O sertão vai virar barragem (carvão, papel, álcool e ração)!

árvore na igreja

Por Makely Ka

Estive mais uma vez no sertão de Minas. Pedalei entre Buritizeiro e Paredão, na região noroeste, pelo lado esquerdo do Rio São Francisco. Desta vez, fui acompanhado dos fotógrafos e cinegrafistas Davi Fuzzari e Marco Antonio Gonçalves, da Laboratório Filmes, que estão fazendo um documentário sobre o projeto “Cavalo Motor”.

No primeiro dia dormimos em Buritizeiro, na Pousada Portal do Sertão. Saímos pela manhã a caminho de Barra do Guaicuí para fotografar e registrar o encontro do Rio das Velhas com o São Francisco. De lá pegamos a estrada no sentido de São Romão. Começamos a pedalar no início da estrada de terra. Passamos pelo vilarejo de Xupé e dormimos numa vereda no meio do caminho. (mais…)

Ler Mais

Violência tira 1,73 ano de vida de negros

Valor é mais que o dobro da perda dos homens brancos, segundo o Ipea; a cada 3 homicídios no País, em 2 a vítima é negra

Lisandra Paraguassu – O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA – A expectativa de vida de um homem negro no Brasil é 1,73 ano menor do que deveria ser por causa da violência – o valor é mais do que o dobro da perda dos homens brancos. Os dados, levantados pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostram que, a cada três homicídios no Brasil, em dois a vítima é negra.

Para além das causas socioeconômicas, a maior razão das mortes violentas dos negros, diz a pesquisa, é o racismo. Informações sobre mortalidade do Censo 2012, usadas pelos pesquisadores, mostram que a taxa de mortes violentas entre os negros é de 36 mortes por 100 mil. Entre os não negros, de 15,2. A principal conclusão da pesquisa é que a cor aumenta a vulnerabilidade dos negros, que correm 8% mais riscos de se tornarem vítimas de homicídio do que um homem branco, ainda que nas mesmas condições de escolaridade e características socioeconômicas. (mais…)

Ler Mais

Lei de Cotas ajuda a quebrar mito da democracia racial, diz pesquisadora

Para pesquisadora, cota exige "real democratização" da universidade
Para pesquisadora, cota exige “real democratização” da universidade

Cristiane Capuchinho
Do UOL, em São Paulo

A Lei de Cotas ajuda a quebrar o mito da democracia racial. Essa é a avaliação de Eugenia Portela Siqueira, pesquisadora da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados). Para a professora, a implementação da política afirmativa reconhece a existência do preconceito racial na sociedade e a necessidade de fortalecer a identidade do negro e do indígena.

Eugenia estuda as relações étnico-raciais na educação. No seu doutorado, a professora acompanhou 31 alunos cotistas do Prouni (programa federal de bolsas em universidades privadas). Em seus depoimentos, os estudantes contavam casos de discriminação racial e social sofridos dentro do ambiente acadêmico e do mercado de trabalho.

“A presença do negro e do indígena na universidade ainda causa impacto”, garante a professora que acredita que o desafio das universidades é o de reafirmar a identidade étnica dos estudantes e aproveitar o momento de troca de experiências para combater o preconceito na sociedade.  (mais…)

Ler Mais

Vítima de racismo enfrenta barreira para denunciar agressor

Fábio Lira, 33, procurou a delegacia, mas os policiais se recusaram a tipificar o crime como racismo
Fábio Lira, 33, procurou a delegacia, mas os policiais se recusaram a tipificar o crime como racismo

Maíra Azevedo – A Tarde Online

Desde 1989 que a prática de racismo é crime no Brasil. Conforme a Lei Federal nº 7.716/89, conhecida como Lei Caó – em homenagem ao seu autor, o ex-deputado Carlos Alberto Oliveira dos Santos -, quem for pego ao cometer ato racista pode ser preso por até cinco anos e será obrigado a pagar multa, definida pelo juiz.

Ainda que seja um crime inafiançável (não pode ser relaxado a favor de quem comete o ato) e imprescritível (quem cometeu o delito pode ser preso a qualquer tempo, mesmo que se passem anos), levar casos de racismo adiante requer paciência e conhecimento jurídico.

O músico Fábio Lira, de 33 anos, sabe muito bem disso, após ter sido discriminado em um grande shopping de Salvador, ao ser xingado por outro cliente de “preto, f… e cabelo rasta podre”. (mais…)

Ler Mais

CPT, CEBRASPO e ABRAPO: Nota Pública sobre o Conflito Agrário em Rio Pardo/RO

Em virtude das informações divulgadas por diversos sites, intitulada “Comissão de Direitos Humanos visita manifestantes de Rio Pardo e esquecem de visitar policiais vítimas”, a Comissão Pastoral da Terra – CPT/RO, o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos – CEBRASPO e a Associação Brasileira de Advogados do Povo – ABRAPO (Seção Brasileira da Associação Internacional dos Advogados do Povo – IAPL, com sede na Holanda) têm a esclarecer:

1) As organizações signatárias desta nota souberam de informações desencontradas pelos meios de comunicação de conflito agrário que resultou na morte de um policial na localidade de Rio Pardo.

2) No dia 14 de novembro de 2013, no “Seminário sobre Lutas Sociais e presos políticos do Brasil de ontem e de hoje” obtivemos informações mais precisas sobre o conflito, através de representante da localidade que denunciou diversos abusos das autoridades policiais.

3) No dia 15 de novembro, advogados de ambas as entidades realizaram uma visita aos 10 camponeses presos durante o conflito e ouviram seus relatos.

4) Em que pese a divulgação sensacionalista de alguns veículos de comunicação, buscamos informações de feridos ou mortos no hospital de Buritis e estes relataram que apenas deu-se entrada do policial já em óbito e que em Buritis e municípios vizinhos a informação era de que não havia dado entrada em outros feridos; (mais…)

Ler Mais

Quilombo sobrevive em meio a uma das áreas mais caras do Rio

sacopã 2
 Fotos: Mauro Pimentel / Terra

Por Paula Bianchi, em Notícias Terra

O número 250 da rua Sacopã, no bairro Lagoa, uma das regiões mais valorizadas do Rio de Janeiro, contrasta com a opulência dos vizinhos –  um sem fim de condomínios e casas luxuosas. O portão simples, cercado de árvores, dá acesso a um terreno de 18 mil metros quadrados de área verde preservada com vista privilegiada para o Cristo e para a Lagoa Rodrigo de Freitas. Lá, sete famílias de descendentes de escravos lutam desde os anos 70 pelo direito de permanecer no local, avaliado em R$ 160 milhões.

Reconhecidos pela Fundação Palmares desde 2004, tornando-se o primeiro quilombo urbano oficial do País, os 26 moradores que formam a família Pinto aguardam a titulação do local como área quilombola pela União para encerrar a série de conflitos que enfrentam desde que se instalaram na região, em meados de 1940. (mais…)

Ler Mais

Quem é a Comunidade Negra de Invernada Paiol de Telha, cujo futuro será julgado dia 28

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

Ontem publicamos a matéria TRF4 marca para 28 de novembro o julgamento sobre a titulação da comunidade quilombola Paiol de Telha, do PR, da Terra de Direitos, informando inclusive a importância que a decisão que vier a ser tomada poderá ter não só para ela como, ainda, para todos os Quilombos do País. Em termos de jurisprudência, o caso envolve a própria constitucionalidade do Decreto Federal 4887/03, que trata da titulação de territórios quilombolas e vem sendo questionando pelos ruralistas via ADI 3239, no STF.

O vídeo acima, de 1997, mostra a comunidade acampada à beira da estrada, expulsa mais uma vez de suas terras pelas ameaças dos jagunços e por uma justiça inominável. Há uma interessante síntese da história do quilombo, desde o momento em que as terras foram doadas a seus ascendentes até o momento então vivido, com fortes depoimentos de alguns de seus membros. São 10 minutos que merecem ser vistos, inclusive para nos informar sobre o significado que tem para eles o julgamento do dia 28.

Ler Mais

Reflexões em tempos de Semana da Consciência Negra

casal de verlhos negros 1889Por Clarissa Lima

Esta foto foi tirada em 1889, na capital, um ano após a abolição da escravatura. Para mim, ela simboliza o Amor e a Resistência. São dois pretos velhos, sentados em frente ao seu barraco, sem nenhuma perspectiva de futuro, segurando firme um na mão do outro como quem diz: “Estamos juntos nessa!”

Esse casal estava entre os milhares de negros libertos que se espalharam pela cidade sem ter para onde ir, que foram se virando como podiam, trabalhando em subempregos, trocando serviços por prato de comida. O inconsciente coletivo de subserviência deixado pela escravidão fez com que muitos brancos e negros achassem que as coisas deveriam permanecer assim. Isso somado ao total descaso do governo e a falta de políticas públicas adequadas acabou gerando três problemas crônicos que persistem 124 anos depois: preconceito, discriminação e desigualdade social.  (mais…)

Ler Mais