Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental
O Ministério da Saúde publicou finalmente no Diário Oficial da União (DOU) o resultado da licitação realizada pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para selecionar as entidades responsáveis pela operacionalização das ações complementares ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS), ao longo de 2014.
Confirmando a expectativa das pessoas preocupadas com a questão, apesar das inúmeras denúncias (ver links para outras notícias no final), tanto de povos indígenas como do Ministério Público Federal, os DSEIS continuarão nas mãos (?) das mesmas três empresas: Missão Evangélica Caiuá, Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP). Na verdade, há uma sutil diferença: o IMIP aparece na notícia publicada com uma outra razão social – Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira. Uma rápida ida ao google mostra, entretanto, que os dois institutos convivem no mesmo endereço, além de dividirem a mesma sigla. A ‘correlação de forças’ também parece continuar a mesma: dos 34 Distritos, a Missão Evangélica Caiuá continuará dominando 19; a SPDM, nove; e o IMIP, seis.
Para o médico e especialista em saúde indígena Paulo Daniel, “Talvez o mais grave disto tudo seja a forma como este processo foi conduzido pela SESAI, sem nenhuma consulta aos Conselhos Distritais de Saúde como determinam a Política Nacional de Saúde indígena e a Lei Orgânica do SUS. Este episódio demonstra de forma inequívoca o total desrespeito da atual gestão da SESAI pelo controle social e pela autonomia administrativa dos Distritos Sanitários Indígenas, além de colocar novamente nas mãos de convênios altamente precarizados (e já denunciados pelo TCU e MPT) um montante de recursos que devem ultrapassar os 500 milhões de reais no ano de 2014”.
Segundo a notícia postada no Portal da Saúde, os DSEIS continuarão divididos da seguinte forma:
Missão Evangélica Caiuá: Alto Rio Juruá, Alto Rio Negro, Alto Rio Purus, Alto Rio Solimões, Casai/DF, Interior Sul, Leste de Roraima, Litoral Sul, Manaus, Mato Grosso do Sul, Médio Rio Purus, Médio Rio Solimões, Minas Gerais/Espírito Santo, Parintins, Porto Velho, Vale do Javari, Tocantins, Vilhena e Yanomami;
Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM): Altamira, Araguaia, Cuiabá, Guamá-Tocatins, Kayapó Mato Grosso, Kayapó do Pará, Tapajós, Xavante e Xingu; e
Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (IMIP): Alagoas/Sergipe, Pernambuco, Ceará, Bahia, Potiguara e Maranhão.
–
Saiba mais (três notícias entre outras):
Talvez o mais grave disto tudo seja a forma como este processo foi conduzido pela SESAI, sem nenhuma consulta aos Conselhos Distritais de Saúde como determina a Política Nacional de Saúde indígena e a Lei Orgânica do SUS. Este episódio demonstra de forma inequívoca o total desrespeito da atual gestão da SESAI pelo controle social e pela autonomia administrativa dos Distritos Sanitários Indígenas, além de colocar novamente nas mãos de convênios altamente precarizados (e já denunciados pelo TCU e MPT) um montante de recursos que devem ultrapassar os 500 milhões de reais no ano de 2014.