Traduzido e enviado para Combate Racismo Ambiental por Stéphen Bry, com o comentário: “Não acredito em coincidências! Pouco depois de ter lido a excelente entrevista de Tânia Bacelar de Araújo, encontrei um manifesto de estudantes em economia do Quebec, no Canadá. O que eles reivindicam, a pluralidade do ensino da economia, merece ter uma divulgação ampla e um apoio global. Afinal, nossa economia é global, é só globalmente que poderemos lutar contra ela. Por isso, traduzi para o português”. Petição dos Estudantes de Quebec Somos estudantes de economia dos três ciclos universitários e queremos através deste texto expressar nosso mal estar em relação ao ensino que recebemos. Esperamos suscitar uma reflexão sobre o futuro de nossa disciplina. Nós fizemos a escolha de estudar a economia com o objetivo de adquirir as ferramentas necessárias para entender e considerar de forma esclarecida os desafios econômicos de nosso tempo. No entanto, estamos frente a uma concepção na qual os modelos matemáticos substituem a compreensão dos fenômenos econômico em vez de os complementarem.A ciência econômica tal qual ela é vista nos cursos corresponde à visão dominante da economia, ‘ortodoxa’, que consideramos problemática por falta de contextualização e tende a se isolar de pelo menos três maneiras diferentes:
- Primeiro, a visão dominante se isola das outras correntes de pensamento e não deixa espaço à grande diversidade de paradigmas existentes: institucionalismo, marxismo, austríaco [?], ecológico, economia das convenções e muitos outros.
- Segundo, ela se isola da crítica, deixando pouco espaço às reflexões éticas, epistemológicas, filosóficas, políticas e históricas, que permitiriam refletir sobre a própria disciplina e assim se renovar continuamente.
- Terceiro, ela se isola das outras ciências sociais, como a sociologia ou a psicologia, com as quais ela compartilha o mesmo objeto de estudo, ou seja, o ser humano.
Esta crítica é muito pertinente frente a uma economia e um mercado de trabalho em constante evoluição. Neste contexto, esperamos de nossa formação mais do que só estarmos expostos ao consenso atual. Nós desejamos desenvolver nosso pensamento crítico, assim como nossas capacidades de análise e de argumentação, necessários para adaptar nossa visão às mudanças.
Chegamos à conclusão que é impossível que um paradigma econômico único possa nos permitir de entender todas as sutilezas essenciais para uma compreensão satisfatória dos fenômenos econômicos. Por isso reivindicamos uma abordagem pluralista do ensino da economia, o que permitirá quebrar o triplo isolamento que o caracteriza atualmente.Nós permanecemos apegados aos aspetos quantitativos de nossa formação, em particular a econometria, mas basear o ensino só nos aspetos quantitativos nos impede de entender as consequências na sua globalidade, de acordo com uma perspectiva holística.O ensino da economia deveria formar economistas dotados de uma grande cultura, capazes de levar em consideração o contexto histórico, institucional e os aspetos culturais nos quais o fenômenos econômicos ocorrem. Esta considerações não devem estar confinadas em aulas especializadas mas devem fazer parte do fundamento de todos cursos. Por esta razão, convidamos vocês a assinarem este manifesto e juntar sua voz ao movimento estudantil do Quebec por um ensino pluralista da economia.
Um abraço!
Para assinar, clique Pour un enseignement pluraliste de l’économie au Québec
Fiz uma pesquisa sobre a economia austriaca.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Escola_Austr%C3%ADaca