MS – Indígenas terena denunciam preconceito sofrido em restaurante de Miranda

Aliny Mary Dias, Campo Grande News

Um grupo de cinco índios terena da mesma família denuncia um episódio de preconceito ocorrido no fim da tarde de ontem (14), no restaurante Zero Hora, localizado na BR-262 a cinco quilômetros de Miranda.

Os indígenas alegam que a ação por parte dos funcionários do restaurante foi motivada pelas ocupações de cerca de 370 hectares da região. Mais de 300 índios das aldeias de Miranda participam da retomada de terras que começou na última semana.

Zuleica Tiago, de 24 anos, é indígena e trabalha como enfermeira na Aldeia Água Branca em Aquidauana, a 135 quilômetros de Campo Grande. Ela explica que foi em companhia do pai e de outros parentes visitar os indígenas que participam da retomada em Miranda.

Na volta, Zuleica conta que foi com a família no restaurante para fazer uma refeição antes de voltar para Aquidauana. Enquanto terminavam de comer, um dos garçons do estabelecimento disse que o restaurante iria “parar de atender os índios”.

“Meu pai estava caracterizado e nós só fomos lá para comer porque passamos o dia na retomada. Quando o garçom disse que não iria mais nos atender, eu fiquei revoltada e pedi para falar com o gerente”, conta a terena.

A justificativa repassada pelo gerente aos indígenas foi que o atendimento não seria mais feito em razão dos donos do local. “O gerente disse que era ordem da chefia e que iria parar de atender a gente”.

Revoltados com a situação, os indígenas ainda questionaram a ação dos funcionários, mas resolveram ir embora para evitar confusão maior. “Foi uma humilhação e um ato de preconceito. Nós temos certeza que isso aconteceu por causa da retomada das terras de Miranda”, completa Zuleica.

A reportagem do Campo Grande News entrou em contato com o restaurante Zero Hora e foi informada que o gerente do estabelecimento é o único autorizado a falar sobre o caso. No entanto, o funcionário não estava no local e nenhum número de celular pôde ser repassado à reportagem.

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