Após um século de descaminhos, povo Kinikinau realiza sua primeira assembleia fortalecendo a identidade na luta pelo bem viver

kinikinau

Por  Matias Rempel, do Cimi Regional Mato Grosso do Sul

Pouco a pouco as pessoas foram chegando e tomando seus lugares debaixo de um puxado de palha, entendido a partir do espaço de um centro comunitário, localizado na Aldeia Terena de Cabeceira em Nioaque (MS). Acima da mesa, em palavras fortes e precisas, podia-se ler: “Povo Kinikinau fortalecendo a identidade na luta pelo bem viver”. Após mais de um século de descaminhos, aconteceu a 1° Assembleia do Povo Kinikinau, entre os dias 6 a 9 de novembro.

Na medida em que as primeiras palavras foram sendo ditas, a memória pediu licença para adentrar a reunião e a história sentiu nas linhas do tempo que seu curso definitivamente está para ser mudado. No semblante seguro dos mais velhos, no sorriso afirmado dos jovens e crianças, na força dos homens e mulheres e nos ditos gerais, entoados cada vez mais firmes “Eu sou Kinikinau”, pouco a pouco este povo vai dando os primeiros passos na reconstrução seu próprio destino, reafirmando sua identidade e retomando o curso da vivência plena de seu modo de ser. Tesouros que a duras penas lhes foram retirados no passado.  (mais…)

Ler Mais

Nota do Núcleo de Estudos afro-brasileiros sobre o caso de Racismo na UFES

racismo-maoComo já externamos pelos meios de comunicação e em reuniões na instituição, ficamos indignados com os atos racistas praticados por um professor no exercício de sua atividade na UFES. Depois de muitas lutas pelas liberdades democráticas, pelo combate ao racismo e pela inclusão neste país, em que muitos perderam até suas vidas, é espantoso ouvir o pensamento conservador repetir para a mídia argumentos que não tem fundamentação científica e baseiam-se em ideologias racistas que estiveram em voga no século XIX no país. Muitas pesquisas já foram produzidas no decorrer do último século sobre as chamadas “relações raciais”, e os recentes estudos acadêmicos produzidos sobre os estudantes cotistas mostram que eles apresentam um aproveitamento igual e índices de evasão menores que a média nas universidades publicas, ainda assim os negros e demais cotistas continuam discriminados.

Nos últimos anos, o NEAB/UFES tem se empenhado em discutir o racismo por meio diversas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Estamos participando do OPAA, Observatório que reúne cinco universidades do sudeste, e com elas realizamos em agosto passado aqui na UFES, um simpósio para discutir as políticas de avaliação do sistema de reserva de vagas e de permanência dos cotistas. Na última sexta-feira iniciamos mais um curso de pós-graduação voltado para a formação de professores do ensino básico, denominado Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola, com recursos do MEC/SECADI.

Enfim, estamos acompanhando atentamente os procedimentos administrativos sobre o caso e acreditamos que nossa instituição deve promover uma discussão ampla e irrestrita da questão racial com todos os seus segmentos. Assim, propomos à administração central que esta discussão formativa seja realizada inicialmente com os professores da nossa instituição e o mais breve possível.

Por uma UFES inclusiva, plural e antirracista!

A coordenação do Neab.

Ler Mais

UFSCar divulga resultado de pedidos de inscrições do vestibular indígena: 237 pedidos deferidos

UFSCar São Carlos tem 61 vagas para indígenas nos 4 campi. Foto: Fábio Rodrigues/ G1
UFSCar São Carlos tem 61 vagas para indígenas
nos 4 campi. Foto: Fábio Rodrigues/ G1

Foram deferidos os pedidos de inscrição de 237 candidatos nos 4 campi. Universidade oferece 61 vagas, sendo uma para cada curso de graduação.

G1

A Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) divulgou o resultado da homologação dos pedidos de inscrição dos candidatos do vestibular indígena nos cursos de graduação presenciais em 2015. Foram deferidos 237 pedidos de inscrição dos 260 pedidos. São candidatos pertencentes a 51 etnias indígenas de 14 estados. Veja aqui a lista.

A universidade oferece 61 vagas, sendo uma para cada graduação da universidade. Os candidatos optaram por cursos distribuídos no campus de São Carlos (38), Araras (6), Sorocaba (14) e Lagoa do Sino 3). A convocação para as provas será divulgada no dia 5 de dezembro no portal da UFSCar e também site da Fundação Vunesp. As provas serão realizadas na cidade de São Carlos, no campus da UFSCar, nos dias 19 e 20 de Dezembro. Os candidatos inscritos devem consultar os procedimentos de seleção no Manual do Candidato. Outras informações podem ser obtidas na Coordenadoria de Ingresso na Graduação pelo telefone (16) 3351-8152.

Os candidatos são dos estados do Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Espirito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Pernambuco, Rondônia, Roraima e São Paulo.

Os que tiveram o pedido de inscrição indeferido poderão apresentar recurso por escrito devidamente justificado. O recurso deverá ser apresentado pessoalmente, ou [via] procurador, na Pró-Reitoria de Graduação da UFSCar, no campus de São Carlos, até o dia 14 de novembro. No recurso, não será admitida a inclusão de nenhum documento além daqueles já apresentados por ocasião do pedido de inscrição.

A quantidade de inscrições recebidas neste ano é recorde, com aumento de mais de 10% em relação ao processo seletivo do ano passado. A oferta de uma vaga adicional em cada opção de curso de graduação presencial é parte do Programa de Ações Afirmativas, aprovado pelo Conselho Universitário da UFSCar, em 2007.

Ler Mais

Serras da Desordem, de Andrea Tonacci (2006)

Carapirú é um índio nômade que, após ter seu grupo familiar massacrado num ataque surpresa de fazendeiros, consegue escapar e viver, durante 10 anos, perambulando pelas serras do Brasil central. Capturado em novembro de 1988, a dois mil quilômetros de distância de seu ponto de partida, é levado pelo sertanista Sydney Possuelo para Brasília. Sua história ganha as páginas dos jornais, gerando polêmica entre historiadores e antropólogos em relação à sua origem e identidade. É identificado como um Guajá por um índio intérprete, órfão de 18 anos, que havia sido resgatado, há 10 anos, pelo próprio sertanista, dos maus tratos de um fazendeiro. Mais uma surpresa do destino: os dois índios reconhecem-se como pai e filho, sobreviventes do massacre de 10 anos antes, ambos acreditando-se mortos. O elenco é formado pelas próprias pessoas que viveram os fatos.

Ler Mais

Caso Vanderlei: Julgamento dia 13/11, quinta-feira, às 13h, no TRT Ceará

ig3-568 agrotoxicoPor Cláudio Silva*

Está marcado para o próximo dia 13 de novembro, às 13h, o julgamento, pelo Tribunal Regional do Trabalho (7ª região, Ceará) do recurso da empresa Del Monte na ação trabalhista que trata da morte do trabalhador rural Vanderlei Matos da Silva.

No processo iniciado em maio de 2009, a empresa foi condenada ao pagamento referente aos danos morais e materiais em favor da viúva do trabalhador, além de verbas trabalhistas.

Vanderlei trabalhou na empresa Del Monte, na função de preparar a solução tóxica, e morreu meses depois. Conseguimos, com apoio decisivo das pesquisas desenvolvidas pelo Núcleo TRAMAS, coordenado por Raquel Rigotto, médica e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, demonstrar o nexo de causalidade entre o trabalho e a morte do trabalhador.

Após a condenação pela Justiça Trabalhista de Limoeiro do Norte, a empresa Del Monte recorreu. O julgamento está na pauta do próximo dia 13 de novembro. No momento, ocorrerá a sustentação oral, ou seja, exposição verbal, dos argumentos dos advogados do trabalhador e da empresa. Após, os desembargadores apresentarão seus votos.

Pela repercussão, ineditismo e relevância do caso, a presença de apoiadores/as e pessoas que direta ou indiretamente atuaram na questão é muito importante.

Esperamos que seja confirmada a decisão vitoriosa da 1ª instância. Certamente essa confirmação será um importante precedente para milhares de casos de trabalhadores/as contaminados no trabalho com agrotóxicos em todos Brasil.

* advogado.

Saiba mais a respeito: Trabalho, agrotóxicos e morte no campo: uma longa espera por justiça

Ler Mais

#DevolveGilmar: Campanha cobra devolução de projeto que proíbe doação de empresas a candidatos, numericamente já aprovado e engavetado por Mendes

Devolve Gilmar

 

Internautas usam a hashtag #DevolveGilmar para pedir [?] que ministro do Supremo libere a proposta da OAB [já vitoriosa, pelo número de votos favoráveis] que proíbe empresas de financiarem campanhas eleitorais; votação começou há sete meses e registrava o placar de 6 x 1 pelo fim das doações privadas quando Gilmar Mendes pediu vistas e travou o debate; contagem do tempo que o ministro segura o processo começou a ser feita pelo colunista do 247 Paulo Moreira Leite, no final de outubro; “É um absurdo jurídico e uma manobra antidemocrática”, defendeu o jornalista

Brasil 247

Sete meses depois, completados no início de novembro, de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes ter interrompido a votação da proposta que proíbe empresas privadas de financiarem campanhas eleitorais, os internautas criaram a campanha #DevolveGilmar.

O tempo que o processo está suspenso foi lembrado pelo colunista do 247 Paulo Moreira Leite, no final de outubro. “Não é razoável impedir — por um artifício — que se faça o debate. É um absurdo jurídico e uma manobra antidemocrática”, defendeu, na ocasião, o jornalista, em artigo intitulado “Devolve, Gilmar!”. (mais…)

Ler Mais

Sonhando ser engenheiro, jovem indígena de RO viaja 8h de barco para fazer Enem

Jeremias Oro Nao viajou oito horas de barco para realizar a prova. Foto: Dayanne Saldanha/G1
Jeremias Oro Nao viajou oito horas de barco para realizar a prova. Foto: Dayanne Saldanha/G1

‘Maior sonho da minha vida é ser engenheiro florestal’, diz Jeremias Oro Nao. Ele saiu da aldeia e viajou pelo rio Pacaás Novos até Guajará-Mirim.

Por Camilo Estevam e Dayanne Saldanha, no G1 RO

O percurso é longo e cansativo, mas as dificuldades são superadas pelo sonho de se tornar um engenheiro florestal. O indígena Jeremias Oro Nao, de 26 anos, viajou por oito horas de barco pelo rio Pacaás Novos do povoado até Guajará-Mirim (RO), município distante cerca de 330 quilômetros de Porto Velho. Ele saiu da aldeia Santo André na quinta-feira (6) para conseguir chegar descansado e realizar a prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Jeremias diz que vem estudando há muito tempo para realizar a prova e espera que as dificuldades enfrentadas não sejam em vão. “O maior sonho da minha vida é ser engenheiro florestal. Me esforcei muito para vir fazer esta prova. Espero que eu tire uma nota boa”, afirma o indígena.

Hospedado em um posto da Fundação Nacional do Índio (Funai), nos dois dias de prova o indígena chegou cedo na Escola Estadual Irmã Maria Celeste para evitar perder a hora. Neste domingo (9), Jeremias aguardava inquieto pela entrada na escola, ansioso para saber o tema da redação.

Em Rondônia, 105.294 pessoas estão cadastradas para fazer a prova, o que representa 1,21% dos cerca de 8,7 milhões inscritos em todo o país. Em relação a 2013, o número de inscritos no estado cresceu 26,69%.

Neste domingo (9), o candidatos realizam avaliações de linguagens e códigos (45 questões), matemática (45 questões) e redação. ciências humanas (45 questões) e ciências da natureza (45 questões). No sábado (8), as provas foram de ciências humanas (45 questões) e ciências da natureza (45 questões).

Ler Mais

Manoel Chiquitano Brasileiro: Documentário revela o drama de um povo dividido entre dois países

manoel chiquitano - etnodoc

Tv Brasil – segunda, 10/11, 19:30h

O documentário Manoel Chiquitano Brasileiro retrata uma busca dupla: primeiro, a luta de um homem solitário que percebe ser necessário documento de identidade para alcançar a nacionalidade brasileira, mesmo sendo ele um índio. E, por outro lado, a luta coletiva do povo Chiquitano, que vive um conflito de identidade étnica, mas vem buscando a demarcação de suas terras tradicionais, apesar das pressões que sofrem dos políticos de Mato Grosso e dos grandes fazendeiros e pecuaristas da região.

O filme ainda envereda pelas questões da fronteira Brasil-Bolívia, já que o povo Chiquitano vive nos dois países e foi separado por uma fronteira que não desejou sem sequer ser consultado.

Por meio de uma romaria à Nossa senhora de Santa Ana, que sai da Bolívia e percorre as comunidades indígenas de ambos os países, Manoel e os Chiquitanos desafiam os limites impostos pela fronteira, na tentativa de se reencontrarem e se reconhecerem como iguais, por meio da fé.

Direção: Aluízio de Azevedo e Glória Albues
Roteiro e montagem: Glória Albues

Ler Mais

Salve as Cachoeiras do Sertão da Quina, em Ubatuba, litoral de São Paulo

Rodrigo Guim

Video com depoimentos de moradores do Sertão da Quina em Ubatuba, onde a Sabesp está construindo uma barragem para captação de água. A população criou o movimento SOS Cachoeiras do Sertão da Quina para lutar pela captação abaixo das cachoeiras e não acima como está sendo feito, o que resultará numa menor vazão de água nas cachoeiras e com isso um impacto ambiental no local e impacto no turismo.

Curta a página do movimento AQUI.
Realização: Rainha do Mar Imagens e Comunicação

Ler Mais

Na ‘branquíssima’ Salvador, mais um caso de racismo em loja de shopping

Ana Paula BispoOntem, Ana Paula Bispo, estudante de Produção em Comunicação e Cultura na Universidade Federal da Bahia, ia fazer um pagamento numa loja de um shopping. Parou para olhar um brinco, desistiu de comprá-lo,  tentou seguir adiante: foi barrada, teve sua bolsa revistada… Só que não parou aí: felizmente, Ana Paula se indignou e denunciou o crime à supervisora da loja, ao shopping, e mais: à Polícia, em boletim de ocorrência. O depoimento abaixo foi por ela publicado numa rede social, assim como as fotos. (TP).

Por Ana Paula Bispo

Aconteceu comigo, aconteceu hoje.

Comecei meu dia muito bem, fui pra uma aula maravilhosa, nem imaginaria que poucas horas depois estaria na delegacia prestando queixa. Acho importante que o máximo de pessoas saibam o ocorrido, pois não acredito que seja um fato isolado.
Passei no shopping Iguatemi depois da aula pra resolver umas coisas, entre elas efetuar um pagamento na loja Riachuelo, entrei na loja pelo terceiro piso e umas bijuterias em promoção chamaram minha atenção. Parei para olhar e vi um brinco no formato de filtro dos sonhos, mas para mim … estava meio caro e segui. Parei novamente [próximo] aos caixas para ver o preço de um copo, quando um funcionário tocou em mim. A princípio imaginei que queria passagem, quando ele me perguntou se eu estava assustada. Antes que eu respondesse qualquer coisa, pois estava atônita, ele foi ordenando que retirasse o brinco da bolsa. Que brinco, meu Deus!!!

Indignada e confusa comecei a retirar tudo que havia na minha bolsa ali mesmo. Como a referida aula era de filmagem, estava com o equipamento dentro de uma bolsa menor, [e] ele apontou pra esta bolsa. Pedi que ele olhasse o conteúdo da bolsa, pois não gostaria de expor o mesmo, ele pediu que uma outra funcionária que havia se aproximado para olhar o interior da bolsa onde o equipamento fotográfico estava devidamente guardado. Esta funcionária era justamente a pessoa que ‘me viu’ colocar o brinco dentro da bolsa e já chegou perto de mim com uma cestinha para que eu colocasse o tal brinco. (mais…)

Ler Mais