“Não queremos guerra. Queremos viver em paz em nossas terras”, por Egon Heck

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CIMI – Clima desértico. Calor infernal no Planalto Central. Brasília ferve. Algumas dezenas de Kaiowá Guarani e Terena caminham até o pátio do Supremo Tribunal Federal (STF). Seus cantos e rituais ecoam entre as paredes de vidro. O forte calor não lhes tira o ardor e a decisão de lutar pelos seus direitos, seja onde for. Em seus corpos pintados, o recado: “queremos nossas terras”. No Jeroki ritual, o gesto de profunda espiritualidade, secular esperança e resistência. Rodeado de crianças, o Nhanderu (líder espiritual) Getúlio dirige-se aos presentes: “é por essas crianças que estamos lutando. Não queremos guerra. Demarquem nossa terra, pois nela queremos viver em paz. Confiamos na sensibilidade e Justiça dos senhores ministros do STF”. (mais…)

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Trabalho envenenado. Uso de agrotóxicos afeta diretamente os trabalhadores rurais, por Viviane Tavares

Uso de agrotóxicos afeta diretamente os trabalhadores rurais que sofrem com intoxicação e outras doenças mais graves

Viviane Tavares – Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz)

O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Embora trágico, isso já não é mais novidade. No entanto, recentes pesquisas latino-americanas mostram que, além da intoxicação via alimentos, os trabalhadores também tem sofrido com esse impacto. E essa realidade está longe de ser mudada. Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na safra 2010/2011, o consumo foi de 936 mil toneladas de agrotóxicos, movimentando US$ 8,5 bilhões entre dez empresas que controlam 75% desse mercado no país.

No artigo “Uso de agrotóxicos no Brasil e problemas para a saúde pública”, publicado na última edição dos Cadernos de Saúde Pública, as autoras Raquel Maria Rigotto, Dayse Paixão e Vasconcelos e Mayara Melo Rocha afirmam que entre 2007 e 2011, de acordo com os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), houve um crescimento de 67,4% novos casos de acidentes de trabalho não fatais devido aos agrotóxicos. No mesmo período, as intoxicações aumentaram 126,8%. Entre as mulheres, o crescimento foi ainda maior, 178%.

Para as pesquisadoras, os agrotóxicos constituem hoje um importante problema de saúde pública, “tendo em vista a amplitude da população exposta nas fábricas de agrotóxicos e em seu entorno, na agricultura, no combate às endemias e outros setores, nas proximidades de áreas agrícolas, além de todos nós, consumidores dos alimentos contaminados”, explicam no artigo. (mais…)

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São Paulo merece e precisa viver o horror da falta de água, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Vai ser didático para o paulistano ficar sem água. Não, este não é mais um daqueles malditos posts irônicos. Eu realmente acredito que a escassez prolongada terá um efeito transformador na forma através da qual percebemos as consequências de nossos atos.

Não quero parecer leviano. Sei que hospitais e escolas vão enfrentar crises, a economia murchará e a vida das pessoas se tornará um rascunho da titica do cavalo do bandido. Afinal, estamos falando de milhões concentrados em um pequeno espaço poluído e caótico dependente do sistema Cantareira.

Mas o ser humano só se mexe mesmo quando está à beira do abismo. E, às vezes, nem isso.

Vejamos um paralelo: diante da negação por parte de governos e o setor empresarial, um renomado cientista declarou, pouco antes de uma das cúpulas globais do clima, que era melhor deixar os fatos tomarem seu curso natural, o planeta aquecer, refugiados ambientais quadruplicarem, cidades nos países ricos serem invadidas pelo mar, a fome surgir no centro do mundo, guerras ambientais ocorrerem. Só assim pessoas e países tomariam atitudes mais fortes que as insuficientes alternativas atuais, como o mercado de carbono. (mais…)

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Representantes do Plebiscito Popular estão em Brasília para exigir aprovação da reforma política

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Natália Fonteles – Adital

O “sim” pela reforma política brasileira é a vontade da maioria das pessoas que participaram da campanha do Plebiscito Popular pela Constituinte, realizada em setembro deste ano por organizações e entidades da sociedade civil. O resultado da mobilização popular foi debatido, nesta segunda-feira, 13 de outubro, com presidenta Dilma Rousseff, em reunião em Brasília. Foram contabilizados 7,7 milhões de votos, destes, 97,5 % foram a favor de uma Constituinte Soberana para elaborar reforma do sistema político brasileiro.

Para os organizadores da campanha, o Plebiscito pela Constituinte representa a vitória do povo e o resultado da votação popular é importante para trilhar um novo caminho rumo à democracia. As propostas sobre a reforma política exigem que uma Constituinte Exclusiva e Soberana seja convocada para garantir o direito do povo e, em especial, pôr fim ao financiamento de empresas a campanhas políticas, a garantia da igualdade de gênero nas candidaturas, o fim da sub-representação da juventude, do negro e do indígena na política, entre outras reivindicações. (mais…)

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Vila União de Curicica Protesta Contra Remoções Para a TransOlímpica

VAheader1Ian Waldron – Rio On Watch

O primeiro grande ato de resistência da Vila União de Curicica, comunidade que fica no caminho do planejado corredor da BRT TransOlímpica, foi realizado no dia 27 de setembro. A comunidade, antes destinado a receber urbanização através do programa Morar Carioca, agora será removida para dar espaço à construção do corredor da TransOlímpica, linha de norte à sul, de Deodoro à Barra da Tijuca.

Os moradores se reuniram em frente ao Bar do Divino, às 10h, e caminharam até chegar à rota existente do BRT na Estrada dos Bandeirantes. Houve um encontro pacífico, porém intenso, entre manifestantes e passageiros dos ônibus do BRT que passavam e que podiam ser vistos pelos vidros escuros em seus assentos se contornando para observar o que acontecia. (mais…)

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Pequenas hidrelétricas ‘secam’ em Minas

Na Hidrelétrica de Gafanhoto corre um filete de água: produção ontem era de apenas meio megawatt/hora
Na Hidrelétrica de Gafanhoto corre um filete de água: produção ontem era de apenas meio megawatt/hora

Estiagem prolongada atinge as PCHs do estado e a produção de energia gerada por elas agora está limitada a apenas 20% da capacidade do sistema. Usina de Cajuru teve de ser desligada

Marta Vieira – Estado de Minas

Donas de uma fatia ainda modesta, mas promissora, da matriz energética brasileira, as pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) sofrem tanto ou mais que as grandes usinas com a seca. A baixa vazão de água levou ao desligamento da principal PCH mantida pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), a Usina de Cajuru, no Rio Pará, em Divinópolis, no Centro-Oeste do estado, sacrificando também, a jusante, a Hidrelétrica de Gafanhoto que operava ontem, só meio megawatt/hora, o equivalente a 3,5% da sua capacidade de geração. Em todo o estado, que detém 99 pequenas usinas, maior número no país, a produção está limitada a até 20% do que esses empreendimentos poderiam oferecer ao sistema elétrico por força do castigo imposto pela estiagem prolongada aos mananciais hídricos. (mais…)

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“Vazanteiros em movimento”: o processo de ambientalização de suas lutas territoriais no contexto das políticas de modernização ecológica

Foto: Vazanteiros em Movimento
Foto: Vazanteiros em Movimento

Felisa Cançado Anaya*, em Ciência & Saúde Coletiva

RESUMO – Este texto tem como objetivo apresentar o processo de ambientalização das lutas sociais das comunidades de Pau Preto, Pau de Légua e Quilombo da Lapinha, no Norte de Minas Gerais, que as ressignificaram nos “Vazanteiros em Movimento”, além da análise do conflito ambiental territorial, parte da perspectiva da Ecologia Política e da Sociologia Crítica. Foram analisados documentos de instituições públicas ambientais e jurídicas, atas e relatórios de pesquisas referentes ao processo de mobilização social e formação política dos “Vazanteiros em Movimento”. Foi realizado trabalho de campo etnográfico no período de 2006 a 2012, entrevistas com os distintos atores envolvidos no conflito e a utilização do “extended-case method” (método de estudo de caso detalhado) ou “análise situacional”, com o objetivo de demonstrar os eventos sociais etnografados em sua perspectiva processual e histórica. Os resultados revelam as contradições da ideologia do desenvolvimento sustentável, que possibilitou a consolidação do agronegócio na região, através dos parques compensatórios ao projeto de fruticultura irrigada e a emergência de um importante movimento social de reivindicação territorial no campo ambiental. Palavras-Chave: Ambiente; Conflito; Território; Povos e comunidades tradicionais. (mais…)

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Ciência & Saúde Coletiva discute injustiças ambientais com foco no Sibsa (para baixar)

Revista_C&SC_vol10_2014_capaComo a questão ambiental está imbricada com as questões social e de saúde? Este é o tema trazido pela nova edição da Revista Ciência & Saúde Coletiva, vol. 19, nº 10, que está disponível on-linepara acesso. A publicação apresenta a contribuição de pesquisadores de todas as regiões do país e trata dos mais diferentes grupos afetados pelos desmandos ambientais; analisa os problemas de poluição das águas, do ar, do solo e as intoxicações e contaminações por agrotóxicos. A revista problematiza ainda a ação humana que degrada o planeta e as doenças e agravos que decorrem das intervenções desastradas que visam apenas lucro e poder. Ciência & Saúde Coletiva deste mês conta com artigos de diversos pesquisadores da ENSP e seu tema foi escolhido em função da realização do II Simpósio Brasileiro de Saúde e Ambiente (Sibsa), organizado pelo Grupo Temático sobre Saúde e Ambiente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco). Confira.
 
No editorial, escrito pelos pesquisadores da ENSP, William Waissman e Ary Carvalho de Miranda, juntamente com Gabriel Schütz, do Instituto de Estudos de Ciências da Saúde, UFRJ, os autores apontam que compartilhar diferentes saberes para a construção de um cenário ambiental e sanitário mais justo é o desafio do II Sibsa. Durante o evento, “os movimentos sociais e academia, com clareza ideológica e postura política assumida, discutirão, a partir do tema central Desenvolvimento, Conflitos Territoriais e Saúde: Ciência e Movimentos Sociais para a Justiça Ambiental nas Políticas Públicas, propostas alternativas aos modelos produtivos dominantes atuais.
 
Para analisar as consequências da desterritorialização na Baía de Sepetiba sobre o processo de trabalho e saúde dos pescadores artesanais daquele território, o pesquisador da ENSP, Marcelo Bessa e Silvio Cesar Alves Rodrigues, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR/UFRJ) escreveram o artigo As consequências do processo de desterritorialização da pesca artesanal na Baía de Sepetiba (RJ, Brasil): um olhar sobre as questões de saúde do trabalhador e o ambiente.
 
O texto mostra que os resultados sugerem forte associação entre os empreendimentos portuários e as instalações do programa nuclear da Marinha do Brasil com a pesca extrativa tradicional, contribuindo para o aumento do tempo de navegação e dos riscos ocupacionais inerentes à pesca artesanal.

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No AM, defesa dos Tenharim acusados de triplo homicídio cita falha em inquérito

Aldeia dos índios Tenharim, em Humaitá, no Sul do Amazonas. Foto: Larissa Matarésio/G1 AM
Aldeia dos índios Tenharim, em Humaitá, no Sul do Amazonas. Foto: Larissa Matarésio/G1 AM

Adneison Severiano, no G1 AM

A defesa dos índios presos acusados de triplo homicídio no Sul do Amazonas aponta supostas fragilidades da investigação desempenhada pela Superintendência da Polícia Federal em Rondônia.  Os crimes ocorreram em dezembro do ano passado, dentro de uma reserva Tenharim, em Humaitá, município distante 591 km de Manaus. Atualmente, cinco dos seis réus estão presos e afirmam que são inocentes.

Dez meses após as mortes, a defesa dos tenharim revelou ao G1 supostas fragilidades da investigação desempenhada pela Superintendência da Polícia Federal em Rondônia. Segundo o advogado Adelar Cupsinski, do Conselho Indigenista Missionário (CIM), que integra equipe de defesa dos indígenas, há falhas na investigação.

“Uma das vítimas tinha juras de morte. Isso foi relatado pelo próprio irmão de uma das vítimas, mas não foi considerado no inquérito. No momento certo vamos colocar essas questões. Há muitas falhas no inquérito e a posição dos índios precisa ser considerada. Os índios confiam na justiça e dizem que são inocentes, nós estamos acompanhando o caso de perto. Todas as aldeias negam a imputação feita aos presos”, disse o advogado de defesa sem se aprofundar nas outras supostas falhas. (mais…)

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