No dia 22 de julho, um dos jornais locais mais lidos no Reino Unido publicou um artigo comparando uma acomodação estudantil superlotada em Birmingham com as “periferias do Terceiro Mundo”. Políticos locais comentaram que um dos distritos de Birmingham começava a parecer com uma “favela brasileira”. A área em questão foi também descrita como “abarrotada” e “coberta de lixo” como “quintais da Amazônia”. Apesar de a maioria dos jornalistas de língua inglesa que estavam no Brasil durante a intensa exposição midiática da Copa do Mundo terem traduzido a palavra “favela” para “slum”, esse tipo de jornalismo preguiçoso é especialmente surpreendente vindo do Birmingham Mail. Birmingham tem sua própria e original história habitacional: durante a Revolução Industrial, muitas das comunidades de trabalhadores da cidade viviam em complexos minúsculos e miseráveis, o que ainda existia nos centros urbanos da cidade em plena década de 1960.
Apesar do fato de Birmingham ter sua própria história obscura de cortiços, seus políticos escolheram usar o termo “favela” para descrever acomodações estudantis superlotadas. Seus jornalistas, por sua vez, escolheram propagar esses comentários que perpetuam o profundo e danoso estigma da favela. Esse é um grande exemplo da infiltração do estigma na representação midiática internacional das favelas. Favelas não são “slums” porque elas não incluem por definição as características dos assentamentos temporários, condições de vida cerceadas e insegurança no fornecimento de água. Elas muitas vezes começam nessas condições, mas vêm se tornando, ao longo das décadas e gerações, comunidades com numerosas qualidades. Na realidade, a caracterização que une todas as favelas é muito simples. Favelas são: (mais…)