Operação destrói balsas usadas no garimpo em área Yanomami, em RR

Balsas foram destruídas e afundadas (Foto: Divulgação: Funai/Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Yekuana)
Balsas foram destruídas e afundadas (Foto: Divulgação: Funai/Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Yekuana)

Ação para combater garimpo teve apoio das Polícias Federal e Militar. Operação ocorreu a 130 quilômetros às margens do rio Uraricoera

Marcelo Marques – Do G1 RR

A operação ‘Korekorema’ iniciada na última quinta-feira (6), em Roraima, para combater o garimpo ilegal na reserva indígena Yanomami, destruiu 20 balsas e uma pista clandestina para pouso e decolagem de aviões. A ação se concentrou no município de Amajari, onde foi construída a base de estratégia, às margens do rio Uraricoera, localizado a 150 quilômetros ao norte de Boa Vista. No território, vivem 25 mil índios.

Polícia Federal, Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa), Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) e Força Tática da Polícia Militar, servidores da Funai, além de indígenas Yanomami, que foram guias no trajeto, participaram da operação ‘Korekorema’, que significa ‘panela velha’ no idioma Yanomami.

De acordo com João Catalano, coordenador da Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami e Ye’kuana (FPEYY),  uma base para pôr em prática a ação foi montada por causa da dificuldade de se fazer fiscalização no rio Uraricoera.

“Um centro de apoio foi instalado para fazermos o planejamento. Na última operação da qual participamos, havia 60 balsas. Esse número foi reduzido, em razão de outras operações já realizadas, para 25 balsas que encontramos nessa última ação. Todas foram destruídas e afundadas, o que já estava previsto”, esclareceu Catalano.

De acordo com ele, uma pista foi destruída pela segunda vez e um buraco de quatro metros de profundidade foi cavado à mão. Dessa forma, os garimpeiros ficarão sem suprimentos.

“Alguns que ainda estão escondidos lá [reserva indígena] vão se entregar. Eles teriam até o dia 15 de janeiro deste ano para sair pacificamente. Quem for encontrado com material de garimpo ou praticando atividades ilícitas na terra indígena será autuado, preso e encaminhado à Polícia Federal”, assegurou, acrescentando que, até o momento, ninguém foi detido.

Garimpeiros abandonaram reserva Yanomami após chegada das equipes (Divulgação: Funai/Frente de Proteção Etnoambiental Yanomami Yekuana)
Garimpeiros abandonaram reserva
Yanomami após chegada das equipes
(Divulgação: Funai/Frente de Proteção
Etnoambiental Yanomami Yekuana)

“Nosso objetivo não era prender ninguém. Nós íamos à área indígena para resgatar os garimpeiros, pois muitos são enganados, o que acaba configurando um trabalho análogo ao de escravo.

Quem recebeu o nosso ‘recado’ saiu da terra indígena”, afirmou. Catalano acredita que a maioria dos garimpeiros abandonou a reserva indígena, mas antes de deixar o local, o grupo escondeu o restante dos maquinários para extração do ouro.

Parte do garimpo desativado
Ele disse ainda que no local onde ocorreu a operação não há mais exploração de garimpo.

“Da base que montamos no rio Uraricoera até a cachoeira Wakais, que fica a 130 quilômetros do nosso ponto de apoio, conseguimos desativar essa atividade ilegal com o suporte das Polícias Federal e Militar que disponibilizaram efetivo durante dois anos. Mas continuaremos agindo em conjunto. Não podemos afirmar que o garimpo na área Yanomami acabou”, disse.

Ele ressaltou que o garimpo ilegal vai além da questão indígena. O  meio ambiente sofre. “Assoreamento é uma consequência que afeta diretamente o rio. Os índios reclamam que não dá mais para tomar água e os peixes estão morrendo devido ao uso do mercúrio.

Ano passado, foram realizadas quatro operações para combater a garimpagem, inclusive com prisões e explosões de pistas.

Polícia Militar
Pelo menos 12 policiais militares estão participando da ‘Korekorema’, de acordo a assessoria da instituição. Ainda de acordo com a PM, a operação deve durar 30 dias e será dividida em duas turmas. Oito aeronaves foram disponibilizadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) para dar apoio aos policiais, que foram solicitados pela Funai e autorizados pelo governo do estado.

Segundo o coronel Edison Prola, comandante-geral da PM, durante a missão os policiais também devem promover a reocupação de uma base da Funai tomada por garimpeiros na região do Apiaú.

“Mesmo se tratando de um órgão federal e em uma situação em que a atuação seria do Exército ou da Polícia Federal, a Funai nos solicitou”, disse.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.