BA – Comunidades ameaçadas por grilagem de terras querem encontro com juiz de Remanso

Imagem: CPT Juazeiro
Imagem: CPT Juazeiro

CPT Juazeiro

As oito comunidades rurais do município de Campo Alegre de Lourdes  que estão sendo vítimas de uma tentativa de grilagem de terras querem conversar com o juiz de direito da Comarca de Remanso Dario Gurgel de Castro. No final de setembro, o magistrado concedeu uma liminar favorável a Vanderlê Dias da Costa que, sem documento algum, diz ser o dono de uma área com mais de 44 mil hectares.  A decisão das comunidades aconteceu na manhã desta quinta-feira, em Angico dos Dias uma das comunidades ameaçadas.

Agora,  os camponeses e camponesas esperam a data da audiência, a ser agendada através dos assessores jurídicos da CPT.

Durante o encontro, os quase cem camponeses e camponesas presentes também discutiram a importância da autodefinição como comunidades de fundo de pasto, modo de viver e criar na caatinga que já predomina nas áreas há gerações. (mais…)

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MPF vai apurar omissão de órgãos federais após morte de idoso Guarani em hospital de São Paulo

MPF_-_logo_novaGravidade no quadro de saúde do indígena se tornou irreversível devido à demora na transferência para unidade médica adequada

Procuradoria da República em São Paulo

O Ministério Público Federal em Santos vai investigar a morte de um idoso Guarani, ocorrida no último dia 3 de setembro, no Hospital São Paulo, na capital. Parecer da assessoria antropológica do MPF indicou que a conduta omissiva de órgãos federais contribuiu para a piora irreversível no quadro de saúde do indígena, que acabou falecendo apesar dos esforços da Procuradoria.

Mário Karai Tataendy Fernandes ficou preso por dois anos na Penitenciária de Paraguaçu Paulista após ter sido condenado a 12 anos de reclusão em regime fechado por homicídio. Nesse período, parentes do idoso buscaram insistentemente o apoio da Procuradoria Federal Especializada (PFE) – Regional Itanhaém e da Coordenação Regional Litoral Sul da Fundação Nacional do Índio (FUNAI-CORLIS) para que ele fosse transferido para instituição mais próxima da família, que residia na Aldeia Guarani Rio Silveira, em Bertioga, no litoral norte de São Paulo, a cerca de 570 quilômetros de distância da penitenciária. Os familiares também pretendiam a progressão de pena por perceberem que a saúde do indígena definhava rapidamente por conta da situação prisional.

O idoso, no entanto, só foi transferido para o Centro de Progressão Penitenciária de Mongaguá, no litoral sul, após dois anos, por atuação da Defensoria Pública Estadual. Além da falta de visitas familiares regulares, a condição de saúde do indígena foi agravada por seu tratamento como cidadão comum. A ausência de alimentação adequada às suas convicções religiosas dentro do sistema penitenciário, por exemplo, fez com que o idoso recusasse sistematicamente os alimentos industrializados oferecidos – considerados “veneno” pela religião Guarani.

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Prêmio para atividades culturais em quilombos, terreiros e coletivos negros será lançado em Goiânia

Foto: Acervo FCP
Foto: Acervo FCP

Mara Karina, FCP

Na próxima terça-feira, 07 de outubro, a Fundação Cultural Palmares (FCP/MinC) lança em Goiânia/GO o Prêmio de Culturas Afro-brasileiras. O objetivo do edital inédito é reconhecer e apoiar iniciativas culturais realizadas por comunidades quilombolas, religiosas de matriz africana e coletivos negros. Participam do evento a ministra da Cultura, Marta Suplicy, o presidente da FCP/MinC, Hilton Cobra e Márcia Rollemberg, da Secretaria da Cidadania e da Diversidade Cultural (SCDC/MinC), entre outros.

As inscrições para o Prêmio de Culturas Afro-brasileiras estão abertas até 06 de novembro, via Correios ou internet (SalicWeb). O valor total é de R$2,5 milhões oriundos da SCDC/MinC, que serão distribuídos entre os 60 projetos selecionados.

O concurso vai premiar atividades nas áreas de literatura, música, artes plásticas e cênicas. A proposta é investir nas expressões culturais desenvolvidas por essas comunidades e garantir seu acesso aos mecanismos de fomento à cultura. Configura-se, ainda, uma forma de cumprir as diretrizes formuladas pelo Plano Plurianual do Governo Federal e pelo Plano Nacional de Cultura – Meta 6. (mais…)

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MPF busca solução para estação ferroviária abandonada e ocupada por 400 famílias na fronteira

Existem no local pequenas edificações e barracos montados ainda na ocupação, em 2012. Foto: MPF/MS
Existem no local pequenas edificações e barracos montados ainda na ocupação, em 2012. Foto: MPF/MS

Concessionária ALL deve decidir se utiliza o espaço ou o devolve à União

MPF/MS

O Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul (MPF/MS) busca uma solução para a utilização do pátio operacional abandonado da antiga estação ferroviária de Ponta Porã, que hoje é ocupado por mais de 400 famílias sem teto. O espaço é de concessão da América Latina Logística (ALL), que requer na Justiça a reintegração de posse. As famílias ocupam o local ocioso desde o início de 2012.

Em reunião na sede da Procuradoria da República em Ponta Porã, no último dia 23, representantes do MPF, da União e da ALL, além do prefeito de Ponta Porã, definiram em acordo que a América Latina Logística deverá se manifestar sobre o interesse e a viabilidade de exploração econômica do pátio operacional, hoje ocioso. Caso a ALL considere inviável o uso do pátio, poderá optar pela devolução do espaço ao acervo da União. O documento deve ser entregue em até 60 dias, após a vistoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no local, prevista para 14 de outubro.  (mais…)

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MPF alerta para loteamento incidente sobre área indígena de Dourados

Confira na imagem a área em questão, com a identificação das principais referências: Linha amarela indica a área que passou por estudos antropológicos: elementos comprobatórios de ocupação tradicional por indígenas guarani-kaiowá
Confira na imagem a área em questão, com a identificação das principais referências: Linha amarela indica a área que passou por estudos antropológicos: elementos comprobatórios de ocupação tradicional por indígenas guarani-kaiowá

MPF/MS

O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados alerta a população da região para a incidência do loteamento João Carneiro Alves sobre provável terra indígena, na região conhecida como Mudas MS. Toda a área está passando por levantamento antropológico pelo Grupo Técnico Dourados-Amambaipeguá, que já identificou “elementos comprobatórios de ocupação tradicional por indígenas guarani-kaiowá”.

Uma pequena comunidade habita a área, que eles chamam de tekohá Ñu-Porã. A Constituição Federal de 1988 reconheceu aos índios direitos originários e imprescritíveis sobre as terras que tradicionalmente ocupam. Os investimentos realizados na compra e construção de habitações poderão ser perdidos caso a área venha a ser considerada indígena. Não há possibilidade de ressarcimento ou indenização, que só ocorre quando o investimento é de boa-fé. (mais…)

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PA – Mobilizações de agricultores garantem reunião com INCRA Nacional

 Imagem: Ecos de Carajás
Imagem: Ecos de Carajás

Ecos de Carajás

Após longo período de espera, agricultores da região de Conceição do Araguaia conseguem agendar reunião com o INCRA Nacional para o próximo dia 09 de outubro.

Houve bloqueio dos agricultores por 12 horas da rodovia estadual PA-287, e durante esse período a comunicação com o INCRA foi intensa. Assim que o órgão a nível federal apresentou ofício confirmando encontro presencial com os agricultores da região, a estrada foi liberada.

Durante mais de quinze dias a sede do INCRA de Conceição do Araguaia foi ocupada por cerca de 150 pessoas, sendo liberado a partir de ontem (31/09), após agendamento de reunião para o próximo dia 9 de outubro com a presença de representante do órgão a nível federal.

A ocupação foi acompanhada de manifestação pelas ruas da cidade e interdição de importante rodovia estadual por doze horas. (Veja vídeos)

A iniciativa de ocupar o INCRA de Conceição do Araguaia foi motivada por insatisfações de agricultores da região com o órgão do governo. Destacamos alguns pontos, como reclamações à estrutura de atendimento para moradores pobres das áreas rurais, e a existência de inúmeros processos administrativos que se arrastam há anos sem definição, como desapropriações de terras griladas para criação de assentamentos. (mais…)

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Trabalhador rural é vítima de tentativa de homicídio em Rio Maria, no Pará

violencia_campoCPT – No dia 19 de setembro de 2014, por volta das 23 horas, o trabalhador rural Ivan José Pereira Guimarães, morador da Colônia Marajoara, município de Rio Maria, no Pará, foi vítima de uma tentativa de homicídio. O fato ocorreu quando Ivan chegava a sua residência, momento em que sua esposa Elizete Pereira de Sousa desceu da moto para abrir o colchete da propriedade rural, surgindo repentinamente duas pessoas da penumbra noturna, efetuando os disparos.

No momento dos tiros, Elizete agiu imediatamente retirando seu filho de 11 anos da garupa da moto, e correndo em direção às pastagens, se escondendo em seguida, salvando a vida de seu filho e a sua própria. No entanto, o trabalhador rural Ivan teve sua perna esquerda alvejada pelos disparos, mas ainda assim conseguiu correr e se esconder nas pastagens.

A dupla de assassinos ainda procurou a família de Ivan usando lanternas para concluírem o “trabalho”, no entanto não conseguiram encontrá-los. Os fatos foram registrados na Polícia Civil de Rio Maria, e o Delegado Luiz Antônio está apurando o caso. (mais…)

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URGENTE: Fazendeiros ateiam fogo em acampamento dos Guarani Kaiowá de Kurusu Ambá

Foto reproduzida da página da Deputada Erika Kokay
Foto reproduzida da página da Deputada Erika Kokay

Conselho Indigenista Missionário Cimi

Pistoleiros ateiam fogo em acampamento dos Guarani Kaiowá de Kurusu Ambá -MS, a ação acontece após 250 indígenas terem retomado uma pequena parte do seu território sagrado no dia 22 de setembro. Os indígenas já vinham denunciando a presença de grupos armados na área. Os proprietários das fazendas ingressaram com o pedido de reintegração de posse deixando claro que existe de fato um grupo articulado para retirar os indígenas do local.

 

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MPF recorre de decisão que rejeitou denúncia contra coronel Ustra e outros dois militares

Eles são acusados da morte de um militante político em 1971; procuradores reafirmam que crimes contra a humanidade não podem ser anistiados

MPF/SP

O Ministério Público Federal recorreu da decisão do juiz federal substituto Fábio Rubem David Müzel, que rejeitou a denúncia oferecida contra três agentes públicos pela morte do jornalista e militante comunista Luiz Eduardo da Rocha Merlino em julho de 1971. Segundo o magistrado, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, o delegado Dirceu Gravina e o servidor aposentado Aparecido Laertes Calandra estariam cobertos pela Lei da Anistia, que concedeu amplo perdão aos autores de crimes políticos entre 1961 e 1979. O médico-legista Abeylard de Queiroz Orsini, denunciado por assinar laudos falsos sobre o óbito, também foi beneficiado pela sentença. No entanto, o MPF reafirma que, de acordo com normas internacionais às quais o Brasil está submetido, delitos como o assassinato de Merlino são considerados crimes contra a humanidade, impassíveis de anistia e imprescritíveis.

O jornalista era integrante do Partido Operário Comunista (POC) e foi vítima de uma estratégia sistemática e generalizada de repressão adotada durante a ditadura. Preso e levado para o Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI) em São Paulo, ele morreu após intensas sessões de tortura conduzidas por Ustra, Gravina e Calandra. Para dissimular a causa da morte, Ustra forjou a versão de que Merlino havia sido atropelado após tentativa de fuga. O então comandante do DOI chegou a ordenar que um caminhão passasse sobre o corpo para dar verossimilhança ao relato.

Os procuradores da República Andrey Borges de Mendonça e Anna Cláudia Lazzarini, autores do recurso, destacam que, ao rejeitar a denúncia, o juiz afrontou o entendimento da Corte Interamericana de Direitos Humanos sobre o julgamento de agentes do Estado envolvidos na repressão política. Em novembro de 2010, ao analisar o desaparecimento de opositores do regime na Guerrilha do Araguaia, o tribunal determinou que o Brasil tem o dever de responsabilizar e punir os oficiais que cometeram crimes contra a humanidade durante a ditadura e que a Lei de Anistia brasileira não pode ser um obstáculo às apurações. O país é signatário da Convenção Americana de Direitos Humanos e está submetido à jurisdição da Corte, cujas sentenças têm efeito vinculante sobre todos os Poderes do Estado brasileiro. (mais…)

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O marxismo weberiano: uma das múltiplas expressões no campo intelectual brasileiro. Entrevista especial com Michael Löwy

Michael-Löwy“O sistema econômico moderno aparece assim como uma espécie de prisão, uma servidão a qual ninguém consegue escapar”, assevera o sociólogo.

IHU – A expressão alemã stahlhartes Gehäuse, traduzida como“habitáculo duro como o aço” ou “jaula de aço”, foi utilizada por Max Weber, sociólogo alemão, para determinar “o caráter liberticida do capitalismo, que impõe de forma coercitiva suas leis e sua dinâmica a todos os indivíduos das sociedades industriais”, e é um dos temas centrais apresentado porMichael Löwy em seu novo livro, intitulado A jaula de aço (São Paulo: Boitempo, 2014).

Na obra, lançada nesta semana no Brasil, o sociólogo brasileiro radicado na França estabelece uma aproximação entre o pensamento de Max Weber e Karl Marx acerca do capitalismo. “Os dois percebem que no capitalismo existe uma inversão perversa entre fins e meios. A acumulação de dinheiro e de capital não é um meio para satisfazer necessidades sociais ou para a felicidade dos indivíduos, mas um fim em si”, pontua. De acordo com Löwy, “o diagnóstico de ambos tem vários pontos em comum, a grande diferença é que Weber é um fatalista resignado — ‘o capitalismo é nosso destino’ —, enquanto Marx aposta numa alternativa emancipadora ao capitalismo”.

Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Michael Löwy comenta a influência do pensamento marxista weberiano na formação dos intelectuais brasileiros, especialmente por conta do desenvolvimento do “catolicismo de esquerda” na América Latina, e assegura que “o Brasil é talvez o país do mundo onde as ideias marxistas, na sua pluralidade e diversidade conflitiva, têm tido o maior desenvolvimento no campo da filosofia e das ciências sociais (sociologia, ciência política, história, etc.). Esta presença deMarx e dos marxistas se manifesta não só nas universidades, mas de forma mais ampla em partidos de esquerda, sindicatos combativos, movimentos sociais urbanos ou rurais, comunidades de base cristãs, etc.”. (mais…)

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