Desde a madrugada desta quinta-feira, 17, cerca de 350 famílias atingidas pelas usinas hidrelétricas de Santo Antônio, Jirau e Samuel, em Rondônia, bloquearam as duas entradas de acesso da usina, na Estrada do Santo Antônio e na BR 364, no sentido Jaci-Paraná. A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas dos Trabalhadores, que em Rondônia reivindica os direitos das populações atingidas por barragens e o cancelamento do leilão do campo de Libra.
Assim como em Rondônia, em todo o país as famílias atingidas por barragens estão mobilizadas pela instituição da Política Nacional de Direitos das Populações Atingidas por Barragens (PNAB). “Aqui em Rondônia queremos que os direitos dos atingidos sejam garantidos. Tem mil famílias que há mais de 30 anos esperam pelo reassentamento, como no caso dos atingidos por Samuel. Queremos também que os pescadores, remanejados e demais atingidos pelas barragens de Santo Antônio e Jirau tenham suas condições de sustento e geração de renda restabelecidas pelas empresas construtoras das barragens”, disse Océlio Muniz, da coordenação do MAB. As famílias que o coordenador se refere já são cadastradas no Incra, mas até agora não foram reassentadas.
Os atingidos também são contra o aumento da cota do reservatório da usina de Santo Antônio. Eles argumentam que mais famílias nas comunidades de Joana D’Arc, Morrinhos, Santa Rita, Jaci Paraná, entre outras, serão ainda mais prejudicadas com a elevação da cota. “Repudiamos qualquer ação da empresa sem respeitar o direito de consulta prévia às populações atingidas”, declarou Océlio, que complementa: “Além disso, queremos que a Santo Antônio Energia se responsabilize pelas famílias atingidas na comunidade Joana D’Arc. Exigimos reassentamento em condições adequadas para aqueles que saírem e um Plano de Desenvolvimento e Reestruturação para os que ficarem no assentamento”, finaliza.
Atingidos contra a privatização do pré-sal e pelo acesso à energia elétrica
Os atingidos também estão pautando a não privatização das áreas do pré-sal, no campo de Libra, que está marcado para o próximo dia 21. Ainda na área de energia, os manifestantes reivindicam que a energia gerada em Rondônia esteja à serviço da população. São pelo menos 20 mil famílias rondonienses sem energia elétrica no campo e na floresta. Eles denunciam que há mais de 30 anos muitas famílias atingidas pela usina hidrelétrica de Samuel não têm acesso à energia, até mesmo aquelas que moram em ilhas dentro do lago da barragem.
O ato é organizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com a participação do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, dos Trabalhadores do Transporte e da Madeira de Porto Velho.
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