A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) anunciará oficialmente a retomada dos trabalhos de exame antropológico dos restos mortais exumados da Vala Clandestina do Cemitério de Perus às 14 horas da quinta-feira (4) na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. A data coincide os 24 anos da descoberta das 1.049 ossadas e o ato conta com a parceria da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva.
Depositados no Ossário Geral do Cemitério Araçá desde 2002, os restos mortais voltarão a ser analisados por especialistas em antropologia forense do Brasil, e do exterior, assim como por peritos legistas cedidos de diferentes órgãos públicos.
Demanda – A retomada das análises é fruto de anos de empenho de familiares de mortos e desaparecidos políticos que, ao longo deste tempo, cobram do Estado esforços de reparação às vítimas das graves violações de Direitos Humanos ocorridas durante a ditadura civil-militar de 1964.
Em resposta à demanda, a SDH/PR – por meio da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo e a Universidade Federal de São Paulo – firmou convênio para viabilizar a retomada da identificação dos restos mortais já exumados do Cemitério Dom Bosco.
A retomada foi também definida como prioridade pela ministra Ideli Salvatti durante reunião com representantes da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos realizada em Brasília em 18 de junho. “O sentido de urgência nessas buscas é em primeiro lugar pelos familiares dos mortos e desaparecidos”, destacou na ocasião. “Esse trabalho tem que ser feito pelo Estado brasileiro em respeito aos familiares, para que esse luto seja encerrado.”
Preparação – Para tanto, pesquisadores realizam, desde julho, uma sistemática e exaustiva compilação de informações de fontes escritas e audiovisuais sobre a ditadura civil-militar brasileira, o Cemitério Dom Bosco e a estrutura da repressão em São Paulo. A partir dessas informações, foi possível definir os nomes das vítimas inumadas no cemitério, particularmente na Vala Clandestina, assim como reunir dados fundamentais para o desenvolvimento das análises antropológicas.
Após os exames antropológicos, o material genético coletado será encaminhado a laboratórios especializados para a elaboração de perfil genético das ossadas. Estima-se que as etapas de lavagem, secagem, catalogação, triagem e análise genética sejam conduzidas ao longo do próximo ano. No dia 22 de setembro, os especialistas que trabalharão no caso passarão por um curso de nivelamento de procedimentos, com a participação das equipes forenses nacionais e internacionais.
Perus – A vala clandestina de Perus foi aberta em 1990. Nela, foram encontradas 1.049 ossadas, dentre as quais estariam os restos mortais de desaparecidos políticos da ditadura civil-militar, indigentes e vítimas de grupos de extermínio. Na primeira fase do trabalho de retomada da identificação das ossadas, serão investidos R$ 2,4 milhões. Este investimento será destinado à contração dos peritos e do aluguel do espaço que será utilizado os restos encontrados no Cemitério de Perus.
Retomada do Trabalho de Identificação dos Restos Mortais Resgatados da Vala Clandestina do Cemitério de Perus
Data: quinta-feira, 4 de setembro
Horário: 14 horas
Local: Plenário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo