União, o Ministério Público Federal requereu o reconhecimento da incompetência da Justiça Estadual, que remeteu os autos à Justiça Federal.

Para o procurador regional dos Direitos do Cidadão, Edmundo Antônio Dias, “paralelamente ao reconhecimento da competência da Justiça Federal, a SPU, na pessoa de seu superintendente em Minas, teve enorme sensibilidade social ao outorgar o termo de uso sustentável em favor dessa comunidade ribeirinha”.

A assinatura do Termo de Autorização de Uso foi intermediada pelo Ministério Público Federal e pela Defensoria Pública da União.

Assessoria de Comunicação Social
Ministério Público Federal em Minas Gerais

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.

Comments (1)

  1. Uma grande vitória para os Vazanteiros.
    Agora é continuar a luta das outras comunidades vazanteiras de Pau Preto e Pau de Légua que vivem refém dos limites impostos por Parques Estaduais gerenciados pelo IEF (Instituto Estadual de Florestas) no município de Matias Cardoso-MG.

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