Adital – Produtores rurais de Mato Grosso do Sul se reuniram na terça-feira (28) com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, para pedir a suspensão da demarcação de terras indígenas no Estado até que os processos sejam submetidos a pareceres da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e dos Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário. A criação de novas reservas indígenas está suspensa no Paraná e o mesmo também deve ocorrer no Rio Grande do Sul por determinação do governo federal.
Segundo o presidente da Frente Nacional Agropecuária, Francisco Maia, os produtores saíram da reunião de terça-feira sem respostas do governo. “Chegamos com um problema grave e estamos saindo com o mesmo”. Maia disse que os produtores rurais do sul do Estado estão dispostos “a parar o país” para cobrar uma decisão do governo federal em relação aos conflitos fundiários em Mato Grosso do Sul” (Ambiente Brasil, 29/05/2013).
“Após a mobilização da Assembleia Legislativa, em Brasília, ontem, o Governo federal anunciou que interromperá temporariamente os processos para demarcação de aldeias indígenas em 28 municípios de Mato Grosso do Sul até que o Ministério da Justiça e a Casa Civil da Presidência da República recebam estudos de outros órgãos envolvidos nas questões fundiárias. Correio do Estado – MS, 29-05-13)”.
Hipocrisia. Pouca vergonha. O que se está fazendo com os povos e direitos indígenas neste país só teve precedentes na década de sessenta e setenta, com um processo de genocídio programado e planejado pela ditadura militar e interesses econômicos ávidos por assaltar os recursos naturais das terras indígenas.
Quando, em 1966, o Serviço de Proteção aos Índios – SPI, pediu de volta os Toldos (Terras Indígenas) cuja proteção lhe havia sido cedida ao Estado do Rio Grande do Sul, por acordo com o órgão federal, os governantes ficaram perplexos e enrubescidos, por não saber o que devolver, pois já haviam se locupletado às custas da espoliação e retaliação das terras indígenas. Não tinham como devolver os espólios, pois vários já se haviam eleito ou estavam ocupando cargos no governo às custas do voto e das promessas aos pequenos e grandes produtores e empresários rurais. E agora, quando os povos indígenas exigem seus direitos recuperando pequenas partes das terras que lhes foram tiradas, vem novamente os políticos e governantes com mais uma barbaridade: suspensão das demarcações de terra.
Seria bom que os envolvidos em mais essa tramoia anti-indígena, já que possuem tanto tempo para, maquiavelicamente tirar os direitos dos povos indígenas, sentassem na varanda ventilada de suas casas e mansões e começassem a ler as 7 mil páginas do Relatório Figueiredo (de 1967-68), para ver se sentem alguma dor e remorso no coração e na consciência. Quem sabe então pediriam ao governo federal que cumpra com agilidade seu dever constitucional parar demarcar todas as terras indígenas do país, o que já deveria ter acontecido há 25 anos .
Em 1978, quando a lei 6.001, Estatuto do Índio, determinava que todas as terras indígenas deveriam estar demarcadas, o então ministro do Interior, general Rangel Reis, propôs a “emancipação” dos índios e de suas terras. Em 1993, quando a Constituição determinava que todas as terras indígenas deveriam estar demarcadas pelo governo federal, parlamentares e setores do governo pleitearam a revisão constitucional para impedir a demarcação das terras indígenas e escancará-las à exploração, principalmente de madeireiras e mineradoras. Aumentaram as invasões e violências contra os povos indígenas. A Terra Indígena Yanomami chegou a ser invadida por mais de 40 mil garimpeiros. Em junho de 1993 aconteceu o massacre de Haximu, em Roraima, no qual foram mortos 16 Yanomami.
Já que existe tanta disposição de parar o país para garantir os vultosos lucros obtidos pelos senhores do agronegócio e seus eleitos, porque não fazê-lo para exigir do governo federal o cumprimento da Constituição? Porque sacrificar no altar do progresso a vida de comunidades e povos como dos Terena e Kaiowá-Guarani? Nos últimos dez anos foram mais de 300 assassinatos de membros desse povo, seja pela luta por suas terras, seja em decorrência dos confinamentos e acampamentos às beiras das estradas.
Funcionários da Embrapa não sejam cúmplices de massacres e extermínios de populações indígenas e de destruição da natureza.
Estamos em véspera do Encontro Mundial da Juventude, quem sabe não seria a oportunidade de dizer para o Brasil e o mundo, porque nas últimas décadas se suicidaram 555 Kaiowá Guarani, sendo a grande maioria jovens. Talvez o Papa Francisco intercedesse junto ao governo brasileiro para por fim a esse processo de genocídio em curso no Mato Grosso do sul e outros estados.
Povo Guarani Grande Povo, 30 de maio de 2013.
Please give the Xukuru people the rights and their land and all the needs for living in their community.
Let’s give to Xukuru people the rights and their land that they have to fight for many years. Let’s stop the genocide to Xukuru people.
protect the Xukuru rights and their land.
I would hope that you would support the indigenous people rather than exploit them. Please remember that might does not make right.
Please do not go back on your moral obligation to allow indigenous people to keep lands that are legally and rightfully theirs!!!