Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta
No dia 27 de agosto, poucos dias depois da II Marcha Internacional Contra o Genocídio do Povo Negro, chamada e coordenada pela Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, Hamilton Borges dos Santos (Walê), um dos principais articuladores da marcha e J.S.S., cujo nome está sendo preservado por questão de segurança, Coordenadora de Comunicação e membro do Conselho de Mulheres que coordena a Campanha Reaja, foram abordados, entre as 17h40 e 18h pelo Ten. Cel. da Policia Militar Valter Souza Menezes, comandante do 18º Batalhão da Polícia Militar do Pelourinho, em companhia de aproximadamente 08 (oito) policiais militares fardados e armados, que pararam na porta da Sorveteria Cubana, aguardando a saída dos militantes da Reaja.
O referido comandante se dirigiu a Hamilton Borges e disse que acompanhou toda a marcha e que Hamilton Borges deveria tomar cuidado com quem fala no carro, que é comandante do 18º batalhão e amigo de João Jorge do Olodum, Alaíde do Feijão e filho de santo da casa branca, que não é racista. Que a polícia sai da comunidade, que são pessoas como nós, maioria negra, que os bons policiais não podem pagar por quem faz coisa errada. Que na marcha, a polícia foi ofendida. Que alguém em cima do carro falou que iria jogar capoeira com a polícia e que se vier de lá a polícia vai de cá.
Hamilton perguntou o significado daquela frase e o Comandante do Batalhão disse, depois de refletir sobre seu tom de ameaça que a polícia podia oficiar o ministério público contra os organizadores da marcha que segundo ele ofenderam a instituição policial militar.
Hamilton Borges disse para que ele acionasse o Ministério Público naquele momento, posto que tudo que foi feito na Marcha estava dentro da legalidade.
O que Hamilton e J. S.S. e as organizadoras e o conselho da Reaja viram foi um flagrante ato de intimidação e ameaça e lembram que há aproximadamente um ano, poucos dias depois da I Marcha, a residência do Militante Hamilton Borges foi abordada pela Policia Militar, à noite depois das 23 horas, com uma insustentável justificativa de denúncia anônima.
Da cidade de Teodoro Sampaio na Bahia surge a informação de que jovens daquela cidade foram abordados por policiais, com armas em punho, tiveram que deitar no chão e tiveram as camisas da Reaja tomadas sob a alegação de que era CAMISA DE BANDIDO.
A Campanha Reaja não vai ceder a intimidações ou qualquer tipo de ameaça, mais teme por seus militantes nas comunidades onde atua, teme por seus militantes anônimos, militantes que podem sofrer todo tipo de abuso a qualquer momento.
Se o comandante tem algo a falar, que seja dito publicamente diante das instituições de direitos e não de forma ilegal, abordando e intimidando as pessoas na rua em tom de ameaça. Lembramos aqui que é esta prática de intimidação que a Campanha Reaja vem denunciando e lutando contra.
Queremos que o Governador do Estado, o Secretário de Segurança Pública, o Ministério Público e a Defensoria Pública se pronunciem sobre o ocorrido. Diante da onda de terror e mortes de militantes que lutam contra uma segurança pública no Estado racista, opressora e violenta, tememos por nossas vidas, integridade física e liberdade de expressão e manifestação.
Anexos
Relato de abordagem policial.
“No dia 23 de agosto de 2014, por volta das 09h, na rua 24 de maio em Teodoro Sampaio- BA, três jovens com idade de 19, 20 e 21 anos foram abordados por dois policiais que trabalhavam no dia. Eles mandaram dois jovens deitarem-se no chão, apontando a arma para eles enquanto um dos policiais agredia fisicamente um dos jovens que se encontrava vestido com a camisa do REAJA. Durante agressão pedia que ele falasse onde estava um outro jovem que não estava naquele momento e, após agressão, o policial mandou que ele tirasse a camisa e disse-lhe que quanto pegasse ele naquele local eles não iriam gostar. Mais tarde, por volta das 16h:00 enquanto eles jogavam uma pelada em um campinho os policiais voltaram a abordar os jovens, com medo eles correram e passaram a noite no mato.
Provocações de policiais militares nas Redes Sociais, relacionando a Campanha Reaja ao crime.