Enquanto a manifestação acontecia em frente ao Palácio Guanabara, professores da rede estadual disseram ter sido agredidos pela Polícia Militar no mesmo local, depois de audiência com o vice-governador
Felipe Werneck e Clarissa Thomé – O Estado de S. Paulo
RIO – A expulsão por policiais de 30 professores do Palácio Guanabara, depois de audiência com o vice-governador Luiz Fernando Pezão, foi o estopim para que mais um protesto com cerca de 300 pessoas na sede do governo fluminense terminasse em tumulto. Manifestantes do lado de fora derrubaram as grades do palácio ao verem os professores serem arrastados. PMs usaram spray de pimenta, balas de borracha e bombas e uma pessoa foi detida por jogar pedras nos policiais. O confronto se espalhou pelas ruas de Laranjeiras.
Os professores estão em greve desde o dia 9. Eles se reuniram com Pezão e o subsecretário de Educação, Antonio Neto. Insatisfeito, um grupo decidiu permanecer no prédio. Manifestantes que faziam passeata da Igreja da Candelária à Câmara Municipal decidiram ir até o Palácio e apoiar os professores.
Logo depois que chegaram, os professores foram expulsos. “Fui espancado e os policiais me jogaram para fora”, disse o professor de História Fernando Pinheiro, que estava com a camisa rasgada. Colegas dele contaram que Pinheiro foi levantado e arrastado por sete policiais. “Arrastaram as pessoas, puxaram pelo cabelo, bateram em mulheres”, afirmou Alex Trentino, coordenador geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe).
Às 21h30, o Batalhão de Choque dispersou o protesto e o tumulto se alastrou. Manifestantes lançaram pedras (um repórter da rádio BandNews FM foi atingido na cabeça), incendiaram lixeiras, destruíram pontos de ônibus e telefones públicos. Um banco Itaú teve a fachada danificada. Socorristas voluntários contabilizaram dezenas de atendimentos de pessoas afetadas por gás lacrimogêneo.
O governo do Estado divulgou nota, criticando a ação de “grupos radicais”. “Esses grupos não estão interessados no diálogo e na democracia. Eles apostam no caos”, informa o texto.
Bolsonaro
Ao comentar a ocupação da Câmara do Rio e a criação da CPI dos ônibus, o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) deu a seguinte declaração ao jornal carioca O Dia: “Fui ser deputado federal justamente para não andar de ônibus, fusca, van, morar bem e pensar no bem do meu povo e da minha família. Ser pobre e miserável não é o que o vereador merece”.