Novela que retratou as tradições de matriz africana recebe prêmio nos EUA

Lázaro Ramos afirmou que o reconhecimento ajudaria a emissora a perceber como os negros querem ser vistos na televisão brasileira
Lázaro Ramos afirmou que o reconhecimento ajudaria a emissora a perceber como os negros querem ser vistos na televisão brasileira

SEPPIR“Lado a Lado”, exibida pela Rede Globo, em 2012, recebeu sua primeira homenagem da SEPPIR, durante as comemorações de dez anos de criação da Secretaria, em março. Na ocasião, o ator Lázaro Ramos afirmou que o reconhecimento ajudaria a emissora a perceber como os negros querem ser vistos na televisão brasileira

A novela “Lado a Lado”, exibida pela Rede Globo, em 2012, venceu a 41ª edição do International Emmy Awards, como o melhor folhetim da tevê mundial. A cerimônia de gala aconteceu nesta segunda-feira, 25, em Nova York, nos Estados Unidos e é considerada o Oscar da televisão.

Em março deste ano, quando a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) comemorou dez anos de criação, os autores e o elenco da novela receberam sua primeira homenagem nas pessoas do escritor João Ximenes e dos artistas Lázaro Ramos e Zezeh Barbosa, agraciados com uma placa.  (mais…)

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Militantes protestam, mas votação do Marco Civil da Internet segue sem acordo

Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil

Segundo Alessandro Molon (PT-RJ), ponto nevrálgico para o entendimento continua sendo as posições divergentes sobre o princípio da neutralidade da rede

Najla Passos – Carta Maior

Brasília – Representantes de mais de dez entidades que defendem a democratização da mídia e parlamentares solidários à causa realizaram nesta quarta (26), na Câmara, mais um ato público pela aprovação do novo marco civil da internet, que tranca a pauta de votações da casa há um mês. Os líderes dos partidos, porém, decidiram adiar mais uma vez a votação, já que ainda não firmaram acordo sobre o mérito da matéria, que tramita na Câmara há dois anos.

O projeto, de autoria do governo, foi construído com ampla participação dos movimentos sociais e, por isso, recebe o apoio até mesmo de partidos da oposição, como o PSOL. Contraditoriamente, a oposição mais ferrenha parte do principal partido da base aliada, o PMDB, cujo líder, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), personificou a defesa dos interesses das teles. (mais…)

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Que tal combater os homicídios mudando o conceito do que seja assassinato?, por Leonardo Sakamoto

Leonardo Sakamoto

Encontrei, dia desses, uma manchinha escura na mão. Não, não é pereba ou algo do gênero. É marca do tempo ou, como ouvi uma vez minha avó reclamar, “tatuagem da velhice”. Daí, uma amiga sugeriu que eu usasse uns creminhos para dar uma guaribada no visual.

Poderia também tingir os cabelos brancos – que surgiram como testemunhas e hoje se juntaram em hordas a apavorar a maioria. Mas nada mudaria o fato de que estou ficando mais velho. Todos têm o direito de fazer o que quiser com sua aparência, mas – como já disse aqui – o meu conceito de envelhecer com dignidade inclui encarar de frente as metamorfoses do meu corpo. Afinal de contas, a mancha não é acidente. É vida mesmo.

Gostamos de fugir da natureza de nossos problemas, maquiando-os. No Congresso Nacional, jogando a realidade para baixo do tapete. Reescreve-se a bíblia trocando-se Jesus por Eduardo. Ou, ao contrário, avisam que apenas estão revisando de leve o texto bíblico e, de repente, Noé surge na Última Ceia. (mais…)

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Marcados para morrer

indios guaranis_survivalAdital – No 30º aniversário do assassinato do índio guarani Marçal de Souza Tupã-i, líder da luta de seu povo para conseguir o direito de posse de seus territórios, a organização Survival International apresenta dados preocupantes que mostram o alcance da violência que sofrem os índios guaranis do Brasil. De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a maioria dos indígenas assassinados no Brasil é da etnia guarani.

Em 2012, a taxa de assassinatos entre guaranis foi quatro vezes maior que o índice nacional de homicídios no Brasil, que já é por si só um dos mais elevados do mundo. A taxa nacional de homicídios no Brasil em 2012 foi de 25,8 por 100 mil habitantes. Segundo o Cimi, 34 guarani no Estado do Mato Grosso do Sul foram assassinados em 2012, de uma população de 31 mil.

Atualmente, os guaranis continuam sendo vítimas da violência e dos ataques de pistoleiros, na tentativa de reocupar suas terras ancestrais, que foram usurpadas para a construção de fazendas e plantações de cana-de–açúcar. Apesar das obrigações nacionais e internacionais, as terras não foram devolvidas aos indígenas. (mais…)

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Ação Urgente: Famílias desabrigadas após despejo e ameaças de homens armados no Maranhão

Maranhão, segundo maior índice de violência no campo entre os Estados brasileiros Foto: Agência Brasil
Maranhão, segundo maior índice de violência no campo entre os Estados brasileiros
Foto: Agência Brasil

Sessenta famílias de duas comunidades rurais no estado do Maranhão ficaram desabrigadas e sem terra após serem despejadas pela polícia. A comunidade Campo do Bandeira foi ameaçada e intimidada por homens armados que rondam a área. Quatro lideranças foram juradas de morte

Anistia Internacional – No dia 13 de novembro, 45 famílias da comunidade Campo do Bandeira e 15 famílias da comunidade Arame foram despejadas e deixadas desabrigadas e sem terra depois do cumprimento de medida liminar de Reintegração de Posse. As autoridades do estado do Maranhão não deram notificação adequada às famílias, que tiveram que deixar suas casas e terras apesar de apelação pendente das comunidades e do Instituto de Colonização e Terras do Maranhão (ITERMA) contra a ordem de despejo. Outras salvaguardas, incluindo oportunidades de consulta genuínas com as pessoas afetadas, também não foram postas em prática antes dos despejos. As famílias não tinham para onde ir e ficaram abrigadas na sede municipal da União dos Trabalhadores Rurais de Alto Alegre. (mais…)

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Ensino da cultura negra ainda sofre resistência nas escolas

pastor-deputado-lei-10639-home-siteCENPAHEmbora metade da população brasileira se identifique como preta ou parda, a história das raízes africanas do Brasil ainda é tema pouco tratado nas salas de aula. Promulgada há dez anos, a lei 10.639, que determina o ensino da cultura afro-brasileira, esbarra na falta de capacitação dos professores e até no racismo velado que permeia a sociedade, segundo apurou a reportagem da BBC Brasil. Mas há avanços.

Revista Afro Bahia – Hoje com 19 anos, Michael Sodré é mais um estudante tenso com as provas do vestibular. Nos primeiros anos do colégio, no entanto, o motivo de tensão era outro. Único garoto negro em sua sala de aula, em um famoso colégio de elite na zona sul do Rio de Janeiro, o menino era alvo frequente de bullying por parte dos colegas.

“Chamavam ele de Bombril por causa do cabelo”, disse a mãe adotiva, Celina Sodré. Em uma conversa dura com a coordenadora da escola, o diálogo acabou em uma recomendação insólita: “Ela simplesmente me disse que a solução do problema era que meu filho fosse estudar na escola pública, porque aí ele saberia onde era o seu lugar”. (mais…)

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SE – Quatro minutos de violência contra ocupação Nossa Senhora do Carmo, em Carmópolis

Ação de reintegração de posse efetuada por 400 policiais contra uma população pobre que reivindica o seu direito a moradia. Acontece em diversos lugares, quase todo dia nas periferias. Mas esse exemplo aconteceu em Carmópolis, Sergipe, na Ocupação Nossa Senhora do Carmo, contra famílias que apenas reivindicavam moradia e terra livre!

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Thiago Lucas.

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Eliane Brum: Dois Josés e um Amarildo [ótimo!]

pedreiro-amarildo-de-souzaEm seu gesto e na sua reivindicação, José Genoino e José Dirceu demonstraram não compreender o Brasil dos protestos: desde que as manifestações tomaram as ruas, presos políticos são os comuns

Por Eliane Brum*, em EL PAÍS Brasil

Havia algo de melancólico no braço erguido dos dois Josés, Genoino e Dirceu, ao serem presos por corrupção. E na afirmação: “Sou preso político”. O punho cerrado é o gesto de resistência de uma geração que lutou contra a ditadura, pegou em armas, foi presa, torturada e assumiu o poder na redemocratização do país. É também o gesto que não mais encontra destinatário para além de seus pares e de parte da militância do PT. É, principalmente, o gesto que não ecoa na juventude que se tornou protagonista dos protestos que mudaram o país. No Brasil que reconheceu Amarildo, o pedreiro, como mártir da democracia, a evocação vinda de José Genoino e de José Dirceu para ocupar esse lugar não encontra ressonância. Desde as manifestações de junho, os presos políticos são os comuns. Para um partido tão hábil em esgrimir simbologias, não compreender o Brasil forjado no ano que não terminou é uma tragédia talvez maior do que a prisão por corrupção de duas de suas estrelas históricas.

Mártir político é Amarildo de Souza. Favelado, negro, analfabeto, 43 anos, o ajudante de pedreiro conhecido como “boi” pela sua capacidade de carregar sacas de cimento desapareceu em 14 de julho ao ser levado a uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, no Rio de Janeiro. Amarildo, o homem comum vítima da política de criminalizar, torturar e executar os pobres. Uma política que atravessa a história do Brasil, persiste na redemocratização e se manteve nos governos de Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Não era o primeiro a desaparecer depois de entrar num posto policial, não foi o último. Mas, pela primeira vez, um homem comum, carregando em si todas as marcas da abissal desigualdade do Brasil, foi reconhecido como um desaparecido político da democracia, lugar destinado a ele pela convulsão das ruas. Esta pode ter sido a maior transformação colocada em curso pelos protestos.

Pela primeira vez, um homem comum,
carregando em si todas as marcas da abissal desigualdade do Brasil,
foi reconhecido como um desaparecido político da democracia

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