Estudantes e professores mantém a demanda de que o sistema educacional privado, criado sob o regime de Pinochet, seja desmontado e reformado.
Jon Squeally, para Common Dreams, em Carta Maior
Mais de 50 mil estudantes, professores sindicalizados e ativistas sociais tomaram as ruas de Santiago, no Chile, na quinta-feira, para exigir reformas drásticas no sistema de educação, em face das eleições presidenciais que acontecem mês que vem.
O movimento por reformas na educação, que demanda a volta do controle público sobre escolas e universidades e “educação gratuita”, tem sido uma voz de crescente importância na política do Chile nos anos mais recentes, com grandes protestos de rua e oposição organizada ao governo conservador do presidente Sebastián Piñera.
Na quinta-feira, de acordo com o Santiago Times, o ato liderado pelos estudantes ganhou força para “mandar uma mensagem para o próximo governo” e prometeu que o movimento iria continuar até que suas demandas tenham respostas na forma de mudanças efetivas na política.
“Não tem como essa comoção social parar ano que vem”, disse Moisés Paredes, em nome da Cones, a associação de estudantes do equivalente ao segundo grau.
“A mensagem que queremos passar para o próximo governo é que ele não pode fingir que não vai haver atos ano que vem, que está tudo resolvido, que tudo pode ser resolvido com os debates em torno de seu programa de educação”, disse Paredes ao Santiago Times. “Pelo contrário, é fundamental compreender que ano que vem o movimento estará mais presente ainda”.
O Santiago Times prosseguiu:
“A educação tem sido central nos debates presidenciais, e os estudantes creditam o sucesso do movimento ao fato de ter forçado um debate sobre o sistema atual.
Enquanto os protestos dos estudantes e suas demandas por educação gratuita e o fim da procura pelo lucro nessa área tenham sido ignorados pelo governo de direita da coalizão Alianza, a maioria dos nove candidatos a presidente se coloca a favor de mudanças no sistema educacional, em diferentes níveis”.
E o Global Post acrescentou:
“Líderes do movimento estudantil pediram aos candidatos a presidente na eleição de 17 de novembro para que informem suas propostas específicas na área da educação.”
Os dois candidatos favoritos, a ex-presidente de centro-esquerda Michelle Bachelet e a direitista Evelyn Matthei se limitaram, até agora, a conjecturas vagas, de acordo com Diego Vela, presidente da federação dos estudantes da Universidade Católica.
Matthei parece querer “aprofundar” o atual modelo, disse Vela, acrescentando que, ainda que Bachelet, que governou entre 2006 e 2010, tenha dito coisas mais positivas, ela ainda precisa apresentar propostas mais concretas.
Independente de quem seja presidente, os estudantes vão continuar agitando até alcançarem seus objetivos, diz Vela.
Pinochet, que liderou o sangrento 11 de setembro de 1973, em um golpe que derrubou o presidente eleito Salvador Allende, buscou sempre um fundamentalismo de livre mercado e privatizações durante seu governo repressor que durou 17 anos.
Ele refez o sistema educacional chileno em 1981, acabando com o suporte público de escolas e repassando para os municípios o controle sobre como gastar os parcos recursos que vinham de Santiago.
As escolas privadas tiveram um boom durante o regime militar e a tendência se manteve depois da volta da democracia, em 1990.
Tradução de Rodrigo Mendes.