Valdir Martins – Após uma luta histórica, no ano de 2002 o assentamento Nova Esperança tornou-se realidade. Desde então as famílias assentadas, entre elas a de Ovídio Ferreira Dias, construíram no local sua moradia e trabalho produtivo com a terra.
Ovídio esteve presente desde o primeiro momento da ocupação como liderança do MST e durante toda a árdua luta pela terra e sua legalização. Sua liderança é reconhecida por todos no assentamento e seu lote um dos mais produtivos.
Após dez anos de assentado passou a ser ameaçado de despejo com o processo de reintegração de posse promovido pelo INCRA em 2012 (0007554-68.2012.4.03.6103), levado a efeito com a justificativa de que sua cunhada e a assentada legal no lote, casou-se e foi morar com o companheiro em outro lote do mesmo assentamento, deixando a família de origem, que sempre residiu com ela, permanecer na parcela.
O processo referido desenrolou-se na justiça federal e foi feito um acordo para assentamento da filha de Ovídio, já que ele próprio não poderia ser assentado, devido ter sido anistiado político pela perseguição sofrida no período da ditadura militar e ser atualmente um militar reformado.
Mara Barauna, filha de Ovídio, consta da lista de classificadas da mesa de seleção do INCRA como apta a ser assentada, tendo sido apresentado um abaixo assinado das pessoas que estão em sua frente na classificação, concordando com que ela permanecesse no lote onde reside desde os oito anos de idade em companhia dos pais idosos, Ovídio está com 70 anos, e sua filha de 03 anos.
Pois bem, o acordo não foi cumprido e no dia 10 de junho de 2014, o companheiro Ovídio foi surpreendido às 04:00 horas da manhã pela presença da tropa de choque e da polícia federal, com cerca de 200 homens, para despejá-lo com a família.
A operação, assim como no Pinheirinho, ocorreu de forma covarde, depois de desmobilizar a resistência pelo acordo firmado. Na calada da madrugada e com aparato de guerra.
Surpreende que órgãos de um governo que se diz popular possam patrocinar tamanha conspiração contra uma família de trabalhadores rurais, inclusive esses que são militantes históricos de seu partido. Essa crueldade não pode prevalecer!
Repudiamos essa reintegração de posse e consideramos que houve uma verdadeira violação aos direitos humanos dos assentados. Seus pertences foram retirados e seus animais e plantações ficaram abandonados.
Exigimos que esta reintegração seja revertida!
Reivindicamos a terra para quem nela trabalha e produz!
Todo o apoio ao Companheiro Ovídio Ferreira Nunes e sua família!
Pedimos a todos que compartilham com nos essa luta que envie seu manifesto para a superintendente do incra: [email protected]