“Socializar experiências de luta e aprofundar a compreensão sobre o direito à terra dos povos indígenas resistentes no contexto amazônico, para facilitar a articulação em torno de estratégias comuns” é o objetivo do Encontro dos Povos Indígenas Resistentes, que se realizará de 08 a 10 de agosto no Centro de Formação Xare – localizado no quilômetro 22, da rodovia BR-174 – ramal dos Padres, em Manaus, Estado do Amazonas. O Encontro tem como tema “A Luta Pela Terra” e reunirá indígenas dos Estados do Amazonas, Pará, Roraima, Mato Grosso e Acre.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) salienta que os povos denominados resistentes são aqueles em luta pelo reconhecimento étnico e territorial. Alguns dos quais eram considerados extintos, como os Sapará, de Roraima, e os Maraguá, do Amazonas – que habitam a região localizada nas margens do rio Abacaxis, no município de Nova Olinda do Norte. Em vários municípios do Amazonas, um grande número de comunidades não assumia a identidade indígena, mas era parte de povos conhecidos. Ao longo de muitos anos, a negação da identidade foi uma estratégia de sobrevivência em razão de massacres e do preconceito contra as populações indígenas.
Este é o terceiro encontro reunindo povos resistentes de diversas regiões do Brasil. O primeiro aconteceu em maio de 2003, com participação de mais de 90 lideranças indígenas de 47 povos, na cidade de Olinda (Pernambuco). O segundo aconteceu em agosto de 2013, em Alter do Chão, município de Santarém (Pará).
No primeiro evento, os participantes acentuaram que “a nossa presença vem sendo reafirmada a cada dia, principalmente por nossa capacidade de resistir a toda sorte de agressões e massacres impostos pelo Estado brasileiro ao longo de mais de 500 anos”, conforme trecho do documento final divulgado na ocasião. Os participantes também evocaram os termos da Convenção 169 para assegurar o direito à identidade.
No Encontro de agosto do ano passado, os participantes destacavam que “frequentemente, aqueles que têm a intenção de usurpar nossas terras utilizam os meios de comunicação social para dizerem que não somos indígenas e, assim, negarem nosso direito à terra. Várias de nossas lideranças estão ameaçadas de morte e a violência contra as nossas comunidades vem aumentando por causa da morosidade governamental na demarcação de nossas terras”. Tratava-se de uma alusão à ação de grupos anti-indígenas ligados ao agronegócio e aos ruralistas- protagonistas de inúmeros ataques contra os direitos indígenas nos últimos anos.
Este ano, as apresentações sobre as lutas pela garantia dos territórios e pelo reconhecimento étnico serão feitas por lideranças indígenas, indigenistas e especialistas da Universidade Federal do Amazonas.