Será que o futuro Coordenador Municipal de Assuntos Indígenas de Campo Grande esteve presente na ‘Conferência’ ruralista?

Nito Nelson, cacique Guarani-Kaiowá (Foto: Wagner Guimarães e Roberto Okamura/ALMS)
Nito Nelson, cacique da Aldeia Água Bonita, na “Conferência” ruralista. Foto: Wagner Guimarães e Roberto Okamura – ALMS

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Com o título “Campo Grande terá Coordenadoria Indígena”, a Folha de Campo Grande noticia hoje, 12 de maio, declarações do prefeito Gilmar Olarte (PP), feitas na festa de 12º aniversário da Aldeia Água Bonita: vai [re?]criar a Coordenadoria Municipal dos Assuntos Indígenas, para “ampliar o atendimento das demandas por moradia, saúde, educação e infraestrutura nas comunidades, além de buscar financiamento federal para as obras”.

A matéria cita Gilmar Olarte – “A coordenadoria indígena facilita porque será possível mapear as necessidades mais urgentes” – e informa que já existem três nomes para o cargo, que será vinculado diretamente ao gabinete do prefeito: “dois de liderança terena e um guarani“. E acrescenta: “A nomeação está prevista para a durante esta semana”.

As aldeias da Capital que serão beneficiadas pela iniciativa, ainda de acordo com a notícia, são Darcy Ribeiro, no Noroeste, onde morariam 50 famílias, e Água Bonita, no Tarsila do Amaral, com 128 famílias.

Curiosamente, um dos indígenas presente à chamada “Conferência Estadual” montada pelos ruralistas na última sexta-feia, dia 9, foi o cacique Nito Nelson, da aldeia Água Bonita, guarani-kaiowá. E, contrariando as decisões da Grande Assembleia do Povo Terena, que na véspera lançara nota afirmando que “reafirmamos que eventual indígena que participar dessa audiência não estará respaldado na decisão dos conselhos dos povos indígenas. E qualquer pronunciamento individual não representa o posicionamento de nossas comunidades”, também estiveram presentes (ver AQUI) Marcio Justino, do Movimento Indígena Terena, e Danilo de Oliveira, presidente da chamada Associação Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas e também terena. Este último, elogiou inclusive a realização da “Conferência”, afirmando que: “Fiquei muito contente com o convite para participar deste fórum, que tem como objetivo promover a paz”.

Coincidência interessante: existem três nomes para o cargo, “dois de liderança terena e um guarani”! Será que por acaso algum deles esteve presente à “Conferência” ruralista? Já que “a nomeação está prevista para a durante esta semana”, será que o nome do Coordenador Municipal dos Assuntos Indígenas por acaso será um dos acima citados?

Agora: o mais curioso de tudo mesmo e que a matéria omite totalmente é o fato de que a Coordenadoria de Assuntos Indígenas de Campo Grande não só já existia, como tinha titular, até ontem!!!

Veja também

Blog Especial – Associação Estadual dos Direitos das Comunidades Indígenas do MS: caminhando de mãos dadas com a Famasul e o agronegócio

Comments (2)

  1. Não vou postar neste blog por motivos óbvios, mas quem estiver interessado em mais detalhes sobre personagens envolvidos nesta questão e como agem pode ler matéria escrita pela Assessoria de Comunicação da CNA e publicada Mato Grosso do Sul afora. O título é “Liderança indígena do Mato Grosso do Sul diz que “instabilidade no campo é total” e cobra ação da Funai”, e o link para ela, num dos saites em que está publicada, é http://www.cenariomt.com.br/noticia/359087/lideranca-indigena-do-mato-grosso-do-sul-diz-que-instabilidade-no-campo-e-total-e-cobra-acao-da-funai.html.

  2. OBS, LEIAM COM MUITA ATENÇÃO E TENTEM ENTENDER OS FOTOS URGENTE…
    Boa Noite a redatora que fez esta publicação, excelente a matéria bem colocados os pontos em vista da relação do movimento indígena em Campo Grande Capital do Estado do Mato Grosso do Sul e os companheiro que nunca apareceram e que agora estão aproveitando do momento para aparecerem sem mesmo terem uma relação de mobilização e ação com os Povos Indígenas e suas comunidades aqui na Capital. A matéria assinada por Tânia Pacheco não esta longe da realidade, mais eu pessoalmente gostaria de saber qual foi à fonte para estas informações que em determinado ponto se torna ridícula com varias perguntar sem respostas e colocações incabíveis sobre o que vem acontecendo dentro de um estágio político que a cidade passa no momento e que por vários motivos o próprio poder publico municipal vem atentando contra os Direitos Indígenas e sendo a favor das desarticulações do movimento indígena em Campo Grande (MS), e conforme vemos esta conseguindo. Eu como profissional da comunicação (MTE-1155/MS), acredito que para se fazer uma vinculação como esta é preciso ter uma apuração cuidadosamente e ter coerência dos fatos tratados, pois os meios de comunicação alternativos como este SITE Combate Racismo Ambiental tem a responsabilidade de trazer informações concretas e com fundamentos para a população e não da forma que foi colocada trazendo até um desconforto deixando muitas duvidas com perguntas sem respostas para as próprias comunidades.
    O Titulo da matéria diz assim: SERÁ QUE O FUTURO COORDENADOR MUNICIPAL DE ASSUNTOS INDÍGENAS DE CAMPO GRANDE ESTEVE PRESENTE NA ‘CONFERÊNCIA’ RURALISTA? Percebo que este texto esta parcial de forma que se posiciona sem o mínimo de querer saber o que esta acontecendo e sem mesmo propor articulações com Lideranças legitima que barre esta truculência que estão fazendo contra seus Direitos, vejo que de forma incorreta a matéria se posiciona e vem colocar os Patrícios de boa Fé um contra o outro, pois a verdadeira opinião sem duvida e da comunidade em questão e das lideranças que encabeça o Movimento Indígena na Cidade de Campo Grande.
    Entre outro parágrafo que descreve coisas sem fundamento, até então a devida apuração dos fatos e ainda é destacado no final do texto desta forma: Agora: o mais curioso de tudo mesmo e que a matéria omite totalmente é o fato de que a Coordenadoria de Assuntos Indígenas de Campo Grande não só já existia, como tinha titular, até ontem!!!
    Para inicio de conversa não existia COORDENADORIA alguma, o que na verdade faz parte do órgão publico municipal é simplesmente uma SUB-COORDENADORIA PARA ASSUNTOS INDÍGENAS, subordinada a um coordenador que pelo visto não conhece o mínimo de diretos Indígenas e muito menos conhece as comunidades em questão e que encheu a boca na hora que disse que o SUB-COORDENADOR que substituiu o anterior, foi indicado por ele porque era da sua confiança e que não deveria ser político e nem ter envolvimento político desta forma pouco se importou se a pessoa indicada tinha a confiança das comunidades em questão, até poderia ter mais o processo de nomeação começou totalmente errado indo contra os princípios dos Direitos Indígenas conforme diz a CF 88 em seus art. 231 e232 e na Conversão 169 da OIT que se bem interpretado entende-se sobre o Direito da consulta prévia aos Povos Indígenas quando envolve medidas legislativas e administrativa conforme o art. 6º “consultar os povos interessados, mediante procedimentos apropriados e, particularmente, através de suas instituições representativas…” no nosso caso o CMDDI – Lei Municipal Número 4.277/2005 cria o CONSELHO MUNICIPAL DOS DIREITOS E DEFESA DOS POVOS INDÍGENAS DE CAMPO GRANDE http://cmddicgms.blogspot.com.br/2011/02/lei-municipal-numero-42772005-que-criou.html . Esta Sub-coordenação citada foi criada com muita luta e insistência do Movimento Indígena junta com o Conselho Municipal de Direto e Defesa dos Povos Indígena CMDDI, em uma campanha que começou no final do ano de 2011, onde no inicio de 2012 inicio um processo de consultas as comunidades Indígenas da Capital e entre as reivindicações foi a de criação uma Secretaria Municipal Indígena, assim foi desenrolando até a criação desta SUB-COORDENAÇÃO na gestão do então Prefeito Alcides Bernal e tudo acontecia com aval do Conselho que é a estância maior das reivindicações e Defesa de Direitos de nosso POVO na Capital. Tudo estava acontecendo conforme o trabalho do Movimento e das Lideranças locais dentro das possíveis articulações políticas e sociais de nosso Povo, até a cassação do Prefeito Bernal, no dito absurdo golpe político que aconteceu aqui Capital. Uma coisa que é importante destacar, credito que as pessoas citadas nos texto não devam assumir cargo algum sem esta previa consulta citado acima e sem a posição dos Conselheiros do CMDDI que representam todas as comunidades e Povos que Vivem aqui sendo sete (7) etnias. A Coordenadoria Municipal para Assuntos Indígenas deve sim ser criada, pois vem de encontro com as reivindicações e foi prometido pelo atual Prefeito quando candidato a vice em sessão no CMDDI, e que o intuito da mesma seja respeitado e que venha viabilizar ação de acordo com a demanda e necessidade e realizar projetos e obras que garantam qualidade vida nas comunidades representadas por varias etnias que vieram na Capital.

    Esta matéria me parece que foi redigida por pessoa que não tem o mínimo de senso com seu Povo, até parece que esta lutando contra seus Patrícios e pelo poder de comando, ou até mesmo possa estar dizendo nas frases citados coisa incabíveis por ter perdido algo que não soube administrar e por não ter o mínimo de sabedoria para conduzir uma nação. Neste momento o que prevalece é a nossa união e agregarmos forças para não deixar os políticos da vez fazerem com que o movimento indígenas da capital se destrua por conta de disputa de poder é o que eles quere é o que esta acontecendo…

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.